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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Links da Semana #11

Whatever Happened to Baby Jane - Foto retirada da fan page da banda

No ano passado eu não pensaria que o Links da Semana fosse vingar como vingou. Eu gosto de escrever, vocês gostam de ler, então nada mais natural do que continuar com ele por aqui. Eu até tinha uma ideia de migrar este formato de post e remodelá-lo, transformando-o em uma Newsletter. Maaaaas, por hora isso continua apenas no campo das ideias. Achei muito feliz as coincidências temporais que permitiram que esta edição se dedicasse a bandas e projetos brasileiros. E o Cabeça Tédio e estes projetos (o 2º, 3º e 4º do post) tem uma coisa em comum: o objetivo de enaltecer e divulgar a música feita por mulheres. Torcemos para cada vez mais vermos iniciativas assim. Bora lá!



Whatever Happened to Baby Jane!
Do Espírito Santo sempre saiu banda boa de estilos diferentes. Ajudanti di Papai Noel e Jäzzus são os duas bandas que não existem mais, mas que gosto bastante. Não conheço tantas bandas de lá com mulheres na formação, por isso, quando assisti o vídeo publicado no Ensaio Aberto da Whatever Happened to Baby Jane, fiquei super animada! Power trio formado por mulheres que faz aquele punk rock gritado e pogante. Assista aqui!

PWR Recs
A gravadora PWR Records é de Recife e se dedica à música alternativa feita por mulheres! Além de lançar os sons da Papisa, elas organizam diversos eventos e uma lista colaborativa de bandas brasileiras. Este também é o nosso role e nada mais natural do que todas ficarmos de olho na PWR! Confira a fan page delas aqui.

We Are Not With The Band
Outro projeto voltado para as mulheres da música independente: o We Are Not With The Band apresenta fotos e entrevistas com bandas contemporâneas. Já passaram por lá a Letícia Lopes (Efusiva, Motim, Trash no Star), Alimne e Priscila da banda Readymates e muito mais! Confira.

Coletânea Queens of Noite
A coletânea é uma seleção virtual de bandas brasileiras feita em parceria. Assinam o projeto o blog Bull in the Heather e os selos Efusiva e PWR. São dois volumes cheio de música independente com sons muito diferentes entre si. 2017 já começando muito bem, vale a audição de toda a coletânea! Confira.


Räivä
Alagoas não está para brincadeira! É de lá as muito boas Oldscratch e a Räivä, que lançou em janeiro sua primeira demo. O som é um punk/hardcore com pegadinhas crust. Sem dúvida, destaco a música 'Desrespeito' que começa assim: "De 2012 pra cá vem crescendo o número de denúncias de violência contra mulher no meio libertário. Muitos tentam omitir ou esconder esse fato para não expor as organizações." É muito bom ver bandas refletindo o presente e falando sobre a existência dos relatos de violência contra a mulher no role punk.




Sara Não Tem Nome e a Páscoa de Noel
É de 2016, mas vou divulgar em janeiro sim! Sara Não Tem Nome é uma banda de Belo Horizonte. O combo de letras tristes feat reflexivas em português e as músicas fizeram com que a banda ocupasse um lugar muito especial no meu coração. O clipe 'Páscoa de Noel' apresenta o Fofão e é o primeiro lançamento da Grão Pixel. Se você ainda não ouviu 'Ômega III', o primeiro álbum da SNTN, por favor faça isso!



Yes We Cat
A ong Think Olga lançou a série Yes We Cat, no qual entrevista diversas mulheres que realizam trabalhos interessantes e que podem inspirar outras mulheres. O primeiro episódio contou com a participação das vlogueiras Jout Jout e Jessica Tauane (Canal das Bee). O segundo, com a blogueira plus size Ju Romano e a blogueira Nátaly Neri. Todos os gatinhos que aparecem nos vídeos estão para adoção!


Middle Children
É uma banda nova de Bloomington (Indiana), de Patrick Jennings (Hot New Mexicans, Purple 7) e Ginger Alford. Não sei definir musicalmente o estilo deles, que traz várias referências. Mas vou te falar, os pianos e as guitarras são boas demais! Conheci a banda por conta da antiga banda da Ginger, a Good Luck, que essa sim é popzão punk monstro maravilhoso. Ouça a primeira música de Middle Children, "True".





Try the Pie lança clipe de 'Thomas'
Try the Pie é a atual banda de Bean Kaloni Tupou, que tocava na Sourpatch e Crabapple é envolvida na cena faça você mesma de San Jose, na Califórnia. Atualmente, ela divulga o lindo álbum Domestication e 'Thomas' é o mais novo clipe da banda. É leve, é bonito e vale a pena ouvir. Aqui você pode ler uma entrevista que o Nandolfo fez com ela.





“Estrelas Além do Tempo” é líder nas bilheterias dos EUA pela segunda semana
Você ainda não conhece este lançamento? Ele conta a história real de Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, três cientistas da Nasa que tiveram papel crucial na missão que fez de John Glenn o primeiro astronauta americano a entrar em órbita da Terra, em 1962. Além das protagonistas Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, o time feminino do filme também inclui Allison Schroeder, que assina o roteiro em parceria com o diretor Theodore Melfi. É aquele mantra: representatividade importa, mulheres negras, importam. Para quem se interessa pela temática de Mulher no Cinema acompanhe o Mulher no Cinema (risos!) e prestigie a cultura feita por mulheres!




Cartumante
Gosto muito de incluir aqui o trabalho de alguma artista visual, ilustradora ou quadrinista. E a que chamou a minha atenção recentemente foi a Cartumante, que deixa essa dica/meta para levarmos sempre conosco. Curta a fan page dela e apoie o trabalho das mulheres artistas!



quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Retrospectiva: Destaques de 2015

Por Teenage Micha


Ilustração: Teenage Micha
Texto: Carla Duarte

Esta é a terceira lista de 'melhores de ano' que publicamos! Mas ela já começa diferente das outras duas pelo título: abandonamos o 'melhores' e adotamos o 'destaques'. Pode parecer ridículo, mas ainda não tinha caído a ficha que é ruim usar 'melhores' do ano, pois implica que há 'piores' e também pode soar autoritário. 
Nessa lista não constam indicações de zines, mas pretendemos fazer um post só pra eles. Outra diferença desta lista para as outras, é que esta é a primeira que escrevo sozinha. E poxa, dá um friozinho grande na barriga.

O objetivo do Destaques de 2015 é compartilhar os clipes, shows e álbuns que mais gostamos neste ano, feitos por mulheres e feministas. A lista sempre é construída a partir de uma perspectiva contracultural, DIY, punk, feminista, não homofóbica e não racista. A proposta não é fazer um post masturbatório, exibindo 'bandas desconhecidas' ou qualquer bosta do tipo.

Queremos ajudar a dar visibilidade a uma parte da música faça você mesma que muitas vezes não é celebrada. Por isso, por mais que eu goste do álbum novo do Slayer ou queira falar sobre o Bitch, Better Have My Money, da Riri, não vou fazer isto porque foge do nosso objetivo. Tanto que alguns álbuns da lista ouvi demais, outros bem pouco, mas resolvi colocar todos esses prol da visibilidade.

Como esta lista foi organizada? Primeiro, as categorias 'clipe', 'música', 'show' e 'álbuns favoritos', sempre em ordem alfabética. E o mais legal: compartilha nos comentários a sua lista de destaques do ano? :D







Downtown Boys, Wave of  History
O single 'Wave of History', do álbum Full Comunism, é uma aula de história dançante sobre alguns fatos da política norte-americana, que linka o curso da história com a violência policial. Além de uma música energética, com sax e tudo, cantada pela furiosa Victoria Ruiz, o clipe tem o mérito de deixar infográficos ainda mais legais. Downtown Boys é uma banda bi lingue de Providence (Rhode Island) que teve seu ábum lançado pela Don Giovanni Records. Bandcamp



Hemming, Some of My Friends
As primeiras vezes que assisti este clipe chorei largada. Simples assim. Acredito em "amor a primeira ouvida" e mesmo já sendo fã da Candice Martello (Omar), Hemming me pegou de jeito. Isso porque poucas músicas já chegam chutando a porta do coração e mandando a realzona, sabe? E 'Some of My Friends' fez isso. A espontaneidade e amizade que o clipe transborda chamou as minhas lembranças de 'some of my friends' e de mim mesma. Site.



Sheer Mag, Fan the Flames
Sensacional. Pra dançar lynda até ficar suada (o que não é difícil nesse verãozinho, né?)




Worriers, Chasing
O clipe mais divertido do ano me fez dançar sozinha no quarto incontáveis vezes em 2015. 'Chasing' é a baladinha fofa do Worriers, que dá o papo: 'It was addictive to be wanted like that, for a moment, to be wanted like that'. A letra super crush, mais o figurino setentista, o clima do clipe, a história, a banda..  tudo é foda! Bandcamp.








MC Carol - Não foi Cabral
Ela quebrou tudo ao contestar as narrativas sobre o 'descobrimento' do Brasil. A música despertou um debate importante entre os estudantes e ainda permitiu uma boa requebração. Ouça.

Lilian Lessa - O Mal Pela Raiz
Não gosto de sons psicodélicos ou de bandas dos anos 1970, mas abro uma bela exceção para 'O Mal Pela Raiz', da musicista Lilian Lessa, de Maceió. Isso porque essa sonoridade combinou perfeitamente com o deboche feminista e a letra que reconta a origem da humanidade a partir de uma perspectiva feminista. Sabe aquele papo de maçã, costela? Já aprendemos todas que todos vieram do útero. Na verdade, melhor do que ler minha micro resenha é ouvi-la. Lilian Lessa também toca no Messias Elétrico e Necro. Bandcamp.

Luana Hansen - Negras em Marcha
'Negras em Marcha' é uma música incrível composta pela MC e DJ Luana Hansen para a Marcha das Mulheres Negras. É uma aula de história, empoderamento e justiça social. Assista o clipe.

MC Soffia - Menina Pretinha
Se as feministas atuais incomodam.. o que dizer das que estão chegando e as que vão chegar? MC Soffia é uma criança empoderada e que abraçou uma linda missão: empoderar outras crianças. Nessa letra ela critica a exotificação das meninas negras. Ouça!




RVIVR no Rock Together (São Paulo)
Já passaram mais de seis meses deste show e ainda consigo sentir o calor concentrado do show. Aquela quase vertigem causada pelo calor e que foi vencida de tanto dançar. Para mim, música é medicina e RVIVR é um dos melhores remédios. Os sorrisos que a banda troca enquanto afina os instrumentos, os "uô, uô, uô", o suor, as músicas novas e antigas exorcizando demônios: tudo isso fez com que esse fosse o melhor show que fui este ano. Bandcamp.

RVIVR @ Porão da San Fran (SP) - Foto: Ana Laura Leardini





Against Me! - 23 Live Sex Acts
Se o álbum White Crosses (2010) quase retirou a importância política de Against Me!, Transgender Dysphoria Blues (2014) a devolveu e fez deste álbum um dos mais relevantes da década. É o álbum após Laura Jane Grace anunciar publicamente que é uma mulher trans e carrega toda esta subjetividade. O mesmo acontece com 23 Live Sex Acts, que conta com músicas do álbum anterior e outros clássicos da banda. É o álbum que mistura passado e presente com a mesma voz maravilhosa da Laura. É uma audição importante pra todas as viciadas em música punk. Ouça.

All Dogs - Kicking Every Day
Kicking Every Day tem 10 músicas e traz um All Dogs mais cadenciado, lento e com riffs que se constroem aos poucos. Ainda é All Dogs, ainda é pop punk, ainda tem um vocal bonitasso. A mudança só deixou a banda mais interessante e boa para os ouvidos. Bandcamp.

Aye Nako - The Blackest Eye
The Blackest Eye é mais um lançamento fera da Don Giovanni Records. O álbum é o mais diferente de Aye Nako, que a distanciou do pop punk e a aproximou de um som mais experimental, com toques lo-fi. Destaque para 'Human Shield', a menor música do disco. Bandcamp.

Chastity Belt - Time to Go Home
Que vozes, que guitarra! A música que dá nome ao álbum me remeteu a três cenários: um dia chuvoso qualquer, uma tarde de chapação e também a um som pra deixar rolando na hora de trepar. A proposta não é ser uma Portishead da vida (nem de longe), mas as dedilhadas longas e preguiçosas com toda aquela distorção e reverb já jogaram essas vibes. Elas são de Seattle e olha, fazia tempo que uma banda não me deixava de cara assim. Já vai pra minha lista de ~bandas a secar em 2016~ porque vai ter harmônica e criar climão assim lá longe. Bandcamp.

Downtown Boys, Full Comunism
Algumas palavras são sedutoras. Para esta punk feminista, 'punk', 'dançante' e 'político' funcionam assim. Ainda mais quando a banda em questão é a competente Downtown Boys, que personifica o "Seu eu não puder dançar, não é a minha revolução". Some a isso a lindíssima língua espanhola e você tem uma bandas bandas punks mais criativas de 2015. Bandcamp.

Elza Soares - A Mulher do Fim do Mundo
"Coração do mar  é terra que ninguém conhece. Permanece ao largo e contém o próprio mundo como hospedeiro". Poucas bandas e cantoras tem a gana de começar o álbum cantando sem acompanhamento instrumental e claro que Elza Soares tem gana pra isso e muito mais. Embora não seja um álbum da contracultura feminista, ele precisa estar nesta lista porque há muitos anos Elza Soares (junto com outras artistas) é a resistência da mulher negra na música brasileira, porque ela cantou a primeira música que ouvi que critica abertamente a violência contra a mulher num cenário musical que é famoso justamente por romantizá-la (já que 'pancada de amor não dói'). Este é o meu álbum brasileiro preferido de 2015. Se ainda não ouviu, faça isso por você. Ouça.

Framboesas Radioativas - Gastropoda
Bragança Paulista (SP) tem a feliz tradição de ter boas bandas e as Framboesas Radioativas não foge desse clichê. Formada por duas Marinas e uma Sofia, elas dão conta de um punk rock requebrante com passagens lo-fi. Com algumas letras non-sense embaladas por solinhos marotos, ao vivo elas são melhores do que na gravação. É boa a surpresa de ver que todas, dependendo da música, cantam e tem uma boa química. Se tiver oportunidade de pegar um show delas, faça isso. Bandcamp

Framboesas Radioativas. Foto: Karina Lumina

Girlpool - Before The World Was Big
Este álbum conta com delicadeza, e de forma crua, o processo de entrar nos vinte e poucos anos. Os vocais intercalados de Harmony e Cleo se combinam aos riffs e dão muita sinceridade para o disco, que parece ter nascido no quarto delas. Já resenhamos o álbum, confira o soundcloud.

Hemming - ST
Se você está procurando por um álbum cheio de músicas animadas e que vão te inspirar os passinhos mais incri, acho que você não vai encontrar isso em Hemming. Isso porque o álbum é cheio de lindas músicas, pra ouvir nos dias que estamos cultivando aquela badzinha. Este é o atual projeto da Candice Martello (Omar) e mostra um outro lado dela, mais introspectivo e muito bem tocado, com uma sonoridade que me levou para as vibes tristes do folk. PS: A voz dela é maravilhosa, vale demais ouvir! Destaco: 'Some of My Friends', 'I'll Never be the Man For You' e 'Pins and Needles'. Site

High Dive - New Teeth
A primeira vez que eu ouvi.. chorei largada. Sou um clichê ambulante? O fato é que New Teeth acertou bem em cheio (como todos os álbuns do High Dive), naquele lugar que a gente deixa bem protegido pra não foder de novo. Este é o segundo full lenght da banda, que hoje conta com a Ginger (Good Luck) e Richard, que mudaram o som para melhor. Para ouvir e amar! Bandcamp

Homewreckers, The - I Statements
Que saudade desse vocal vomitadinho da Cristy Road! Homeweckers é uma banda pop punk queer, em que o punk sempre pesa mais um pouco. Tanto que é o som ideal pra pogar sem parar naquela festchinha com as amiges. I Statements dá um belo foda-se pra vida e pros dias ruins. Ouça! Bandcamp

Mercenárias - Demo 1983
As Mercenárias são uma das maiores bandas punks do Brasil e este ano o selo Nada Nada Discos relançou em versão compacto 7" a fita demo lançada em 1983. Com direito a fanzine e um box especial, o áudio foi restaurado pelo Estúdio Rocha e traz toda a 'tortice' que só as Mercenárias tem. Ainda, a banda - que voltou a tocar - foi capa da edição de novembro da Maximum RocknRoll. Bandcamp

Ostra Brains - Gelato Luv
Pode preparar os ouvidos para uma overdose de distorção garageira. Gelato Luv (Transfusão Noise)é um punk rock carregado de uma lofi-zera forte, que embala e chama pros passinhos. O disco é o primeiro registro da banda do Rio de Janeiro que tem a frontwoman Amanda Hawk, que tem um vocal certeiro. Destaco as tracks 'Belabee' e 'Tabaca Flames'. Bandcamp.

Preta Rara - Audácia
A resistência da mulher negra, a afirmação da identidade da mulher negra e não da 'mulata', a celebração da cultura africana: todos estes temas e outros estão apresentes em 'Audácia'. O álbum é pesado e tem músicas fodas, com ritmos e batidas diferentes entre si. Não sou "fluente" em resenhar rap e hip hop, muito pelo contrário. Por isso não vou forçar a barra pra tentar definir nada. Destaco: 'Jericó', 'Filha de Dandara' e 'Falsa Abolição'. Ouça.

Potty Mouth - S/T EP
Este power trio, formado por Abby (guitarra e voz). Victoria (bateria) e Ally (bass) leva as inspirações noventistas a sério, tanto que a influência grunge é forte e perceptível nessa gravação. A música grudentinha do ep é 'Long Haul'. Ah, e pelo que sei sobre elas, o nome da banda não é uma referência ao Bratmobile. Bandcamp.



Sheer Mag - Foto: Amanda Hatfield

Sheer Mag - II 7"
Para mim, o som setentista só fica bom quando combinado com punk rock. E é isso que o Sheer Mag faz de maneira muito competente. É difícil resistir ao vocal cheio de distorção da Tina Halladay, um dos instrumentos mais importantes da banda. Pode preparar pra dançar vários solos transantes. Destaco o hit 'Fan the Flames' e 'Button Up'. Bandcamp.

Sleater Kinney - No Cities To Love
O oitavo full lenght de Sleater Kinney, lançado pela Sub Pop, marca a volta da banda após um hiato de quase 8 longos anos. Este não é o meu disco preferido, mas claro que é ótimo. Ele segue uma sonoridade na linha do The Woods (2005), embora tenha músicas que não se encaixam muito bem aí. E isso é ótimo, porque é a essência de Sleater Kinney: a dificuldade de categorizar e a diferença entre as músicas. O álbum conta com canções que já são clássicas, como 'A New Wave', 'Gimmie Love', 'No Cities To Love' e 'Bury Our Friends'. Ele também está na categoria de álbuns que 'dancei sozinha no quarto'. Soundcloud.

Try The Pie - Domestication
Sabe aquela calmaria que até dá uma tristeza? Domestication é um álbum cheio de beleza, lo-fi e de riffs que te carregam pelas tuas lembranças e pela sonoridade da Bean Kaloni Tupou (Sourpatch, Crabapple). Altamente recomendável. Bandcamp.

Vexx - Give and Take
Um 7" com quatro músicas que já chega chutando a porta com a música 'Black/White'. Impossível resistir àquela junção linda do punk, os solos barulhentos e a cadência rockandroll que algumas bandas têm, e definitivamente Vexx é uma dessas bandas. O power trio de Olimpia é a banda que pegou, nesta lista, a característica de banda cheia de intensidade e que a cada acorda dá uma porrada. Audição essencial. Bandcamp.

Foto: Ellen Rumel

Waxahatchee - Ivy Tripp
Ivy Tripp é o álbum mais introspectivo e lento de Waxahatchee. Não é o meu preferido, mas suas qualidades são aparentes. É o disco, musicalmente falando, mais diferente dos outros dois anteriores (American Weekend, 2012 e Cerulean Salt (2013), que se aproxima de uma cadência triste como as letras. Katie Crutchfield, acompanhada por sua banda, fez muitos shows pelos EUA para divulgar o álbum (lançado pela Merge Records) e até abriu alguns shows de Sleater Kinney. A música que destaco é 'Half Moon', que me pegou com seus pianos. Site e Soundcloud.

Worriers - Imaginary Life
Se você me perguntar qual é o meu disco preferido deste ano, a resposta vem muito fácil: Imaginary Life, o primeiro full length de Worriers, lançado pela Don Giovanni Records.

Sinceramente? Não sei como ainda não enjoei, ouvi centenas de vezes. Talvez seja o álbum que mais ouvi este ano, e não por acaso. Estamos falando de um disco redondo, com letras e músicas impecáveis. Não há música "longa demais", que tenha um riff usado em excesso ou um refrão chato. Como o Mama comentou uma vez, a banda "fica cada vez melhor" e o mérito não é ser formada pelo 'creme de la crème' do Pop Punk.

Imaginary Life é um álbum que fala por ele mesmo, que não precisa se ancorar nos integrantes para ser bom. Com letras sobre violência policial ('Yes All Cops'), futuro ('Plans') e gente cínica ('Good Luck'), o disco trata com ironia suficiente o machismo ('Most Space'), as voltas que a vida dá, o 'crescer' e ainda tentar existir sendo punk. É o álbum que mais dancei sozinha, fiz air guitar (e todos 'air' instrumentos) e que me faz lembrar que apesar de duro, esse ano ensinou lições que não vou precisar me foder de novo para aprender.

Não tenho como destacar apenas uma música desse disco, pega ele aí: bandcamp.


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Outros lançamentos que não estão na lista (porque ouvimos muito pouco) e que talvez você goste: Don't Wanna Lose (clipe de Ex Hex), Art Angels (Grimes), Rose Mountain (Screaming Females), Selvática (Karina Buhr).

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Ilutração por: Teenage Micha - Me defino uma ilustradora auto didata de meia tigela,tentando vender minhas artes na praia. Meu amor por ilustração vem de cedo, principalmente meu gosto por anatomia,independente de gênero. Sempre com cautela,buscando ser fiel na representatividade, ainda no caminho da estrada das descobertas. 

Veja mais trabalhos dela, são incríveis: Facebook 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

15 músicas lançadas em 2015 que você precisa ouvir



Seis meses deste ano já foram embora, e nesse meio tempo, muitos álbuns e EP's foram lançados. Muitas vezes, não conseguimos escrever sobre todos os álbuns novos que estamos ouvindo, mas isso não quer dizer que não temos boas dicas para compartilhar. Por isto, indicamos aqui 10 músicas que foram lançadas neste ano que você precisa ouvir. O critério de seleção é aquele que você já conhece: bandas feministas e/ou formadas por mulheres e/ou queer. Isso é tudo sobre visibilidade!



15 - Kitten Forever - Nightmare

O power trio de Minneapolis continua com seu punk torto e pogante. "Nightmare", pode ser tranquilamente confundida com alguma música bside de Bratmobile, mas com o vocal mais Mika Miko e menos Allison Wolfe. A música faz parte do split do Kitten Forever e Whatever Forever.




14 - Slutever - Open Wide

Almost Famous é o novo disco de Slutever, banda de Los Angeles. Com uma mistura de punk lo-fi com uma voz cheia de reverb, a dupla é mais uma da safra de novas bandas de garotas dos EUA.




13 - Upset - Glass Ceiling

Upset é a banda atual de Ali Koehler (que já tocou bateria no Best Coast e Vivian Girls) foi lançado pela Lauren Records o novo disco '76, que começa com a redonda "Glass Ceiling". Com vocal e refrão grudante, com certeza é um álbum que vale a pena ouvir.




12 - Waxahatchee - Breathless

Este ano foi lançado Ivy Tripp, o terceiro full lenght de Waxahatchee, projeto solo de Katie Crutchfield, que atualmente também toca Allison, sua irmã gêmea. As duas despontaram na cena faça você mesmo dos EUA com PS Eliot, banda incrível que você deve procurar. "Breathless" é o primeiro single do novo álbum que já tem clipe. 




11 - LuvBugs - Dissolver Sensações

Os cariocas Paloma Vasconcellos (bateria) e Rodrigo Pastore (guitarra e voz) fazem um lo-fi garageiro com pitadinhas de shoegaze no LuvBugs, que vale a pena dar um confere. Enxaqueca é o novo álbum da banda, que em "Dissolver Sensações" descreveu muito bem como me sinto andando pelo Rio de Janeiro em dezembro ou janeiro.





10 - Oshun - #

Esta lista está cheio de duos de garotas, e com certeza Oshun, musicalmente, é o mais diferente deles. Thandiwe e Niambi Sala têm menos de vinte anos (assim como as garotas do Girlpoll e Slutever) e fazem hip-hop carregado de influencias do reggae e soul, fazendo referência as cultura e religiões africanas. Elas são de Nova Iorque e vale muito a pena buscar o som delas.






9 - GxLxOxSxS - G.L.O.S.S. (We're From The Future)

Diretamente de Olympia (mesma cidade do RVIVR), GxLxOxSxS é a única banda de hardcore d-beat da lista. A música, que fala sobre mulheres trans e feminilidades, abre a demo lançada em janeiro. Fundamental ouvir.





8 - Tomboy - I'm In The Fucking Band

A punk garageira lo-fi Tomboy, lançou em abril deste ano, pela Ride the Snake Records, seu primeiro full lenght. "I'm in the Fucking Band" é a música autoexplicativa que as garotas de Boston (Massachuselts) criaram para ajudas os omi a entenderem que:

1) Elas não estão no show esperando os namorados tocarem
2) Elas não estão perdidas
3) Elas são da porra da banda e não precisam de ajuda para montar os instrumentos para tocarem

Me sinto repetitiva e num túnel do tempo por, nesta lista, por motivos políticos dar destaque pra essa música. Igualmente boa e antisexista é "Sweetie", que você pode conferir no bandcamp delas.




7 - Hop Along - Powerful Man

Hop Along (banda de Filadélfia) lançou o excelente Painted Shut em maio, pelo Saddle Creek Recs. No mesmo dia, o vídeo de "Powerful Man", que traz a inconfundível voz de Francis Quinlan, também foi lançado. Álbum e música mostram o lado mais inconformado da banda, que mescla as guitarras melódicas, aos quase gritos de Francis de forma muito boa.






6 - Try The Pie - Unpronounced

Domestication com certeza é um álbum importante para o CT. O Fernando já falou sobre o álbum e a relação que tem com ele. Try The Pie é o atual projeto de Bean Kaloni Tupou (a Christine da Sourpatch e Crabbaple) e tudo que ela faz tem aqueles riffs que embalam letras bonitas e reflexivas.




5 - Girlpool - Before the World was Big

O segundo full lenght do duo Girlpool, Before the World was Big, me cativou na primeira ouvida. Mas não mais do que a música que dá nome ao álbum, que me leva a locais inóspitos e me surpreende, sempre. Mesmo sendo delas, parece que a música é minha.






4 - Sheer Mag - Fan the Flames

Pensa em uma banda de rock n' rool, com guitarras muito fodidas e uma voz maravilhosamente pop e convidativa para dançar. É exatamente isso Sheer Mag (Filadélfia), com a sua vocalista Christina Halladay fazem. Eu duvido que você não vai ter vontade de levantar e dançar. E por favor, faça isso, porque essa é uma banda "one of a kind". Original e sem se parecer com outras bandas contemporâneas.






3 - Ms. Lauryn Hill - Feeling Good

Para mim, poucas pessoas podem se dar ao luxo de fazer um cover de Nina Simone de qualidade. Por mais que eu saiba que Ms. Lauryn Hill é incrível, ainda me surpreendi com seu "Feeling Good" e "I've Got Life", que são poderosas, vivas e audazes, assim como as originais. A música foi gravada para o álbum Nina Simone Revisited: A Tribute To Nina Simone, que serve como um complemento ao documentário What Happened, Miss Simone?" lançado pelo Netflix em junho. 







2 - Worriers - They/Them/Theyrs

Guitarras cheias de sentimento dão vazão para a voz potente, grave e linda de Lauren Dentizio (The Measure S/A) que canta sobre pronomes e gênero neutro em "They/Them/Theyrs'. Worriers (do Brooklyn/NY), que já tem um LP e dois EP's, vai lançar em breve o primeiro full lenght, Imaginary Life, produzido por Laura Jane Grace (Against Me!). Com certeza esse disco vai entrar para a nossa lista de melhores de 2015.




1 - Downtown Boys - Wave of History

Este é o melhor clipe que assisti este ano. Somente ele, e suas imagens, conseguem tirar a minha atenção da voz poderosa e rasgada de Victoria Ruiz, frontwoman de Downtown Boys, que dá uma aula de política. A banda, de Providence (Rhode Island), fez um vídeo crucial e urgente, que pode ser exibido nas aulas de História e também para aqueles que duvidam da efetividade política do punk.



sábado, 9 de maio de 2015

A minha relação com o álbum "Domestication", da TRY THE PIE

Coluna do Nandolfo

"Faminto por algo que eles nunca vão encontrar. Não poderia haver outra maneira?" Unpronounced, Try The Pie


 Foto por Adrian Discipulo

Bean Kaloni Tupou (aka Christine da Sourpatch e Crabbaple) lançou em abril o primeiro full (Domestication) de seu projeto solo, TRY THE PIE, e caiu pesado por aqui, gente. Primeiro, porque é lindo, expressivo, contemplativo e de muito bom gosto. Quem gosta de poppunk, acompanha a cena em San Jose ou lê o blog da Carla não se admiraria do disco ter saído tão bom, por conhecer um pouco do que a Bean é envolvida no punk e de suas bandas perfeitas.  

Segundo, porque o Domestication carrega amor e desencontro, o acolher e a despedida. Ele traz a lembrança, te faz olhar os álbuns de fotografias, te une com seus ancestrais, deixa à mostra suas raízes. Faz você acordar no meio da noite e dar um beijo em seu irmão dormindo, ou admirar da porta o quanto sua filha cresceu. Te faz pensar na vida e nas relações que não se fizeram, mas aí você levanta os olhos e vê o quanto é forte e incrível o que foi construído.  São desencontros que  promovem encontros. Okey, muito rápido? Ouça o disco no seu tempo e na sua calma, porque há muito mais vida aí.





Foto retirada da entrevista feita pela Victoria Ruiz, na Impose Magazine


Essa relação com o desencontro é forte, gente. Talvez seja apenas o momento instável rondando a vida, os vinte e poucos anos indo embora e aquele sentimento maluco dessa idade que mistura pé no chão e os mais incríveis sonhos. E como diz a letra da Bean, "não poderia haver outra maneira?". Eu acredito mesmo que toda despedida é um encontro.  Quando falo em despedida e desencontro, é do desapontamento, do cansaço emocional, da desesperança que falo. E como isso nos faz voltar pra nós e tratar as nossas relações de novas formas. E esse disco veio pra reforçar toda ideia boa por trás disso. 

Em uma troca rápida de e-mails, ela confirmou o que a música já havia me mostrado, o que sentimos e percebemos do mundo é tão afirmativo quanto o abraço de uma amiga, é real em todo e qualquer lugar disposto a nos receber. Isso é pra dizer, no fim das contas, que não estamos sozinhs. Domestication é mais que deixar vidas, perspectivas e pessoas pra trás. É sobre nós. Quem somos hoje, agora. 

Domestication lembra uma parte da minha vida que temo, mas que sempre revisito e percebo como sou muito do que ficou. Uma época confusa e de conhecimento, acima de tudo. Você fez neste álbum uma música que conversa com a alma, convida os ancestrais, acolhe o passado e se despede. Domestication é sobre despedida? 
Bean: Eu aprecio que você possa se conectar tanto com o álbum, isso me faz sentir muito bem. Domestication é um pouco sobre despedida, é também sobre co-dependência, vícios, isolamento, obsessão e, finalmente, sobre a aceitação. Talvez seja sobre a aceitação de que temos parte em quase tudo e todos em nossas vidas, em algum momento.

Você lida muito com o outro no Domestication. Você acha que as pessoas, as relações, são necessárias para um entendimento do que somos? E somos porque somos por elas?
Bean: Sim, eu acho que os relacionamentos são completamente necessários para uma compreensão de quem somos. A maneira como tratamos o outro, a nossa forma de observar as pessoas, as formas que processamos são ideias muito importantes sobre quem somos.

Li sobre a música "Thomas", sobre do que se trata e considero a música mais bonita do álbum. Acho que ela retrata todo esse amor que fica na despedida. E me faz querer abraçar meus irmãos e minha filha a todo momento, na tentativa de tê-los pra sempre.
Bean: Obrigada! Estou feliz que faz você querer abraçar seus familiares, a canção é sobre um membro da família, de modo que parece apropriado. Eu acho que a minha motivação para fazer canções é ajudar elevar o que eu estou sentindo no momento e condensá-lo em algo compreensível que eu posso compartilhar com as pessoas. Estou feliz que você pode se relacionar com essa música, que é uma das minhas favoritas.


"Flood or Drought" e "Thomas"

Difícil escolher a música que mais gosto, viu. Por isso separei duas que representam esse momento.
O disco mescla uma pegada pop punk com coisas mais calmas, que funcionam bem na ideia inicial de ter somente voz e violão.

Flood or Drought é uma dessas calmas, que transmite silêncio, como uma canção no fundo de um galpão vazio. A impressão é que o reverb do vocal está nas alturas, mas se você ouvir bem vai perceber que é o eco do espaço vazio que a música passa. A letra parece ser sobre a necessidade de alguém, sobre a presença do outro que dá todo sentido.

"O que foi que me fez me perder em você,
E então me fez reconsiderar?
Ele passou correndo antes que eu tivesse tempo para sequer agarrá-lo.
Vou tentar lembrar.
(... ) Apenas diga que estarei sempre por perto
E tudo vai passar"

E aí tudo fica mais instável quando você percebe que essa necessidade pode ser um sinal de dependência, você se vê em um relacionamento abusivo e é incrível como as coisas se fizeram assim. Não sei mesmo se essa letra trata disso, mas comentei sobre isso em um outro post e acho que é nesse momento da nossa vida que o peso é maior, a dor é mais nítida e os caminhos são mais reduzidos.  

A outra música é Thomas e é a mais linda, sem dúvida. Ritmo lento que acompanha a voz linda da Tupou. Guitarra repetida, que transforma a música quase que em um processo. Em uma entrevista para a The Media, ela explica que essa música foi a maneira que encontrou de conversar com o irmão sobre a morte da mãe e que de uma forma geral a música representa toda experiência que vivemos com nossa família. Uma poesia, um encanto mesmo a forma como a música se faz, com toda a carga confusa que ocorre quando se trata de um sentimento que é difícil registrar.   

"Esta rede fica fina e larga
Você está lá onde residem as visões
E sabe o que está comigo
Nós sentimos o vazamento lento do tempo"

Se você puder, vale muito a pena ter esse registro. Ele saiu pela Salinas Records e rola o digital pelo bandcamp. Um dos discos mais expressivos desse ano, até agora. E como eu disse no início, não esperaria algo diferente vindo da Tupou.