Coluna do mama
Hey Carla!
Como diriam aqui no meu condado, milianos que eu não escrevo
nada pro blog!
Andei meio mal da cabeça, nada que eu escrevia saia muito
bem (ou num tom bom) e o calor não ajudou em nada. Mas também devo dizer que
ver as novas atualizações do seu blog também me ajudaram a dar uma renovada e a
finalmente escrever.
Por que fiquei tanto tempo fora, já pensei aqui em várias
coisas a serem faladas e resgatadas. Mas pra voltar em grande estilo, vou falar
de uma das grandes bandas que surgiram na efervescência Riot dos anos noventa!
E uma das maiores bandas do coração, que não só o meu.
Huggy Bear.
Enfim, Huggy Bear foi um
desses casos. De ter me causado uma paixão instantânea. De fazer muito sentido
na minha cabeça e a sonoridade ser como um abraço que você tava precisando.
Daqueles momentos que você dança e pensa “como eu não tinha ouvido isso antes?
era o que eu precisava!”.
Olha, a verdade é que eu não sei como nem por onde começar a
falar da banda. Também porque não tenho muita informação assim sobre, mesmo com
a internet muita coisa se perdeu e a banda em si era uma coisa caótica em
vários aspectos, não só sonoros, e por isso muita coisa sobre ficou diluída e
misteriosa por ai. O que eu acho um charme. Mais um dessa maravilhosa banda.
Mas o que existe além de charmes? Existem as pessoas charmosas! Acho que esse é um bom ponto pra começar. A banda foi formada em 1991 em Londres e era composta por Niki Elliott, Jo Johnson, Jon Slade, Karen Hill, Chris Rowley. Xs auto-entituladxs boy-girl revolutionaries. Pelas minhas contas a banda acabou em 1994. E nesse meio tempo lançou muita coisa. A maioria dos discos foi lançado pela Wiiija. Mas também algumas coisas pela Kill Rock Stars, principalmente o que circulou para os Estados Unidos. Eu acho.
Um dos lançamentos mais conhecidos talvez, ou que mais circularam, é o split do Huggy Bear com Bikini Kill. Esse split é um doze polegadas que é um ep de cada banda. De um lado, "Our Troubled Youth" do HB e do outo o "Yeah Yeah Yeah Yeah!" do BK. É assim... sensacional!
Uma gravação bem ruidosa, principalmente o lado do Bikini Kill que é uma pedrada. Mas não to aqui pra falar de Bikini Kill também, se não vou me perder. Mas vou fazer uma pausa ok? Por que além do split as bandas fizeram uma tour juntas no Reino Unido em 1993, e para a nossa sorte isso ta em video! Feito pela Lucy Thane, a mesma mulher que fez o filme She’s Real Worsethan Queer (1997). Recomendo muito parar e ver, acho que vai dizer muito mais coisa do que eu consigo com essas palavras que eu conheço.
Ok. Sinto que eu falei, falei mas não falei muito. Porque eu
gosto tanto de Huggy Bear? As razões são varias, vou tentar demonstrar aqui
pelo que é palpável, porque aquilo que é do coração vou deixar pra que você que
quiser ouvir a banda (ou já ouve) ter suas próprias pequenas epifanias e
arrepios. Eu não consigo definir. É uma banda caótica em vários níveis e isso
me instiga profundamente. Da um efeito catártico, e eu me aproximo ainda mais.
Catártico porque não soube uma palavra melhor e porque eu me sinto ali dentro e
rodeado pelas musicas quando as ouço e quero cantar/dançar junto.
Mas indo com calma, tem esse lance dos encartes e das artes,
que são feitas com muita colagem e rabiscos e giz de cera. Quando você pega pra
ver você sente a confusão de criança que é uma alegria tremenda, é um monte de
coisa ali sem um sentido direto, uma associação que você é obrigadx a fazer. E
eu acho muito bonito. Também tem um lance com as cores nas fotos (quando tem
fotos) que cai muito bem. Na parte musical, poxa as guitarrinhas e o baixo que
vai pulando, as partes de barulho, e os mini riffs que são duram o tempo
suficiente pra não durarem tempo demais... As vozes gritantes, as vezes
cantantes e falantes. Os duetos de Jo com Chris, as músicas que não são tanto
músicas, mas são mais spoken words. Naquela idéia que a Kathleen Hanna também
tem de usar musicas/spoken words como peças artísticas. Um jeito de por as coisas
que incomodam de outros jeitos, com gritos e falas no meio de um disco de
musica. E isso só falando pelo lado estético e sensorial das coisas.
Porque como uma banda riot as letras falam do contexto em
que viviam, na Inglaterra, e pra gente que escuta muito bandas americanas e
brasileiras é refrescante e traz um novo fogo dentro ao ouvir essas
bandas. Claro que as angústias e
contextos pessoais de cada umx ali da banda estão presentes. Como sofrem, o que
xs faz feliz, o que queriam que mudasse, como elas escolhem se expressar... São
outras pessoas, e mais pessoas que valem a pena serem ouvidas.
Não sei se deu pra entender bem, mas esses são alguns dos
porquês que eu acho essa banda tão boa assim. Tem essa música delxs que chama
Her Jazz (ok, segunda pausa).
E nela tem essa idéia do "boy/girl revolutionaires", que é um pouco o mote da banda pelo que eu sei. Já que a banda tem meninas e meninos, mas não só por isso (aliás, isso é a menor das coisas aqui), acho que tem a ver com uma postura política de desmistificação sobre fragilidade nos gêneros impostos, sobre a luta conjunta, sobre querer e poder se sentir como você quer lutando por uma mesma coisa e causando uma certa confusão. Também tem um lance de como o punk, o indie, e as cenas musicais eram estabelecidas na Inglaterra quando e porque elxs começaram a tocar. Que isso já é algo que eu não vivi e portanto não conheço pra falar. Mas sei que tem a ver com reapropriação e produção de cultura, conteúdo, arte no formato que quiser e puder, e se sentir bem para tal. Enfim, mais ou menos o que já era difundido nos Estados Unidos com o DIY, e o que o Riot pensava em linguagem própria e não a simples reprodução daquilo que vinha da falocena.
E nela tem essa idéia do "boy/girl revolutionaires", que é um pouco o mote da banda pelo que eu sei. Já que a banda tem meninas e meninos, mas não só por isso (aliás, isso é a menor das coisas aqui), acho que tem a ver com uma postura política de desmistificação sobre fragilidade nos gêneros impostos, sobre a luta conjunta, sobre querer e poder se sentir como você quer lutando por uma mesma coisa e causando uma certa confusão. Também tem um lance de como o punk, o indie, e as cenas musicais eram estabelecidas na Inglaterra quando e porque elxs começaram a tocar. Que isso já é algo que eu não vivi e portanto não conheço pra falar. Mas sei que tem a ver com reapropriação e produção de cultura, conteúdo, arte no formato que quiser e puder, e se sentir bem para tal. Enfim, mais ou menos o que já era difundido nos Estados Unidos com o DIY, e o que o Riot pensava em linguagem própria e não a simples reprodução daquilo que vinha da falocena.
A banda acabou em 1994. Dela as pessoas foram tocar em
algumas outras, e continuaram com suas vidas. Vou deixar uns link aqui que
ajudam a traçar os caminhos pós HB.
Minha sugestão? Ouça Huggy Bear e muito!
Agora alguns links pra se jogar. Que talvez seja a parte
mais legal aqui do texto. Devia ter colocado no começo?
Esse é um site que tem bastante coisa sobre a banda! Muita
mesmo.
Esse é um texto que o baixista do Bloc Party escreveu sobre
o Huggy Bear. Ele é uma pessoa que viveu a época e era da região. Ele fala
bastante coisa legal, e bastante coisa que eu concordo, porque também me traz
sentimentos parecidos a banda. é um testemunho que vale a pena ler.
Show ao vivo na Escócia, já pro fim da banda.
Esse é um video ao vivo do Som February, 14th que era da Videozine Getting Close to Nothing. Eu acho muito foda, ainda mais o lance dele ser ao
vivo com as duas câmeras simultâneas.
Downloads!
Para baixar Huggy Bear: nesses dois sites aqui tem bastante coisa, não sei se chega a ser tudo, e se todos os links tão ok. Mas é um bom ponto de partida. Aqui e aqui.
Para baixar Huggy Bear: nesses dois sites aqui tem bastante coisa, não sei se chega a ser tudo, e se todos os links tão ok. Mas é um bom ponto de partida. Aqui e aqui.
De brinde esse é o ep de uma banda que chama The Element
of Crime. Que tem o Chris e acho que mais gente que era do Huggy Bear, mas não
tenho certeza. É meio difícil de achar, então ai está! Pra você que chegou aqui
no final.
Escrevi ouvindo:
e Huggy Bear! ;)
É isso, agora acho que vou descansar um pouco. Aproveite os
sons!
-mama
-mama
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