Arte: Luare Artystontta |
Quem não é visto não é lembrado, né? Essa ideia pode se aplicar à Bertha Lutz. Em suas letras, elas celebram as vivências que estão fora do esquema hétero-macho-branco-rico, politizam o pessoal e o político dentro das relações interpessoais, criticam o genocídio do povo negro e exaltam a (r)existência das mulheres pretas, gordas e sapatonas. Por isso, o discurso político e o som da banda há alguns anos são lembrados quando pensamos em punk rock feminista brasileiro.
Para comemorar os 10 anos de banda, as mineiras lançaram o ep "Minha resistência é minha revolução", com 7 músicas. O disco foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Mestre Felino (Mogi das Cruzes/SP), entre abril e maio de 2018, por Helena Duarte. Influenciadas pelo Riot Grrrl e pelo punk/hardcore, as músicas remetem à escola Bulimia de tupá tupá. Riffs marcantes, vinhetas que casam perfeitamente com as músicas e muitos momentos para pogar. É isso que o som proporciona.
O hit, o hino e a música que gruda na cabeça, sem dúvida, é "Preta, Gorda e Sapatão". Em relação à letra e o debate que ela traz, sem dúvida é uma das mais importantes do punk feminista do Brasil, por visibilizar três recortes que são ignorados no punk e fora dele. E não tem como não ouvir e não sair cantando junto. Ela ao vivo é especialmente mais foda, por fazer toda a galera pogar demais.
"Sangue Negro" é outra música essencial, que critica o genocídio da população negra, a violência policial e fala também sobre o encarceramento em massa da juventude negra.
Em "Why" é notável a influência de Dominatrix (fase Girl Gathering). Riffs marcantes, vocais em coro e aquela levada neo youth crew que a maioria das pessoas que vão aos shows desde o início dos anos 2000 já gostaram pelo menos uma vez na vida.
"Não passarão" é minha segunda favorita, por desenhar de forma bastante clara o ciclo de privilégios dos boys lixos/hétero/libertários e abusadores que são protegidos e circulam com tranquilidade e recebendo carinho dentro do punk. É sempre agradável ver um posicionamento claro e que rechaça em vários sentidos a grotesca prática de 'passar pano', que envolve não só o boy lixo, mas também seu círculo de amigos.
"Funk da Xoxota" fecha o disco com chave de ouro, mostrando que política e diversão andam de mãos dadas. Elas trazem pro punk uma das melhores coisas do BR, o funk, fazendo a gente treinar a raba pra rebolar e o ombro pra pogar. Não tem fora do Brasil, tá meninas? Enfim, um dos melhores discos de 2018 e que todo mundo tem que ouvir logo. Agradeço a Bah por ter me escrito, mandado os sons com antecedência e me convidado para escrever. Foi bom sair da inércia depois de 1 ano e 4 meses sem escrever para o Cabeça Tédio.
Se você aguentou ler até aqui, ouve logo esse epzão:
E quem estiver em BH neste fim de semana, não perde tempo não. O show de lançamento do ep será no dia 23/06, na Matriz, a partir das 19h. Para mais detalhes, veja o evento.
3 comentários:
Saudades desse blog! Esse dias vi uma entrevista com a H.C. McEntire e Kathleen Hanna (aqui http://www.rookiemag.com/2018/06/i-didnt-really-know-the-rules-an-interview-with-h-c-mcentire-and-kathleen-hanna/) e lembrei desse blog tão bom que traz informações de um jeito inteligente ♥ Não desapareça!
Que lindeza ler o cabeça tédio de novo. Ainda mais com resenha sobre o discaço da Bertha Lutz ♡♡♡
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