segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sweet Sixteen do Dig Me Out

Um catatau de texto, Harry Potter, astrologia e uma mixtape no final


Por Carla Duarte e Marcelo Mama

O “Dig Me Out”, terceiro álbum do Sleater Kinney e um dos mais cultuados do trio, completou 16 anos no dia 8 de abril. Um sweet sixteen para comemorar a nova idade do disco me parece uma boa idéia, mas o que podemos fazer hoje nesse blog para celebrar o disco é um post, escrito à quatro mãos (eu e Marcelo entramos nessa empreitada) e claro, uma mixtape apropriada para o momento. Essa é nossa homenagem ao Dig Me Out, que mesmo atrasada é do coração.

O ano de lançamento? 1997. O mesmo ano em que o primeiro livro da coleção Harry Potter  - Harry Potter e a Pedra Filosofal - foi lançado. Sem dúvida 1997 foi um ano que valeu a pena. Uma parte sonhadora de mim gostaria de acreditar que Hermione seria fã de Sleater Kinney, mas o lado apegado aos fatos sugere que talvez ela seja um pouco conservadora para o som delas. Mas, ela é a nerd com a personalidade pouco simpática, e isso talvez pudesse ser uma porta de entrada para que ela gostasse do trio. Sleater Kinney em Hogsmeade, já imaginou? Mas, voltemos ao álbum.

Bela época, como todas as épocas, do Dig Me Out

O disco tem 13 canções, e foi o primeiro álbum da banda lançado pela gravadora Kill Rock Stars. Hits como “Dance Song ’97”, “Jenny”, “Turn It On”, “Words and Guitar” e claro, “Dig Me Out” são desse disco. Ele aparece na lista “Os 500 melhores álbuns de todos os tempos", da revista Rolling Stone, lá no número 272. Está presente também na lista dos “Melhores álbuns lançados entre 1985 e 2005”, da revista Spin, nela, o álbum fica na 24ª posição. Essas listas de melhores qualquer coisa, que são o grande vício de revistas de música, tem a frieza da Sibéria, e o terceiro disco do Sleater Kinney não tem nada a ver com isso. 

Se álbuns tivessem signos o do Dig Me Out seria áries.  Áries é o primeiro signo do zodíaco, por isso simboliza o começo de tudo. E o Dig Me Out é um novo começo para o Sleater Kinney, pois esse é o primeiro disco  que Janet Weiss grava com Corin e Carrie, e consolida seu lugar no banquinho da bateria. Os dois primeiros álbuns do trio – Sleater Kinney e Call The Doctor, ambos lançados pela Chainsaw Records – tinham nas baquetas Lora McFarlane.

O elemento de áries é o fogo, e a impulsividade é uma das principais características do signo. Se você está levando esse parágrafo e o anterior a sério – eu estou – percebe que essa impulsividade do signo está presente no álbum? Talvez não de maneira explícita e clássica, ateando fogo em tudo, mas está lá sugerindo em leve nervous breakdown.

O disco começa com “Dig Me Out”, com um riff que já cria expectativas, a bateria entra e logo depois a segunda guitarra. Na medida em que a música avança, o vocal de Corin vai mudando, e a música oscila entre momentos menos agitados e momentos em que o ritmo é mantido. É tudo sobre expectativa. Você espera pela explosão da música, o momento em que Corin vai chegar em agudos que são só dela. A música, por si só, não é uma grande explosão, mas é uma música que te deixa em alerta, talvez sugerindo que você faça algo impulsivo.

Foto retirada daqui

De um jeito a faixa de abertura já nos mostra como será o resto do cd. A guitarra de riffs e mais agudinha da Carrie Brownstein fica no lado direito, a bateria da Janet Weiss com um som sequinho que chega não só marcando, mas se impondo durante as músicas. E do lado esquerdo a guitarra da Corin Tucker que é mais grave no geral, mas que também faz seus riffs e levadas sejam elas graves ou passeando nos médios e agudos, dependendo da parte da canção. Também acho que fica mais para a esquerda a voz da Corin, e a da Carrie mais para a direita, mas isso pode ser só meu cérebro me enganando. Enfim, uma mix estéreo que funciona muito bem para esses sons do Sleater-Kinney.

A segunda é a muito bonita, e de adeus, “OneMore Hour”, que acalma o clima que tinha sido agitado pela primeira música, acalma, mas também tem momentos em que quer te agitar um pouquinho. Mas o que fica é o clima desajeitado que existe quando alguém se afasta de alguém.Turn It On” chega pedindo para ser aumentada, e sem dúvida, é uma música para se ouvir em alto e bom som. Essa sim é a música da impulsividade, que segue em mesmo um ritmo acompanhando a voz de Corin, e os solos que se encaixam na batida de Janet. É um pouco depois do meio da música que as três diminuem o ritmo para o aumentar de novo, e “impulsivar” tudo.


Não sei se vale ficar falando de todas as músicas e acho que pode levar pra sempre. E tenho medo que nem eu tenho pra sempre para escrever ou você terá o pra sempre de ler. Até porque tem umas que tem certas teorias e bafões, e nem é uma boa ficar fofocando tanto assim na internet né? Vale mais pena a gente se encontrar pra comer umas delícias veganas e ficar falando sobre Sleater-Kinney e o que a gente acha sobre a banda, as musicas, os discos.

Mas o disco continua com “TheDrama You’ve Been Craving”, “Heart Factory” e chega à dançante e animada “Wordsand Guitar”, um dos hits da banda. O ábum segue uma linha de nunca deixar cair, mesmo com as músicas mais lentinhas, elas fazem o maior sentido estarem onde elas estão. Porque apesar disso, elas fazem a gente se mexer, e entre as mais animadas e elétricas, todas seguem essa linha de riffs e harmonias que marcam e ficam, melodias para cantar junto mesmo sem saber a letra e uma rítmica dançante.

Foto: Cabeça Tédio

As mais que animadas “LittleBabies” e “Dance Song ‘97” te fazem querer dançar, não importa o quão mau humoradx você esteja. Não é a toa que a segunda seja é justamente baseada em loops e repetições na bateria que vão chamando as partezinhas da música e aonde entram certas levadas e notas. Aliás, “Dance Song ‘97” é a única música do Sleater-Kinney que tem um baixo! 

O álbum é um clássico do Sleater Kinney, daqueles para ouvir em longas caminhadas, em casa, numa viagem e ficar cantarolando sozinha. Ele é um dos favoritos de muita gente. E ele existe pra um monte de gente gostar mesmo! Seja o seu disco preferido do Sleater-Kinney, ou mais um dos discos preferidos da banda, ou só um disco que acha bom de uma banda que você nem conhece. O importante é que é bom e um monte de gente gostar mesmo, pra provar que essas músicas que vêm de dentro delas e podem atingir qualquer pessoa, é só estar abertx a elas! E deixar se surpreender bastante.

“Dig Me Out” é o primeiro álbum de Janet Weiss no Sleater Kinney

Me lembro de ter lido a Carrie contar que no primeiro ensaio que elas fizeram com a Janet ela e Corin resolveram mostrar um som novo que elas ainda estavam fazendo. Elas começaram tocando esse riffzinho e Janet foi acompanhando, e essa musica era e virou a “dig me out”! A primeira baterista do Sleater-Kinney era a australiana Lora Macfarlane, que saiu da banda e voltou para seu país. Num breve período o SK tentou mais duas bateristas, mas quem chegou para ficar foi Janet, que tocava/toca no Quasi, dentre muitas outras bandas.

Foto: Cabeça Tédio

Lora gravou os dois primeiros cd’s e Janet entrou no terceiro para ficar pra sempre. Quanto ao estilo de bateria, cada uma tem a sua maneira, e dentro da banda cada cd tem uma pegada diferente, então as musicas já tem baterias diferentes. Mas de uma maneira geral o estilo de Lora é mais tradicional usando os pratos com freqüência e o bumbo que marca e às vezes põe um momento mais marcante, mas esse estilo tradicional dela não é bem o retão do punk/rock/pop pensando em como as musicas do Sleater Kinney pedem uma rítmica pra poder contrapor as guitarras e os vocais.

Mas quando Janet Weiss entra na banda ela trás a sua perspectiva por trás do kit, não a toa que ela é considerada uma das melhores bateristas dos Estados Unidos. Eu também acho, mas não vou dizer a melhor porque tem muita gente boa, mas é uma das melhores pessoas que eu já ouvi tocando bateria com certeza!
 A bateria de Janet tem um ar mais sequinho, tem menos sobra, e parece que anda em conjunto. Eu sinto que ela separa bastante as peças, então o ritmo quebrado ganha uma outra força porque a bateria age como não se espera tanto. 

Foto: Cabeça Tédio
Ela cria bastantes riffs escolhendo a hora certa para cada peça ao invés de só sobrepor a todo momento e criar o ritmo da interação direta. Assim ela chama atenção para cada batida em cada lugar. Por não ter um baixo, o SK cria um efeito legal pra bateria, onde os tambores mais graves (pensando mais no bumbo e surdo mesmo) criam um corpo que não pode ser colocado e usado de qualquer jeito, e Janet já mostra isso com tudo nessa sua primeira participação na banda. Estilo que ela vai criando e demonstrando a cada novo lançamento Kinney!

Não sei se ficou muito confuso, e também não quero generalizar o estilo dela. Porque acho que tem muito mais a se falar, e eu mesmo não sou baterista. Mas eu sei de algumas coisas que eu gosto, e puxa como eu gosto dela na bateria!

A homenagem do Sleater Kinney ao The Kinks





A capa do Dig Me Out é uma homenagem a outra capa de um outro disco. O álbum “The Kink Kontroversy” dos britânicos The Kinks, lançado em 1965, foi homenageado pelo Sleater Kinney, de forma muito bem feita e totalmente apropriada, com uma foto da Carrie tocando uma Rickenbacker. O “The Kink Kontroversy” é um cd bem legal, mas não é meu preferido deles (me julguem).




Quando a contracapa do encarte  é virada  claro que damos de cara com uma foto fofíssima de uma menina pequena e um cachorro e seu focinho dando um alô. De resto, o encarte (pelo menos da versão do cd que eu tenho) é bem simples, tem as letras, e algumas fotos delas. Não sei se o encarte também é baseado no cd do Kinks por que eu não tenho. Se alguém souber dizer, me conta tá?



Não conhece o Sleater Kinney?

O Sleater Kinney foi formado em 1994 em Olímpia (Washington, EUA). A banda era um projeto de Carrie Brownstein que tocava no Excuse 17 e de Corin Tucker que tocava no Heavens to Betsy. As duas são guitarristas e no início o Sleater Kinney era um projeto paralelo das duas, mas com o fim do Excuse 17 e do Heavens to Betsy elas passaram a se dedicar somente ao Sleater Kinney. A banda nasceu dentro do Riot Grrrl, mas há quem as considere uma banda alternativa, em função de características musicais.

Elas lançaram 7 álbuns oficiais, o mais famoso é o “The Woods”, de 2005, que foi lançado pela Sub Pop, e tem clássicos como “Jumpers” e “Modern Girl”. A banda participou de várias compilações, e fizeram uma participação especial no The L Word, tocando em um dos episódios. Um pouco da magia da banda está em sua linguagem musical, que é muito própria e da todo o espírito da banda. E para quem quiser ouvir o Dig Me Out, nós upamos e disponibilizamos ele para download.  


Dig Me Out  Tracklist 
01. Dig Me Out
02. One More Hour
03. Turn It On
04. The Drama You've Been Craving
05. Heart Factory
06. Words And Guitar
07. It's Enough
08. Little Babies
09. Not What You Want
10. Buy Her Candy
11. Things You Say
12. Dance Song '97
13. Jenny

Download - Dig Me Out - Link

Sleater Kinney Road, a nossa quinta Mixtape

É tradição: se você vai ao aniversário de alguém é de bom tom que leve um presente. E nada mais natural do que falar do aniversário do Dig Me Out e fazer uma mixtape em sua homenagem, não é mesmo? Nós fizemos isso, e o formato da mixtape - uma música de cada álbum, e uma de alguma compilação - é idéia do Mama. As músicas estão na ordem cronológica, e para não quebrar o ritmo, colocamos no final as músicas da compilação, os "bsides". E foi assim que nasceu a Sleater Kinney Road - Mixtape #5.

Fizemos a mixtape dessa forma porque, como vocês bem sabem não é possível fazer uma mixtape com um único álbum. E esse foi o motivo de não disponibilizarmos essa mixtape online. Nós hospedamos nossas mixtapes no 8tracks, e uma das inúmeras regras deles é: não repetir a mesma banda mais de duas vezes. Por isso, quem quiser ouvir a Mixtape #5 pode fazer o download. 




Tracklist Mixtape#5: Sleater Kinney Road 
Sleater Kinney - The Day I Went Away (Sleater Kinney, 1995)
Sleater Kinney - Be Yr Mama (Sleater Kinney, 1995)
Sleater Kinney - Little Mouth (Call The Doctor, 1996)
Sleater Kinney - Anonymous (Call The Doctor, 1996)
Sleater Kinney - Not What You Want (Dig Me Out, 1997)
Sleater Kinney - Dance Song '97 (Dig Me Out, 1997)
Sleater Kinney - Don't Talk Like (The Hot Rocket, 1999)
Sleater Kinney - A Quarter To Three (The Hot Rocket, 1999)
Sleater Kinney - Youth Decay (All Hands On The Bad One, 2000)
Sleater Kinney - The Professional (All Hands On The Bad One, 2000)
Sleater Kinney - One Beat (One Beat, 2002)
Sleater Kinney - The Remainder (One Beat, 2002)
Sleater Kinney - Jumpers (The Woods, 2005)
Sleater Kinney - Modern Girl (The Woods, 2005)
Sleater Kinney - Write Me Back Fucker (V.A. Move Into The Villa Villakula, 1994)
Sleater Kinney - More Than A Feeling (V.A. Move Into The Villa Villakula, 1994)

Mixtape#5: Sleater Kinney Road - Download  

Nenhum comentário: