Arvida Byström fotografou 9 homens que fizeram comentários sobre seu corpo
Todas as fotografias de Arvida Byström
"Eu quero ser o garfo para fincar essa batata" |
A fotógrafa sueca Arvida Byström registrou alguns dos homens - no total 9 - que ela não conhecia e que fizeram comentários sobre seu corpo, que a cantaram e que a trataram como um objeto. A imagem acima ilustra a fotógrafa sendo tratada como uma coisa, uma não-pessoa, ao ser comparada a uma 'batata' - um legume que está disponível e pode ser comprado. Quem também é tratada como se estivesse sempre disponível e pode ser comprada
"Linda e como você é fofinha" |
"Você é muito bonita" |
As fotos foram tiradas em 2010 para a revista I Heart Magazine. Byström conta que estava cansada da abordagem de desconhecidos na rua. E o que a fotógrafa fez para lidar com isso e para confrontar os assediadores? Ela perguntou aos homens
"Para você eu deveria dizer as melhores" (cantadas) |
"Eu peço o número de telefone e um beijo" |
"Bonita" |
A normatização das cantadas/assédio sexual de cunho verbal como um comportamento naturalizado foi o que a sueca discutiu em seu trabalho. Quando fez essa série, Arvida considerava o projeto uma forma de confrontar esses assediadores. Mas segundo a fotógrafa, atualmente reagiria de forma mais agressiva. Segundo a pesquisa do Think Olga, feita com 7762 mulheres, 99,6% das entrevistadas disseram que já haviam recebido cantadas e 83% delas não gostavam disso, mas apenas 27% conseguiam reagir.
Não é preciso recorrer as estatísticas para enxergarmos que as fotografias de Byström são uma maneira de confrontar os assediadores, além de gerar discussão sobre o assunto. Outro exemplo recente de reação a cantadas é a prisão de Ane Melo. Ela estava parada na rua, perto de uma manifestação, olhando o celular. Instantes depois ela é presa - por muitos policiais - por desacato a autoridade. O que ela fez? Um gambé a chamou de gostosa, ela respondeu.. e foi presa. É por essas e por outras que eu acredito muito em A.C.A.B. (All Cabs Are Bastards/Todos os Policiais São Bastardos). Para quem só acredita vendo, aqui tem um vídeo.
"Eu gostaria de saber o que te faz feliz" |
"Você é muito bonita, muito lindo e seu sorriso é lindo" |
Algum
Esses comentários, por mais revestidos de algum tipo de
Indico a leitura do texto “Sorria, Princesa”: palavras que nenhuma mulher que ouvir, escrito por Soraya Chemaly e traduzido por Thayz Athayde com colaboração de Iara Paiva para o Blogueiras Feministas, para quem quer ter outras perspectivas sobre os mecanismos que envolvem o assédio verbal de cunho sexual.
Falamos recentemente aqui no blog sobre outro projeto que mistura arte e ativismo contra o assédio sexual, é a série "Stop Telling Women to Smile" (livre tradução "Pare de dizer para as mulheres sorrirem"), de Tatyana Fazlalizadeh. Se você quiser dizer que "Assédio Sexual Não é Elogio" (porque não é), imprima o cartaz que fizemos e cole por aí.
Outros trabalhos de Arvida Byström
Ela é a autora do belíssimo ensaio publicado na revista Vice em que as modelos são fotografadas menstruadas e mostrando o sangue. Arte digital, moda, feminismo e gênero são alguns dos temas que Byström trata. Veja mais trabalhos da artista aqui.
"Você é muito corajosa e ousada" |
No meio de tantos desconhecidos falando sobre seu corpo, a fotógrafa encontrou essas duas mulheres, que demonstraram apoio ao projeto. Que consigamos resistir e permanecer corajosas e ousadas nesse mundo violento.
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