Alethéia #1 |
Tem uns tempos já que comprei o Alethéia, zine de 1998, feito por Bianca (que tocava no Arma Laranja).
Estava lendo a entrevista com Rethink, que tem nessa primeira edição, e transcrevo aqui uma resposta que não responde muito bem a pergunta que ela tinha feito:
"Bianca: E quanto às meninas? De um tempo para cá aumentou o número de meninas envolvidas com hc. Vocês acham que existe algum tipo de sexismo dentro da cena? Qual é a opinião de vocês sobre isso?
Juninho:Antes tinha 20 caras e 1 mina, agora...
Jorel:Agora tem 100 caras e cinco minas!
Os dois (juntos):Aumentou.
Jorel: Sem dúvida. Ah, não sei, existem pessoas que têm comportamentos questionáveis, né?
Bianca:Independentemente de ser homem ou mulher.
Juninho:Com certeza. Tem que deixar isso claro.
Jorel:Eu acho que a maioria das pessoas que realmente acreditam na coisa, e têm uma postura que eu considero honesta, deixam as meninas com total liberdade para atuar. Elas são totalmente bem-vindas e bem aceitas na cena. Mas é lógico que eu acho que existem pessoas que não tem muita noção do que seja estar de acordo com os seus princípios.
Juninho: A gente podia falar para o pessoal começar a pensar mais nisso, nesse tipo de atitude que os caras tomam.
Bianca:Atitude sexista?
Juninho:É, atitude sexista, pode ser; Sei lá, quanto à relação, ter mais respeito, não extrapolar.
Jorel:Eu acho que brincadeira é brincadeira e você tem que saber fazer, porque às vezes você faz com pessoas que você não conhece bem, e pode acabar dando margem à problemas bem maiores, então se você for brincar, brinca com quem é seu amigo, tal; que você sabe que vai entender as suas brincadeiras; Agora se você tá na rua assim, e tem determinados tipos de comportamente que... bom, comportamentos sexistas, falando português claro, principalmente se você é sxe, eu acho que você não estará sendo condizente com a sua filosofia de vida, então é bom pensar nisso."
Esse trecho chamou minha atenção não porque eles não respondem bem a pergunta. Há uns seis anos, dentro da realidade do Sul Fluminense do Rio, o número de garotas envolvidas no punk/hardcore é baixo (conseguimos conta-las usando apenas uma mãozinha) e os caras que fazem as coisas, com algumas exceções, são os mesmo de sempre. 13 anos depois dessa entrevista, que refletia a realidade de São Paulo, as coisas ainda não mudaram muito. Pelo menos não aqui.
E se formos pensar em relação a bandas, que bandas atuais contam com garotas? Sejam elas mistas ou não? Preferia mil vezes não ter que falar sobre isso, de novo. Preferia que tivesse pelo menos um lugar pra fazer show por aqui, pra ver se com o tempo mais gente aparecia pra fazer junto. Mas.. o tempo passa, as coisas não mudam tanto.
Na real esse post era pra ser uma resenha do Alethéia. Tava pensando em ir tirando fotos dos zines do meu arquivo e ir falando sobre eles, mas acabou que acabei indo falar sobre isso. Mas pretendo ir fazendo isso, sim. Afinal de contas, qual é o ponto em se ter zines se forem para ficar apenas na gaveta?
2 comentários:
eu queria esse zine!!
como faz?
natha.ugh@hotmail.com
nathalia
oi, é a Bianca, ex- Infect/ Arma Laranja e autora do Alethèia. que legal ver isso tantos anos depois! acredita que nem eu tenho uma cópia? a caixa com ele se perdeu em alguma mudança. se ainda tiver, poderíamos combinar de vc xerocar pra mim? beijo!
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