terça-feira, 27 de novembro de 2012

Bandas do coração: Huggy Bear


Coluna do mama


Hey Carla!

Como diriam aqui no meu condado, milianos que eu não escrevo nada pro blog!
Andei meio mal da cabeça, nada que eu escrevia saia muito bem (ou num tom bom) e o calor não ajudou em nada. Mas também devo dizer que ver as novas atualizações do seu blog também me ajudaram a dar uma renovada e a finalmente escrever.
Por que fiquei tanto tempo fora, já pensei aqui em várias coisas a serem faladas e resgatadas. Mas pra voltar em grande estilo, vou falar de uma das grandes bandas que surgiram na efervescência Riot dos anos noventa! E uma das maiores bandas do coração, que não só o meu.
Huggy Bear.

Enfim, Huggy Bear foi um desses casos. De ter me causado uma paixão instantânea. De fazer muito sentido na minha cabeça e a sonoridade ser como um abraço que você tava precisando. Daqueles momentos que você dança e pensa “como eu não tinha ouvido isso antes? era o que eu precisava!”.
Olha, a verdade é que eu não sei como nem por onde começar a falar da banda. Também porque não tenho muita informação assim sobre, mesmo com a internet muita coisa se perdeu e a banda em si era uma coisa caótica em vários aspectos, não só sonoros, e por isso muita coisa sobre ficou diluída e misteriosa por ai. O que eu acho um charme. Mais um dessa maravilhosa banda. 


Mas o que existe além de charmes? Existem as pessoas charmosas! Acho que esse é um bom ponto pra começar. A banda foi formada em 1991 em Londres e era composta por Niki Elliott, Jo Johnson, Jon Slade, Karen Hill, Chris Rowley. Xs auto-entituladxs boy-girl revolutionaries. Pelas minhas contas a banda acabou em 1994. E nesse meio tempo lançou muita coisa. A maioria dos discos foi lançado pela Wiiija. Mas também algumas coisas pela Kill Rock Stars, principalmente o que circulou para os Estados Unidos. Eu acho. 



Um dos lançamentos mais conhecidos talvez, ou que mais circularam, é o split do Huggy Bear com Bikini Kill. Esse split é um doze polegadas que é um ep de cada banda. De um lado, "Our Troubled Youth" do HB e do outo o "Yeah Yeah Yeah Yeah!" do BK. É assim... sensacional!
Uma gravação bem ruidosa, principalmente o lado do Bikini Kill que é uma pedrada. Mas não to aqui pra falar de Bikini Kill também, se não vou me perder. Mas vou fazer uma pausa ok? Por que além do split as bandas fizeram uma tour juntas no Reino Unido em 1993, e para a nossa sorte isso ta em video! Feito pela Lucy Thane, a mesma mulher que fez o filme She’s Real Worsethan Queer (1997). Recomendo muito parar e ver, acho que vai  dizer muito mais coisa do que eu consigo com essas palavras que eu conheço.



Ok. Sinto que eu falei, falei mas não falei muito. Porque eu gosto tanto de Huggy Bear? As razões são varias, vou tentar demonstrar aqui pelo que é palpável, porque aquilo que é do coração vou deixar pra que você que quiser ouvir a banda (ou já ouve) ter suas próprias pequenas epifanias e arrepios. Eu não consigo definir. É uma banda caótica em vários níveis e isso me instiga profundamente. Da um efeito catártico, e eu me aproximo ainda mais. Catártico porque não soube uma palavra melhor e porque eu me sinto ali dentro e rodeado pelas musicas quando as ouço e quero cantar/dançar junto.
Mas indo com calma, tem esse lance dos encartes e das artes, que são feitas com muita colagem e rabiscos e giz de cera. Quando você pega pra ver você sente a confusão de criança que é uma alegria tremenda, é um monte de coisa ali sem um sentido direto, uma associação que você é obrigadx a fazer. E eu acho muito bonito. Também tem um lance com as cores nas fotos (quando tem fotos) que cai muito bem. Na parte musical, poxa as guitarrinhas e o baixo que vai pulando, as partes de barulho, e os mini riffs que são duram o tempo suficiente pra não durarem tempo demais... As vozes gritantes, as vezes cantantes e falantes. Os duetos de Jo com Chris, as músicas que não são tanto músicas, mas são mais spoken words. Naquela idéia que a Kathleen Hanna também tem de usar musicas/spoken words como peças artísticas. Um jeito de por as coisas que incomodam de outros jeitos, com gritos e falas no meio de um disco de musica. E isso só falando pelo lado estético e sensorial das coisas.


Porque como uma banda riot as letras falam do contexto em que viviam, na Inglaterra, e pra gente que escuta muito bandas americanas e brasileiras é refrescante e traz um novo fogo dentro ao ouvir essas bandas.  Claro que as angústias e contextos pessoais de cada umx ali da banda estão presentes. Como sofrem, o que xs faz feliz, o que queriam que mudasse, como elas escolhem se expressar... São outras pessoas, e mais pessoas que valem a pena serem ouvidas.
Não sei se deu pra entender bem, mas esses são alguns dos porquês que eu acho essa banda tão boa assim. Tem essa música delxs que chama Her Jazz (ok, segunda pausa).



E nela tem essa idéia do "boy/girl revolutionaires", que é um pouco o mote da banda pelo que eu sei. Já que a banda tem meninas e meninos, mas não só por isso (aliás, isso é a menor das coisas aqui), acho que tem a ver com uma postura política de desmistificação sobre fragilidade nos gêneros impostos, sobre a luta conjunta, sobre querer e poder se sentir como você quer lutando por uma mesma coisa e causando uma certa confusão. Também tem um lance de como o punk, o indie, e as cenas musicais eram estabelecidas na Inglaterra quando e porque elxs começaram a tocar. Que isso já é algo que eu não vivi e portanto não conheço pra falar. Mas sei que tem a ver com reapropriação e produção de cultura, conteúdo, arte no formato que quiser e puder, e se sentir bem para tal. Enfim, mais ou menos o que já era difundido nos Estados Unidos com o DIY, e o que o Riot pensava em linguagem própria e não a simples reprodução daquilo que vinha da falocena.


A banda acabou em 1994. Dela as pessoas foram tocar em algumas outras, e continuaram com suas vidas. Vou deixar uns link aqui que ajudam a traçar os caminhos pós HB.
Minha sugestão? Ouça Huggy Bear e muito!


Agora alguns links pra se jogar. Que talvez seja a parte mais legal aqui do texto. Devia ter colocado no começo?

Esse é um site que tem bastante coisa sobre a banda! Muita mesmo.

Esse é um texto que o baixista do Bloc Party escreveu sobre o Huggy Bear. Ele é uma pessoa que viveu a época e era da região. Ele fala bastante coisa legal, e bastante coisa que eu concordo, porque também me traz sentimentos parecidos a banda. é um testemunho que vale a pena ler.

Show ao vivo na Escócia, já pro fim da banda. 


Esse é um video ao vivo do Som February, 14th que era da Videozine Getting Close to Nothing. Eu acho muito foda, ainda mais o lance dele ser ao vivo com as duas câmeras simultâneas. 



Downloads!
Para baixar Huggy Bear: nesses dois sites aqui tem bastante coisa, não sei se chega a ser tudo, e se todos os links tão ok. Mas é um bom ponto de partida. Aqui e aqui.

De brinde esse é o ep de uma banda que chama The Element of Crime. Que tem o Chris e acho que mais gente que era do Huggy Bear, mas não tenho certeza. É meio difícil de achar, então ai está! Pra você que chegou aqui no final.

Escrevi ouvindo:
Spider and the Webs ao vivo 2006 parte 1 parte 2 

e Huggy Bear! ;)

É isso, agora acho que vou descansar um pouco. Aproveite os sons!

-mama

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