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sábado, 21 de maio de 2016

Links da Semana #8

Bleed The Pigs

E chegamos a oito edições ininterruptas do Links da Semana! Não imaginava que eu fosse curtir tanto fazer este post. Mas to curtindo e to achando massa também que tem bastante gente gostando.
Bom, vamos ao que interessa, né? Aos links!



Bleed The Pigs 
Esta semana o AfroPunk postou uma foto da Kayla Phillips, vocalista do Bleed The Pigs. Fui ouvir a banda e achei fudido demais. Rápido, agressivo, com uma mulher negra no vocal e sendo muito representativa em um role que é dominado pelos caras. Se você não conhece ouça aqui! Para ler sobre Kayla e representatividade, veja este artigo da Hazlitt.


Estátua de Clarice Lispector
E em 2015 o Rio de Janeiro ganha a sua primeira estátua de uma mulher artista. A estátua de Clarice Lispector está no Leme (zona sul) e foi esculpida por Edgar Duvivier. A iniciativa não contou com apoio e foi custeada por Edgar e seu filho Gregorio, o ator e também escritor. Para mais informações confira a matéria do Brasil Post.



Susan Sarandon 
Como é bom assistir uma atriz como Susan Sarandon falando dos estupros e assédios cometidos por Woody Allen. Um artista privilegiado que, não importa o que as vítimas falem, é celebrado em todos os momentos pelo lucro que gera. A Susan Sarandon o criticou dura e abertamente neste vídeo. Para mais informações, confira este post do Collant Sem Decote.

Google apresenta emojis menos sexistas
A Super Interessante perdeu um pouco a linha no título desta matéria, falando que 'Google propõe uma revolução feminista no mundo dos emojis'. É só uma proposta, muito massa, de criar emojis menos sexistas e incluir nas figurinhas engenheiras, fazendeiras, rockstars. Leia aqui.

Jodie Foster critica a narrativa do estupro no cinema
Err.. eu não li esta matéria. Mas estou colocando no Links da Semana. Vou me explicar.. estou fazendo o post da maneira que posso, aqui no trabalho. Como algumas palavras são bloqueadas, como 'estupro', não consegui ler a matéria. Mas pelo que acompanhei nas redes sociais a atriz e diretora criticou os roteiristas que usam o estupro como o único propósito de motivar personagens femininas, É gravíssimo quando a arte e cinema reproduzem com tanta força todas as violências que as mulheres sofrem. Mas não é surpreendente. Leia aqui.

Mourn
A banda de Barcelona divulgou "Second Sage" música que será lançada com Ha Ha He. Elas são tão novas e fazem um punkzinho tão da hora. Ouve aí!



As águas vivas não sabem de si
Para quem gosta da Aline Valek o livro dela, 'As águas vivas não sabem de si', foi publicado pela editora Rocco este mês! Ainda não li, mas está na minha listinha. A Aline Valek é autora da newsletter 'Bobagens Imperdíveis' que é muito fera. Já passei alguns sábados tomando um café e lendo os textos dela. Você pode se inscrever aqui. E aqui você pode ler mais sobre o livro.

Sleater Kinney
Um show completo de 2000 foi upado nesta semana! Coisa mais linda de ver e ouvir.



Beyond What's Left 
Conheci esta banda pois ela foi lançada pela Rumbletowne (selo da Erica e Matt do revivere) recentemente. Beyond What's Left faz um punkrockzão cadênciado, com vocal de moça e rapaz, num ritmo bem próprio. É bem diferente do que ouço, então confesso que não está muito fácil defini-los. Mas acho que isso é bom, porque o som que eles fazem tem suas próprias características. Ouça aqui!

Djamila Ribeiro 
A feminista negra e mestra em filosofia política é a nova Secretária-Adjunta da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo! Isso que é representatividade urgente para as mulheres negras. Boa sorte para ela!


Afroflix
Uma plataforma que disponibiliza conteúdo audiovisual online com ao menos uma pessoa negra na produção. Não mais! Esta plataforma existe e é a Afroflix, lançada no dia 17 de maio. Você pode inscrever a sua obra ou indicar alguma que seja bem massa e não faça parte do acervo deles. De acordo com o site Agenda Preta seis mulheres negras já estão na plataforma. A diretora Yasmin Thayná, a jornalista Silvana Bahia, a desenvolvedora e UX designer Steffania Paola, a designer Bruna Souza e as pesquisadoras Monique Rocco e Erika Candido. Via Guerrilha GrrVisite o Afroflix.

Marlene Marder - LiLiPUT/Kleenex
A Kill Rock Stars divulgou que no último domingo, dia 15, Marlene Marder, guitarrista da LiLiPUT/Kleenex,faleceu. Ela é uma grande referência na música independente e das mulheres na música. Fica o nosso pesar. Leia aqui.




Thin Lips lança primeiro full length 'Riff Hard'
Nós já falamos outra vez desta banda maravilhosa da Filadélfia. E este mês foi lançado pela Lame O Records Riff Hard, que é bom demais. Os pop punkzeros já estão em tour pelos EUA e você ouve abaixo um dos sons. Para ouvir todos clique aqui.




Kathleen Hanna faz cover de 'Dancing in the Dark', de Bruce Springsteen
A música faz parte de 'Maggie's Plan', filme de Rebecca Miller que será lançado nesta sexta-feira (20). Hanna também faz uma participação no filme, que conta com Greta Gerwig, Ethan Hawke e Julianne Moore no elenco. Ouça essa belezinha!




Tegan and Sara
Love You To Death, novo álbum das irmãs canadenses, será lançado dia 3 de junho. E elas disponibilizaram recentemente 'Stop Desire', mais uma nova música do álbum. E a primeira música divulgada, 'Boyfriend' já tem clipe! Confira abaixo.



quarta-feira, 27 de abril de 2016

Mixtape#18: Sleater Kinney For Babies

Arte: Cabeça Tédio

Sabe, além de Carla e BoredCarla eu também sou a ‘Tia Carla’. E uma coisa que combina com crianças e bebês é Sleater Kinney! Nada melhor do que ninar o bebezinho ao som da ‘mama’ Corin, ou assistir o clipe de 'A New Wave’ com os pequenos de 5 anos, que já se amarram nelas em versão Bob’s Burguers.

Pensando nas pequenas e nos pequenos da minha vida (e na de vocês), nada mais apropriado do que presenteá-los com a Mixtape#18: Sleater Kinney For Babies. Tentei selecionar o máximo de letras fofas, que poderiam ser cantadas para um baby. E claro, os sons alegres, dançantes e que mais falam sobre crianças também estão na mixtape. ‘Lions and Tigers’, por exemplo, é a música que Corin escreveu para Marshall, seu filho. É amor de mãe pra filho – e, para mim, de irmã para irmão – que cuida e tenta ser sempre melhor.

“I’d like to show you a million things. I’d like to make the world for you a better place”

E a música ainda termina com ele balbuciando. É uma belezinha pro coração e pros ouvidos! Se você ainda não ouviu, 'Lions and Tigers' e também 'Off With Your Head' são bonus tracks de uma edição limitada do álbum One Beat. A música para Marshall, é uma das que mais se diferencia dentro deste álbum que é extremamente político.   

Fico na torcida para que ‘Little Babies’, ‘Modern Girl’, ‘Get Up’ embalem momentos lindos, seja quando você dançar com algum baby ou sozinha.O 8tracks, site em que hospedo as mixtapes, tem uma regra chatinha. Eles não aceitam tracklists de apenas um artista. Por isso, esta mixtape só será disponibilizada para download e não para audição online. E para dar um gostinho, deixo aqui a tracklist:

Tracklist Mixtape #18: Sleater Kinney For Babies

01 – Modern Girl
02 – A New Wave
03 - A Quarter To Three
04 – Lions and Tigers
05 – Little Babies
06 – Get Up
07 – Buy Her Candy
08 – Oh!
09 – Burn, Don’t Freeze!
10 – No Cities To Love



quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Retrospectiva: Destaques de 2015

Por Teenage Micha


Ilustração: Teenage Micha
Texto: Carla Duarte

Esta é a terceira lista de 'melhores de ano' que publicamos! Mas ela já começa diferente das outras duas pelo título: abandonamos o 'melhores' e adotamos o 'destaques'. Pode parecer ridículo, mas ainda não tinha caído a ficha que é ruim usar 'melhores' do ano, pois implica que há 'piores' e também pode soar autoritário. 
Nessa lista não constam indicações de zines, mas pretendemos fazer um post só pra eles. Outra diferença desta lista para as outras, é que esta é a primeira que escrevo sozinha. E poxa, dá um friozinho grande na barriga.

O objetivo do Destaques de 2015 é compartilhar os clipes, shows e álbuns que mais gostamos neste ano, feitos por mulheres e feministas. A lista sempre é construída a partir de uma perspectiva contracultural, DIY, punk, feminista, não homofóbica e não racista. A proposta não é fazer um post masturbatório, exibindo 'bandas desconhecidas' ou qualquer bosta do tipo.

Queremos ajudar a dar visibilidade a uma parte da música faça você mesma que muitas vezes não é celebrada. Por isso, por mais que eu goste do álbum novo do Slayer ou queira falar sobre o Bitch, Better Have My Money, da Riri, não vou fazer isto porque foge do nosso objetivo. Tanto que alguns álbuns da lista ouvi demais, outros bem pouco, mas resolvi colocar todos esses prol da visibilidade.

Como esta lista foi organizada? Primeiro, as categorias 'clipe', 'música', 'show' e 'álbuns favoritos', sempre em ordem alfabética. E o mais legal: compartilha nos comentários a sua lista de destaques do ano? :D







Downtown Boys, Wave of  History
O single 'Wave of History', do álbum Full Comunism, é uma aula de história dançante sobre alguns fatos da política norte-americana, que linka o curso da história com a violência policial. Além de uma música energética, com sax e tudo, cantada pela furiosa Victoria Ruiz, o clipe tem o mérito de deixar infográficos ainda mais legais. Downtown Boys é uma banda bi lingue de Providence (Rhode Island) que teve seu ábum lançado pela Don Giovanni Records. Bandcamp



Hemming, Some of My Friends
As primeiras vezes que assisti este clipe chorei largada. Simples assim. Acredito em "amor a primeira ouvida" e mesmo já sendo fã da Candice Martello (Omar), Hemming me pegou de jeito. Isso porque poucas músicas já chegam chutando a porta do coração e mandando a realzona, sabe? E 'Some of My Friends' fez isso. A espontaneidade e amizade que o clipe transborda chamou as minhas lembranças de 'some of my friends' e de mim mesma. Site.



Sheer Mag, Fan the Flames
Sensacional. Pra dançar lynda até ficar suada (o que não é difícil nesse verãozinho, né?)




Worriers, Chasing
O clipe mais divertido do ano me fez dançar sozinha no quarto incontáveis vezes em 2015. 'Chasing' é a baladinha fofa do Worriers, que dá o papo: 'It was addictive to be wanted like that, for a moment, to be wanted like that'. A letra super crush, mais o figurino setentista, o clima do clipe, a história, a banda..  tudo é foda! Bandcamp.








MC Carol - Não foi Cabral
Ela quebrou tudo ao contestar as narrativas sobre o 'descobrimento' do Brasil. A música despertou um debate importante entre os estudantes e ainda permitiu uma boa requebração. Ouça.

Lilian Lessa - O Mal Pela Raiz
Não gosto de sons psicodélicos ou de bandas dos anos 1970, mas abro uma bela exceção para 'O Mal Pela Raiz', da musicista Lilian Lessa, de Maceió. Isso porque essa sonoridade combinou perfeitamente com o deboche feminista e a letra que reconta a origem da humanidade a partir de uma perspectiva feminista. Sabe aquele papo de maçã, costela? Já aprendemos todas que todos vieram do útero. Na verdade, melhor do que ler minha micro resenha é ouvi-la. Lilian Lessa também toca no Messias Elétrico e Necro. Bandcamp.

Luana Hansen - Negras em Marcha
'Negras em Marcha' é uma música incrível composta pela MC e DJ Luana Hansen para a Marcha das Mulheres Negras. É uma aula de história, empoderamento e justiça social. Assista o clipe.

MC Soffia - Menina Pretinha
Se as feministas atuais incomodam.. o que dizer das que estão chegando e as que vão chegar? MC Soffia é uma criança empoderada e que abraçou uma linda missão: empoderar outras crianças. Nessa letra ela critica a exotificação das meninas negras. Ouça!




RVIVR no Rock Together (São Paulo)
Já passaram mais de seis meses deste show e ainda consigo sentir o calor concentrado do show. Aquela quase vertigem causada pelo calor e que foi vencida de tanto dançar. Para mim, música é medicina e RVIVR é um dos melhores remédios. Os sorrisos que a banda troca enquanto afina os instrumentos, os "uô, uô, uô", o suor, as músicas novas e antigas exorcizando demônios: tudo isso fez com que esse fosse o melhor show que fui este ano. Bandcamp.

RVIVR @ Porão da San Fran (SP) - Foto: Ana Laura Leardini





Against Me! - 23 Live Sex Acts
Se o álbum White Crosses (2010) quase retirou a importância política de Against Me!, Transgender Dysphoria Blues (2014) a devolveu e fez deste álbum um dos mais relevantes da década. É o álbum após Laura Jane Grace anunciar publicamente que é uma mulher trans e carrega toda esta subjetividade. O mesmo acontece com 23 Live Sex Acts, que conta com músicas do álbum anterior e outros clássicos da banda. É o álbum que mistura passado e presente com a mesma voz maravilhosa da Laura. É uma audição importante pra todas as viciadas em música punk. Ouça.

All Dogs - Kicking Every Day
Kicking Every Day tem 10 músicas e traz um All Dogs mais cadenciado, lento e com riffs que se constroem aos poucos. Ainda é All Dogs, ainda é pop punk, ainda tem um vocal bonitasso. A mudança só deixou a banda mais interessante e boa para os ouvidos. Bandcamp.

Aye Nako - The Blackest Eye
The Blackest Eye é mais um lançamento fera da Don Giovanni Records. O álbum é o mais diferente de Aye Nako, que a distanciou do pop punk e a aproximou de um som mais experimental, com toques lo-fi. Destaque para 'Human Shield', a menor música do disco. Bandcamp.

Chastity Belt - Time to Go Home
Que vozes, que guitarra! A música que dá nome ao álbum me remeteu a três cenários: um dia chuvoso qualquer, uma tarde de chapação e também a um som pra deixar rolando na hora de trepar. A proposta não é ser uma Portishead da vida (nem de longe), mas as dedilhadas longas e preguiçosas com toda aquela distorção e reverb já jogaram essas vibes. Elas são de Seattle e olha, fazia tempo que uma banda não me deixava de cara assim. Já vai pra minha lista de ~bandas a secar em 2016~ porque vai ter harmônica e criar climão assim lá longe. Bandcamp.

Downtown Boys, Full Comunism
Algumas palavras são sedutoras. Para esta punk feminista, 'punk', 'dançante' e 'político' funcionam assim. Ainda mais quando a banda em questão é a competente Downtown Boys, que personifica o "Seu eu não puder dançar, não é a minha revolução". Some a isso a lindíssima língua espanhola e você tem uma bandas bandas punks mais criativas de 2015. Bandcamp.

Elza Soares - A Mulher do Fim do Mundo
"Coração do mar  é terra que ninguém conhece. Permanece ao largo e contém o próprio mundo como hospedeiro". Poucas bandas e cantoras tem a gana de começar o álbum cantando sem acompanhamento instrumental e claro que Elza Soares tem gana pra isso e muito mais. Embora não seja um álbum da contracultura feminista, ele precisa estar nesta lista porque há muitos anos Elza Soares (junto com outras artistas) é a resistência da mulher negra na música brasileira, porque ela cantou a primeira música que ouvi que critica abertamente a violência contra a mulher num cenário musical que é famoso justamente por romantizá-la (já que 'pancada de amor não dói'). Este é o meu álbum brasileiro preferido de 2015. Se ainda não ouviu, faça isso por você. Ouça.

Framboesas Radioativas - Gastropoda
Bragança Paulista (SP) tem a feliz tradição de ter boas bandas e as Framboesas Radioativas não foge desse clichê. Formada por duas Marinas e uma Sofia, elas dão conta de um punk rock requebrante com passagens lo-fi. Com algumas letras non-sense embaladas por solinhos marotos, ao vivo elas são melhores do que na gravação. É boa a surpresa de ver que todas, dependendo da música, cantam e tem uma boa química. Se tiver oportunidade de pegar um show delas, faça isso. Bandcamp

Framboesas Radioativas. Foto: Karina Lumina

Girlpool - Before The World Was Big
Este álbum conta com delicadeza, e de forma crua, o processo de entrar nos vinte e poucos anos. Os vocais intercalados de Harmony e Cleo se combinam aos riffs e dão muita sinceridade para o disco, que parece ter nascido no quarto delas. Já resenhamos o álbum, confira o soundcloud.

Hemming - ST
Se você está procurando por um álbum cheio de músicas animadas e que vão te inspirar os passinhos mais incri, acho que você não vai encontrar isso em Hemming. Isso porque o álbum é cheio de lindas músicas, pra ouvir nos dias que estamos cultivando aquela badzinha. Este é o atual projeto da Candice Martello (Omar) e mostra um outro lado dela, mais introspectivo e muito bem tocado, com uma sonoridade que me levou para as vibes tristes do folk. PS: A voz dela é maravilhosa, vale demais ouvir! Destaco: 'Some of My Friends', 'I'll Never be the Man For You' e 'Pins and Needles'. Site

High Dive - New Teeth
A primeira vez que eu ouvi.. chorei largada. Sou um clichê ambulante? O fato é que New Teeth acertou bem em cheio (como todos os álbuns do High Dive), naquele lugar que a gente deixa bem protegido pra não foder de novo. Este é o segundo full lenght da banda, que hoje conta com a Ginger (Good Luck) e Richard, que mudaram o som para melhor. Para ouvir e amar! Bandcamp

Homewreckers, The - I Statements
Que saudade desse vocal vomitadinho da Cristy Road! Homeweckers é uma banda pop punk queer, em que o punk sempre pesa mais um pouco. Tanto que é o som ideal pra pogar sem parar naquela festchinha com as amiges. I Statements dá um belo foda-se pra vida e pros dias ruins. Ouça! Bandcamp

Mercenárias - Demo 1983
As Mercenárias são uma das maiores bandas punks do Brasil e este ano o selo Nada Nada Discos relançou em versão compacto 7" a fita demo lançada em 1983. Com direito a fanzine e um box especial, o áudio foi restaurado pelo Estúdio Rocha e traz toda a 'tortice' que só as Mercenárias tem. Ainda, a banda - que voltou a tocar - foi capa da edição de novembro da Maximum RocknRoll. Bandcamp

Ostra Brains - Gelato Luv
Pode preparar os ouvidos para uma overdose de distorção garageira. Gelato Luv (Transfusão Noise)é um punk rock carregado de uma lofi-zera forte, que embala e chama pros passinhos. O disco é o primeiro registro da banda do Rio de Janeiro que tem a frontwoman Amanda Hawk, que tem um vocal certeiro. Destaco as tracks 'Belabee' e 'Tabaca Flames'. Bandcamp.

Preta Rara - Audácia
A resistência da mulher negra, a afirmação da identidade da mulher negra e não da 'mulata', a celebração da cultura africana: todos estes temas e outros estão apresentes em 'Audácia'. O álbum é pesado e tem músicas fodas, com ritmos e batidas diferentes entre si. Não sou "fluente" em resenhar rap e hip hop, muito pelo contrário. Por isso não vou forçar a barra pra tentar definir nada. Destaco: 'Jericó', 'Filha de Dandara' e 'Falsa Abolição'. Ouça.

Potty Mouth - S/T EP
Este power trio, formado por Abby (guitarra e voz). Victoria (bateria) e Ally (bass) leva as inspirações noventistas a sério, tanto que a influência grunge é forte e perceptível nessa gravação. A música grudentinha do ep é 'Long Haul'. Ah, e pelo que sei sobre elas, o nome da banda não é uma referência ao Bratmobile. Bandcamp.



Sheer Mag - Foto: Amanda Hatfield

Sheer Mag - II 7"
Para mim, o som setentista só fica bom quando combinado com punk rock. E é isso que o Sheer Mag faz de maneira muito competente. É difícil resistir ao vocal cheio de distorção da Tina Halladay, um dos instrumentos mais importantes da banda. Pode preparar pra dançar vários solos transantes. Destaco o hit 'Fan the Flames' e 'Button Up'. Bandcamp.

Sleater Kinney - No Cities To Love
O oitavo full lenght de Sleater Kinney, lançado pela Sub Pop, marca a volta da banda após um hiato de quase 8 longos anos. Este não é o meu disco preferido, mas claro que é ótimo. Ele segue uma sonoridade na linha do The Woods (2005), embora tenha músicas que não se encaixam muito bem aí. E isso é ótimo, porque é a essência de Sleater Kinney: a dificuldade de categorizar e a diferença entre as músicas. O álbum conta com canções que já são clássicas, como 'A New Wave', 'Gimmie Love', 'No Cities To Love' e 'Bury Our Friends'. Ele também está na categoria de álbuns que 'dancei sozinha no quarto'. Soundcloud.

Try The Pie - Domestication
Sabe aquela calmaria que até dá uma tristeza? Domestication é um álbum cheio de beleza, lo-fi e de riffs que te carregam pelas tuas lembranças e pela sonoridade da Bean Kaloni Tupou (Sourpatch, Crabapple). Altamente recomendável. Bandcamp.

Vexx - Give and Take
Um 7" com quatro músicas que já chega chutando a porta com a música 'Black/White'. Impossível resistir àquela junção linda do punk, os solos barulhentos e a cadência rockandroll que algumas bandas têm, e definitivamente Vexx é uma dessas bandas. O power trio de Olimpia é a banda que pegou, nesta lista, a característica de banda cheia de intensidade e que a cada acorda dá uma porrada. Audição essencial. Bandcamp.

Foto: Ellen Rumel

Waxahatchee - Ivy Tripp
Ivy Tripp é o álbum mais introspectivo e lento de Waxahatchee. Não é o meu preferido, mas suas qualidades são aparentes. É o disco, musicalmente falando, mais diferente dos outros dois anteriores (American Weekend, 2012 e Cerulean Salt (2013), que se aproxima de uma cadência triste como as letras. Katie Crutchfield, acompanhada por sua banda, fez muitos shows pelos EUA para divulgar o álbum (lançado pela Merge Records) e até abriu alguns shows de Sleater Kinney. A música que destaco é 'Half Moon', que me pegou com seus pianos. Site e Soundcloud.

Worriers - Imaginary Life
Se você me perguntar qual é o meu disco preferido deste ano, a resposta vem muito fácil: Imaginary Life, o primeiro full length de Worriers, lançado pela Don Giovanni Records.

Sinceramente? Não sei como ainda não enjoei, ouvi centenas de vezes. Talvez seja o álbum que mais ouvi este ano, e não por acaso. Estamos falando de um disco redondo, com letras e músicas impecáveis. Não há música "longa demais", que tenha um riff usado em excesso ou um refrão chato. Como o Mama comentou uma vez, a banda "fica cada vez melhor" e o mérito não é ser formada pelo 'creme de la crème' do Pop Punk.

Imaginary Life é um álbum que fala por ele mesmo, que não precisa se ancorar nos integrantes para ser bom. Com letras sobre violência policial ('Yes All Cops'), futuro ('Plans') e gente cínica ('Good Luck'), o disco trata com ironia suficiente o machismo ('Most Space'), as voltas que a vida dá, o 'crescer' e ainda tentar existir sendo punk. É o álbum que mais dancei sozinha, fiz air guitar (e todos 'air' instrumentos) e que me faz lembrar que apesar de duro, esse ano ensinou lições que não vou precisar me foder de novo para aprender.

Não tenho como destacar apenas uma música desse disco, pega ele aí: bandcamp.


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Outros lançamentos que não estão na lista (porque ouvimos muito pouco) e que talvez você goste: Don't Wanna Lose (clipe de Ex Hex), Art Angels (Grimes), Rose Mountain (Screaming Females), Selvática (Karina Buhr).

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Ilutração por: Teenage Micha - Me defino uma ilustradora auto didata de meia tigela,tentando vender minhas artes na praia. Meu amor por ilustração vem de cedo, principalmente meu gosto por anatomia,independente de gênero. Sempre com cautela,buscando ser fiel na representatividade, ainda no caminho da estrada das descobertas. 

Veja mais trabalhos dela, são incríveis: Facebook 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Mixtape#17: Top 10 Riot Grrrl

Colagem digital por Carla Duarte

Há um tempo atrás fiz uma pequena enquete na página do Cabeça Tédio, perguntando qual era o Top 5 Riot Grrrl das minas. A proposta era conhecer mais sobre as músicas e bandas que marcaram as garotas brasileiras. Recebi 11 respostas e foi a partir delas que montei a Mixtape#17: Top 10 Riot Grrrl.

Na votação, a música mais citada, no total de quatro vezes, foi "Punk Rock Não É Só Pro Seu Namorado", de Bulimia! É muito foda ver que uma banda brasileira ainda é uma referência tão forte assim. Na sequencia,  "Words and Guitar" de Sleater Kinney tiveram três votos; "Rebel Girl" e "Double Dare Ya", do Bikini Kill tiveram dois votos cada; "Deceptacon" de Le Tigre tiveram 2 votos cada, e assim fechamos o Top 5!
O restante das bandas que participam da mixtape são as que foram mais citadas, mesmo que com músicas diferentes. São elas, Bratmobile, L7, Dominatrix, Cosmogonia e Team Dresch. Algumas dessas foram citadas apenas uma vez, junto com outras bandas. O critério que selecionei essas bandas foi dar espaço pra bandas lésbicas e brasileiras.

Foi muito legal organizar uma mixtape feita por quem lê o blog e meu muito obrigado à todas que responderam a enquete: Amanda Hawk, Danielle Sales, Dejane Grrrl, Elena David, Gabriela Gelain, Halina Gricha, Íris Nery, Jessica Nakaema, Luan Nascimento, Marcelo Rachmuth e Thais Nascimento.

Embora na arte esteja que esta é a mixtape15, ela é na verdade a 17 (depois acerto esses detalhes). Essa é a última mixtape de 2015,  espero que gostem! Ah, e pra quem não sabe, estamos também no Instagram.

Tracklist Mixtape #17: Top 10 Riot Grrrl 

01. Bulimia - Punk Rock Não É Só Pro Seu Namorado
02. Sleater Kinney - Words and Guitar
03. Bikini Kill - Rebel Girl 
04. Le Tigre - Deceptacon
05. Bikini Kill - Double Dare Ya 
06. Bratmobile - Chool Schmool
07. L7 - Wargasm 
08. Dominatrix - Patriarchal Laws 
09. Cosmogoina - O Sentir Que Violenta
10. Team Dresch - Don't Try Suicide

domingo, 27 de setembro de 2015

Carrie Brownstein, Parabéns!

Foto: Kyle Gustafson for The Washington Post


A nossa queridíssima Carrie Rachel Grace Brownstein completa hoje 41 anos! Essa libriana é dona de solos incríveis, pulos lindos, dancinhas espertas e subidas na bateria da Janet. Claro, ela é também co-criadora de Portlandia, escritora, atriz e diz a imprensa marrom que girlfriend da Taylor Schiling, a Piper de Orange Is The New Black. 

 




Sleater Kinney, Wild Flag, The Spells, Excuse 17 são as bandas mais importantes de Carrie, que é uma importante figura do movimento Riot Grrrl. Nós somos extremamente gratas por sua existência e seu magnífico encontro com Janet e Corin, formando Sleater Kinney há alguns anos. 



Nós vamos celebrar o aniversário dela, claro! Com algumas fotinhas de apreciação e uns vídeos que ainda não tinha compartilhado aqui. Mas a parte mais especial, para mim, é este gif que fiz em 2013, em outro post de feliz aniversário para ela. 

Parabéns, Carrie, you're the bomb! 



Selecionei três vídeos, o primeiro uma entrevista bem engraçada entre ela e Kim Gordon sobre seus respectivos livros. Kim lançou "A Garota na Banda", que fala sobre o fim do Sonic Youth, seu casamento e sua carreira e Carrie lançou seu livro de memórias "Hunger Makes me a Modern Girl", ainda não traduzido para português. Já o livro de Kim foi lançado pela Fábrica 231, selo da editora Rocco e você pode ler um trecho online.

O segundo é o clipe do The Thermals da música "I Don't Believe You", protagonizado pela nossa super heroína das guitarras. Ah, e pra matar a saudade peguei também o vídeo de Sleater Kinney tocando "Jumpers" no The Planet, bar sapatãn de The L Word. Lembro que a primeira vez que vi quase caí da cama (eu não sabia). Aproveitem!





quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Parabéns, Janet Weiss!

Foto de Robert Loerzel 


Hoje, Janet Lee Weiss, mais conhecida como Janet Fucking Weiss completa 50 anos! É um dia muito lindo e especial (imagine agora vários corações em frente a tela!). A baterista libriana está em diversas listas de "melhores do mundo" e desde 1996 é a dona das baquetas de Sleater Kinney. E me arrisco dizer que Sleater Kinney não seria o que é sem as baquetas, os olhinhos de coala e o cabelo de cleopátra de Weiss. 

Janet também é baterista do Quasi, tocou no Wild Flag, colaborou com o The Jick e colaborou
com outras bandas, como Bright Eyes e The Shins. Ela faz parte da produção de Portlandia, série estrelada por Carrie Brownstein e Fred Armsein. E o mais importante: adora cachorros e é essa maravilha maravilhosa.

Para comemorar e homenagear a vida da Janet, fizemos um post de apreciação de fotos e claro, selecionamos algumas músicas em que ela faz o que sabe fazer de melhor: lacra. Parabéns, Janet! 














 





Janet e Marshall Tucker Bangs, filho da Corin e Lance

sábado, 12 de setembro de 2015

listamos: As 15 músicas mais pesadas de Sleater-Kinney



Para quem é viciada em música, não basta apenas ouvir e/ou saber a letra, ir aos shows da banda, ter a blusa e um poster na parede. E nem de longe tentaria definir como uma viciada em música age pois isso não me interessa. Identifico esse tipo de pessoa a partir da relação que ela estabelece com a banda e as várias implicações disso. Dito isso, acredito que o termo "música pesada" tem significados múltiplos e distintos para cada ouvido. Pode ter uma conotação puramente sonora, relacionada às letras e a mais interessante para mim é quando o termo designa a carga emocional de uma canção.

O "música pesada" desta lista significa justamente isso, a carga emocional que a música carrega - tanto de quem a fez quanto a de quem ouve - e que a torna diferente das outras. Nem melhor, nem pior, apenas diferente. Esse peso é aquela fagulha que te permite sentir a ligação cósmica entre as vozes e guitarras de Corin-Carrie e a bateria da Janet. E essa ligação entra em você como se fosse uma força, como se fosse futuro, como se fosse a sua droga preferida, como se fosse a memória feliz que te ajuda a conjurar o seu patrono, como se fosse a sua infância e aqueles sentimentos e sensações que você só consegue entender com música. Em uma entrevista para a Rolling Stone em janeiro deste ano a Carrie disse isso:

"I feel like Corin knows the map of my veins. And you don’t always want someone to know those things"

E é isso também um pouco o que uma "música pesada" é para mim.

Arrisco a dizer que os carros chefes de músicas pesadas de Sleater-Kinney são os álbuns Call The Doctor (1996) e The Hot Rock (1999). Mas claro que em outros álbuns encontramos esses sons que nos deixam no chão, porque esse peso é inerente à música que está dentro delas. Acho que é possível chegar a um consenso sobre quais são as músicas pesadas delas, mas não a qual é a mais ou menos. Essa lista não tem interesse em sugerir a mais pesada, por isso a ordem será de acordo com os álbuns. Os critérios de seleção das "músicas pesadas", foram: carga emocional da música, letra e o climão que o som proporciona.

PS: Talvez essa lista tenha mais sentido pra mim e minhas amigues porque a categoria de "música pesada" é abstrata e subjetiva. O objetivo dessa lista não é ser definitiva ou um tratado. 
Achou que faltou algum som? Como seria a tua lista? 


Vamos lá?


Self Titled (1995)

Slow Song - Aquele respiro, sabe? Os melhores riffs da vida já no primeiro álbum. Elas são deusas assim.



Call The Doctor (1996)

Anonymous - é uma tentativa. Da garota que falou de mais. Tudo o que ela tinha eram as palavras, mas no fim ela estava apenas enganando a si mesma. Corin e Carie repetindo "anonymous" é quase uma espiral que te suga pra você olhar pro que você fez. Pro que você se tornou e pro que você fugiu.




Good Things - Não há absolutamente nada de leve nessa música. O riff inicial é de deixar o coração fazendo um movimento estranho enquanto ele bate. É a música que ensina: "some things you lose, some things you give away".



My Stuff

"Leave me without a God, without belief, without a cause
Without a path that I should take, without a choice that I should make
Such an easy thought and now I had it but I lost it
I guess I need your help and now I guess I need your help and now I"












Dig Me Out (1997)

Dig Me Out - Hits podem ser pesados sim. Especialmente quando estamos falando desta música.



One More Hour -  Dançar sobre nossos corações partidos é purificador.



Things You Say - Essa não é nem tão pesada, mas quando ouço sempre dou uma murchadinha. Fica um pouco de vida pra fora me lembrando que "it is brave to feel to be alive".







The Hot Rock (1999)

God is a Number - Se você ouve rápido talvez não se ligue no peso. Mas a partir de 2 minutos de som tudo fica mais obscuro. Os riffs se intensificam, Corin começa a murmurar e depois a gritar "I need something to believe". O que as vezes penso ser uma verdade universal.



Don't Talk Like - Don't Talk Like está para Good Things no quesito peso assim como No Cities To Love está para A New Wave no quesito animação. Os solinhos destruidores de um lado, do outro a guitarra abafada e a Janet só nos pratos enquanto a Corin nos mostra que há uma parte de todo mundo que funciona como se fosse uma criança. Isso é belo pela leveza de ser criança e pode ser venenoso por não conseguir deixar de ser essa criança.



Get Up"Do you think I'm an animal? Am I not?"






The Size of our Love - Pelo amor da deusa né gente, eu não preciso falar absolutamente nada sobre essa música que até um violino depret de fundo tem, que se mescla na voz da Carrie como aquele gole de uma bebida que desce do jeito que você precisa.




Memorize Your Lines - Se eu explicar essa é porque a gente não está entendendo nada sobre Sleater-Kinney.





All Hands on the Bad One (2000)

Was it a lie - Elas sabem deixar a gente no chão.




One Beat (2002)

One Beat - A música fala por ela mesma. Fiz um post todo só sobre a música e o álbum, bem aqui.





The Woods (2005)

What's Mine Is Yours - Essa música é more than a feeling. Quem não se meche ouvindo o riff inicial é porque olhou no olho da Medusa e foi transformada em pedra.





E o alívio de terminar a lista e de ouvir esses somzão pesadão: 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Há 13 anos, "One Beat", sexto álbum de Sleater Kinney, era lançado




Todas as fotos por Carla Duarte





"One Beat" foi a música que acompanhou a minha entrada na colação de grau, há exatos 364 dias. Amanhã, terei um ano de formada e ainda hoje - dia de lançamento do sexto álbum de Sleater Kinney - consigo me lembrar a mistura de sensações que foi andar naquele corredor lotado, ouvindo uma das músicas mais poderosas delas e que mais mexe comigo. Depois disso, "One Beat" nunca mais foi a mesma coisa para mim.

Se tornou um pedaço de mim ao se personificar em forma de música no rito de passagem mais importante da minha vida. A batida da bateria, torta e cadenciada, os riffs perfeitamente simples e ainda complexos, aquela voz da Corin Tucker que saí direto do estômago direto na minha cara explodindo todas as borboletas com "oh, oh, oh". Tudo isso ficou totalmente impregnado em mim. Minutos depois da música ter parado de tocar, ela ainda dava o ritmo do meu coração e deixava a minha cabeça cheia. Este mês, o zine se tornou mais um pedaço de mim. Foi quando terminei meu primeiro zine sleaterkinneyniano, o não por acaso One Beat, que em meio a colagens registra trechos de algumas letras delas.






Hoje me dei conta da relação cósmica, do acaso e linda que entrelaça a minha história a delas. Em 2002 elas lançavam o álbum pela Kill Rock Stars e um dia depois, em 2015, eu me formava ouvindo a música que dá nome ao álbum. Hoje também é aniversário de uma das minhas melhores amigas, a qual eu presenteei com uma cópia do One Beat em cd em seu último aniversário. Isso pro meu olhar pisciano é significativo e mágico demais. Por isso, não tinha como esse texto não ser ainda mais pessoal do que os meus textos já costumam ser. E isso é incrível. É um sonic push for energy porque I decided to show myself. Oh oh. 

Na minha história de ouvinte e apaixonada por Sleater Kinney, demorei muito para ouvir o One Beat. Passei muito, muito tempo ouvindo All Hands On The Bad One, naquela frequência absurda e que hoje não me permite ouvir da mesma forma, pois meus ouvidos ficaram desgastados. Me lembro da Puni, por carta, dizendo que este era um de seus álbuns preferidos e que eu deveria ouvi-lo com atenção, pois este era extremamente politizado e crítico, e sonoramente ele já é diferente do All Hands. Guardei o conselho no meu coração e esperei o tempo apresentar o melhor momento para ouvir o disco. E quando a hora chegou...

Aquele clima soturno (como o de The Remainder) que habita o álbum e perpassa todas as músicas entrou na minha cabeça. O clima de instabilidade política de 2002, com Bush e cia envergonhando a humanidade pode ser um pouco dessa materialização pesada do álbum, nas músicas "Far Away" e "Combat Rock". Esse disco não é leve, não há nada leve nele. Não é fácil. Tem o peso de Corin, Carrie e Janet e quem manja sabe o quanto é pesado e bonito e intenso e mágico. Tem o peso de uma década. De uma bateria forte, de riffs que horas são vulneráveis e hora se protege de um soco que está prestes a chegar. One Beat não é uma coleção de clássicos. É quase um fim. Depois dele, The Woods foi lançado em 2005 e ficamos quase 9 anos aguardando elas saírem do hiato. É o oposto de All Hands e Dig Me Out.  One Beat termina como poucos outros, numa sequencia de explosão, em "Hollywood Ending" e de perigo eminente, em "Sympathy". One Beat é uma anunciação de força, de presença, de desconfiança que ratifica que Sleater Kinney não tem a capacidade de produzir algo mediano ou bom.