sexta-feira, 14 de setembro de 2012

(show cancelado) doppelgangers! comunicado:


Hey, é o Mama aqui.

Aproveitando o espaço aqui do blog, gostaria de compartilhar um texto que fiz com uma das bandas que eu toco, a Doppelgangers!
Recentemente passamos por uma situação que não nos sentimos nenhum um pouco bem, e estamos compartilhando isso o maximo que conseguimos. Por favor quem puder compartilhar também, está mais do que bem vindx a fazer isso. É só isso, acho que o texto fala por si.

Doppelgangers! no S/A - Campanha do Agasalho - Foto: Juliana Bastos


            Gostaríamos de chamar a atenção para um fato: tínhamos um show para fazer em um festival dia 15 agora, porém não iremos tocar mais.
Por mais de um motivo na verdade, mas a idéia aqui é atentar para uma coisa em especifico.

            Na página do facebook do evento, começaram (e se seguiram, mesmo após uma tentativa de intervenção) algumas piadas e comentários de idéias sexistas e agressivas. Piadas que relativizam o estupro, a violência contra a mulher, homofobia... tudo para a graça do piadista.
Ele acha engraçado, é ironico, e por isso deveriamos aceitar?  NÃO, nunca!

            Só porque algo é irônico não deixa de ser machista, e nunca devemos relativizar nada por uma piada. Principalmente quando é algo que lida com a cultura de estupro e violência que ainda vivemos.

            Sexismo não é engraçado.

            Relativizar e incentivar agressões não é uma prática que devemos aceitar ou deixar passar.
Isso só contribui para blindar e encrustar o machismo ainda mais na nossa sociedade, e nas cabeças mais jovens.

            Não precisamos de sexismo para rir.
Existem jeitos de se divertir que não são agressivos nem opressivos. É isso que queremos e apoiamos.

            O que nos machuca não é quando os nossos privilegios são abalados. O que nos machuca (entre sentimentos vários) são as constantes desilusões do pensamento de união que gostariamos de fortalecer, mas vemos serem meras reproduções de rotinas opressivas.



            Na idéia de “mexeu com uma, mexeu com todxs”:
Não somos uma banda disposta a tolerar idéias e comportamentos sexistas, homofóbicos, racistas e opressivos de qualquer maneira. Visto que essas ideias ja são intolerantes desde sua colocação.

            Assim como não queremos nos tornar meros reprodutores, estamos cientes de que a nossa convivência é baseada em construções coletivas e mudanças pessoais.
           
            Por isso não estamos simplesmente falando “somos contra as coisas ruins.”, queremos saber e participar de maneiras que nos embasem e fortalecam contra a violência e opressão com todxs. Inclusive quando pensarmos em nossos privilegios, e se estamos usando deles de maneira opressiva.

            Esse é o nosso emocore emocional. Não é não! (não = não)

            Não choramos porque ouvimos um não. É por saudades de momentos felizes. São as dores que chegam sem avisar...

            Não queremos forçar ninguém a nada, ou causar algum mal-estar por uma decisão pessoal. As pessoas tem direito a seus corpos e suas vidas, é preciso saber respeitar isso em si e nxs outrxs.

            Isso não é facil, mas isso também é reconhecer os seus privilégios.
Novamente: cultura de estupro, resolução pela violência, incentivo a agressividade não fazem parte do que chamamos de emo, de música independente, de contra-cultura, enfim, de doppelgangers!

Esse é um repúdio aberto ao machismo com que ainda nos deparamos diariamente e ainda é fortemente presente na cultura de shows e música independente.


                                             Amor,
DOPPELGANGERS!

12 de setembro de 2012



link da carta




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