quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

entrevista: MAREN a.k.a. FRLZUCKER!



Dezembro é um mês odiável por incontáveis motivos, mas ao invés de pensar o lado negativo para variar eu tentei o positivo, entrevistei a Maren, uma alemã que desenha lindamente. É uma das entrevistas que mais gostei de pensar – e fiz isso muito rápido – e do resultado final, é despretensiosa no sentido de que eu queria saber mais da pessoa do que do significado do que ela faz, mostrar o significado das coisas já deixou de ser minha responsabilidade. Com vocês, a minha entrevista favorita, até agora, e que não ficará apenas em reduto internético. A qualidade das imagens estão prejudicadas porque não consegui salva-las, tive que salvar dando print.


Conheci seus desenhos quando uma amiga enviou o link do seu flickr. Foi muito bom vê-los, eles são delicados e passa bastante força, animação. Gostaria de saber a quanto tempo você desenha e como você chegou aos desenhos que você faz hoje.

Maren: Primeiro, eu estou lisonjeada! Eu desenho desde pequena e desde que comecei nunca parei de desenhar. Eu sempre senti o mundo tão opressivo e intenso, andando pelas ruas de uma cidade no interior no leste da Alemanha sempre me inspirou bastante. Apenas observando as coisas atentamente. Eu tentei muitas formas de desenhos, acho que isso me trouxe onde estou hoje.. Mas acho que nunca vou parar de tentar coisas novas, de maneira nenhuma.



Você faz zines, assim como eu. Mas vendo as fotos dos seus zines eu vejo uma diferença muito grande com os zines daqui, aqui nós usamos bastante xerox e trabalhamos com colagens em cima disso, também usamos desenhos, impressão. Seus zines muitas vezes tem formatos inusitados e cores diferentes, como você chegou nesses formatos, você tem uma pequena editora?

Maren: Quando eu tinha 17 anos eu descobri os zines. Eu ouvi falar sobre eles num livro que falava sobre Riot Grrrl e lá dizia que zines podem ser o que você quiser, não existem regras para zines. Eu nunca tinha visto um zine até eu fazer o meu primeiro, o que provavelmente explica a diferença. Eu não vejo muita diferença, eu não tenho uma editora eu apenas uso xerox!

Que artistas te inspiram?

Maren: Eu amo a Miranda July, tudo que ela faz é brilhante. Também adoro Karin Dreijer do The Knife ainda que as coisas que ela faz são completamente diferentes do que eu faço. Me inspiram também ilustradores do mundo todo, como Gemma Correll, Sandra Juto e Lisa Von Billerbeck. E claro, muito da minha inspiração vem de vários tipos de bandas riot grrrl! Escritores contam como artistas? Então eu PRECISO citar Joanne K. Rolling, claro.



Ilustração de Gemma Correl

Você ouve música quando está desenhando?

Maren: Eu ouço quando posso, mas eu não deixo de desenhar se não posso ouvir.

Você desenha garotas incríveis falando sobre feminismo e girlsgang (termo que ela usa) eu me senti orgulhosa vendo seus desenhos porque eu me identifiquei com as garotas que você retratava. Elas estão juntas produzindo coisas, pensando, sendo felizes e gostando. Como você conheceu o feminismo? O que você sente em relação a isso?



Maren: Conheci o feminismo quando eu comecei a usar internet, eu tinha uns 14 ou 15 anos. Antes era uma coisa que não tinha muito a ver comigo. Feministas era as que apoiavam aborto, o que era basicamente o que eu tinha em mente. Qualquer um que me conheça/meus desenhos um pouco sabe que feminismo é importante para mim – mas acho que é para a maioria das pessoas, elas apenas ainda não sabem isso! Me entristece que as pessoas não percebam a diferença entre ser uma garota/mulher que apóie o feminismo e uma odiadora de homens. Já fiz um pequeno livro com uma frase da Kate Nash que fala sobre como me sinto em relação ao feminismo: “Feminismo não é uma palavra suja. Não quer dizer que você odeie homens, não significa que você odeia garotas que tenham pernas bonitas e bronzeado, e não significa que você é “bitch” ou “dyke” – significa que você acredita em igualdade.”

*Fotos do livro estão disponíveis no flickr, veja: um, dois, três, quatro cinco, e seis.

Aonde você mora e como é a movimentação punk hardcore?

Maren: Eu moro em Berlin, Alemanha, e sinceramente eu não sei nada sobre a cena hardcore daqui. Na verdade, eu não sei nada sobre qualquer cena!

Fale um pouco sobre street art na sua cidade.



Maren: Berlin é provavelmente a capital do streetart, o que é legal porque você uma grande variação de colagens e intervenções. Mas esse excesso pode ser um pouco opressivo, pro meu gosto. Eu fazia streetart para criar meu ambiente, as ruas que eu vivo, mas aqui eu não sinto mais essa necessidade porque já foi feito. Não sinto que o streetart é tão especial como antes (o que não é uma coisa ruim, é só o jeito que sempre foi!). Na cidade que cresci, Halle, o streetart era especial. Poucas pessoas faziam e era uma coisa completamente nova para mim, o que era tão animador. Quando eu aprendi sobre streetart eu conheci a forma perfeita para me expressar, mas eu acho que satisfazendo essa necessidade de outra forma (a internet, há!) o que não significa que nunca mais vou fazer streetart. Provavelmente irei quando eu morar em um lugar que não esteja totalmente feito, que precise sofrer intervenção.

Você sabe fazer os cupcakes que você fotografa? Se sim, divida conosco uma receita maravilhosa!

Maren: Eu sempre tiro fotos quando vejo uma boa comida, mas sim, eu também faço alguns dos cupcakes. Você pode encontrar as melhores receitas no livro da Isa Chandra Moskovitz*: Vegan cupcakes take over ther world (cupcakes vegans dominan o mundo – livro não traduzido)!

*Moskovitz é uma chef vegana com vários livros publicados e uma das pessoas por trás do The Post Punk Kitchen, que é foda, diga-se de passagem. Pela foto da pra ver que ela gosta de barulho, certo?



Você conhece alguma banda ou artista brasileirx?

Maren: Estou envergonhada, mas não conheço. Mas, espere. CSS é do Brasil, certo? Eu gostava muito deles!

Nota (04/12): o correto é Maren, e não Mauren, como eu tinha digitado errado. Dã.

6 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei viajando no que ela fala sobre street art em Berlim e como a cidade parece ser poluida visualmente pra cacete. Na mesma hora fiz ou quis fazer uma ligação com Salvador. Cacete! Se Berlim é a capital do street art, Salvador é capital da arte de sabotagem. Não há lugar em Salvador, por mais improvável e díficil que você possa imaginar, que os pixadores não tenham passado. Aqui street art se reduz a essa fina arte de sabotar pinturas recentes e prédios novos e velhos. Mas aqui também tem muito graffiti foda e alguns stencil perdido e sticker, nem tudo é só pixe.


Antonio Henrique.

Anônimo disse...

Puts, fiz o comentário pela metade.

Queria falar que a entrevista ficou foda, gostei pra caramba. Apreciei os links das artistas que ela cita e gostei das resposta. O foda é que sempre fico esperando resposta longas para satisfazer minhas imensas curiosidades, e geralmente o povo não gosto de responder coisas muito grandes e se desenvolver nas respostas. De qualquer formas as perguntas tão legais e tá tudo legal!
Gostei!!!!!!

Fernando disse...

A entrevista ficou ótima! O legal é voce ler a entrevista olhando as fotos do flickr, porque voce consegue ilustrar a vivência dela com as imagens da cidade que ela vive.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Adorei, Cá! A menina é ótima! Ela poderia colaborar com o Histérica, não? Vou adicionar o flickr dela aos contatos do meu! Não conheço tudo o que ela citou... mas Miranda July é legal. :) Beijo! Keep rioting!

Trinity disse...

Adorei a entrevista e a entrevistada! O Flickr dela é fofíssimo e a visão que ela deu sbre o feminismo é perfeita!

Parabéns pela iniciativa!!!!