Uma bolsa endereçada ao FBI é deixada na Times Square sozinha.
Por segurança, a Polícia de Nova Iorque isola a área para uma equipe analisar o
material. O fecho da bolsa se abre sozinho e uma mulher coberta por tatuagens
se levanta, tão assustada e confusa quanto os policiais e agentes a sua volta.
Assim começa Blindspot, que intriga – e se você é mulher
pode te assustar – ao revelar o choque de uma mulher que se levanta, nua, de
dentro de uma bolsa, sem entender o que está acontecendo. Na sede do FBI, a
falta de informação sobre ela é a regra e a batizam de Jane Doe (Jaimie
Alexander), uma mulher sem nome que não sabe nada sobre si mesma. Sua memória
foi apagada quimicamente e a certeza é que o agente a cuidar do caso é Kurt
Weller (Sullivan Stapleton), pois é o nome dele que, generosamente, está
tatuado no início das costas da desconhecida.
Se as tatuagens são cheias de nomes, desenhos e coordenadas,
o jeito assustado e desconfiado de Jane se justifica por ela não saber quem as
fez, porque ela foi tatuada e o motivo desses acontecimentos todos. A equipe,
liderada por Weller, começa a decifrar os significados das tatuagens e descobre
que elas são pistas de diversos crimes que vão acontecer.
Se Jane não pode confiar nas pessoas e se sente frágil, é
quando ela vai a campo com a equipe que ela descobre a sua força. Guiada por
seu instinto, ela tenta ajudar uma mulher que está apanhando do marido e,
enquanto luta, se dá conta que o sabe fazer, e dá uma bela coça nos dois homens
que estavam agredindo a mulher.
Quanto mais ela passa por diferentes situações, mais ela
aprende sobre si mesma e nos mostra que é a destruidora, a badass, que faltava na nossa vida. Sua intuição somada ao seu
treinamento em artes marciais a tornam uma personagem que faz de tudo para
proteger - a si mesma e os seus. Não em um estilo Jessica Jones de força, e
sim no sentido humano, de quem teve treinamento para derrubar dois
homens e conseguir sobreviver em meio a um tiroteio.
E acho que foi pela força (para mim crível) da personagem que me animei com a série.
Em um mundo com estruturas que nos fragilizam o tempo todo - com o assédio,
heterossexualidade compulsória, misoginia, estupros e demais violências de
gênero – é reconfortante encontrar na ficção uma mulher que se defende como eu
gostaria fazer na minha própria vida.
Martin Gero (diretor da série) e Alexander trazem
com uma personagem que busca em si mesma força para
continuar vivendo e luta para descobrir quem é – e esta é a beleza da série,
que se afasta de estereótipos de gênero (batidos, chatos e sem graça) para
representar novas formas de ser. E se você estava desconfiando: Gero é filho de uma feminista
e já falou sobre a importância de ter aprendido sobre igualdade e feminismo com
sua mãe, reforçando a importância dela na construção das personagens.
A série, da fall season de 2015, já garantiu sua segunda
temporada (ainda sem data) e é uma das líderes de audiência nos EUA. Se você gosta de séries
policiais, com anti-heróis, representatividade, mulheres negras em cargos de
liderança e aquelas protagonistas que são creme de là creme, comece a assistir
Blindspot!
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Nota de Rodapé:Assisti os 11 primeiros episódios de Blindspot de uma só vez. Pirei o cabeção e escrevi este texto. Não é um tema punk feminista que trato no blog, mas como fala sobre representatividade, achei justo aproveitá-lo aqui. Você assiste a série? Conta aí se você gosta ou não de Blindspot! O que achou do post e o que acha se publicarmos as vezes posts sobre séries e cinema?
Um comentário:
Logo desconfiei que havia alguma pegada feminista do diretor! hahahaha Série ótima, só estou vendo agora, em 2020. Em nenhum lugar na internet encontrei essa observação sobre a representatividade na série. Incrível!
As mulheres retratadas em posições de liderença, inteligência, sendo tratadas de igual para igual. Não existe rivalidade por causa de homem e até mesmo a Alie grávida (2 temp), decide sobre si mesma, sobre seu relacionamento.
Tantos detalhes!
1° vez que vejo uma série policial assim.
Muito legal seu texto 🍀
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