domingo, 9 de maio de 2010

Atrasadas, resenhas, atrasadas, atrasadas!

Atrasadas de verdade, então vamos logo. Porque esse é um blog que quer falar sobre zines de papéis e o que menos temos postado são resenhas de zines de papel.
As duas primeiras foram escritas pelo Fernando e as outras por mim.

Um é o Visual Agression, feito pelo Ricardo Chacal. Acho que o zine que peguei foi a segunda edição. Ele é xerox pb, com uma diagramação bem simples.
Bom, ele é basicamente um zine de entrevistas. No total são 7 bandas entrevistadas (Ação Direta, Armagedom, Sons of war, Melody Monster, Plague Rages, Kaos 64 e Genocidio). Algumas entrevistas boas, revivendo histórias do punk brasil 80 e tal, outras entrevistas bem estranhas e chatas, não por culpa do Ricardo, mas sim da banda entrevistada. A que eu achei mais legal foi a do Melody Monster. Pela entrevista deu pra perceber que a frustração de muita gente em relação ao punk é igual. O hardcore como um meio aparentemente libertário, mas feito por pessoas reacionárias.
O zine conta também com uma matéria sobre o GBH, resenhas de discos e um poster do Sepultura. O Ricardo mantém um blog e uma rádio online aos domingos. Se você gosta de punk antigo brasileiro e metalpunk, vale a pena conferir o zine e o blog.
Contato: ricardothrasher@hotmail.com



O outro zine foi feito pela Isadora, de SP. Como ela mesma diz, é um zine sobre pessoas. São histórias de pessoas próximas a ela, ligadas ao punk, que vão de viagem à chiapas e kombi louca nas ruas de são paulo, ao futebol que realmente emociona. O texto sobre a vinda do time de futebol Easton Cowboys e Cowgirls ao brasil foi o que mais me agradou. Easton é um grupo de futebol que agrega ações políticas como o discurso antiracismo e antifacismo. Eles já viajaram para Palestina, México e África do Sul divulgando a mensagem, ajudando em projetos sociais e políticos, trocando experiências. O relato dessa passagem é feito pelo Mandioca e Leandro e é de uma beleza incrível. Nos aproxima de uma real quebra de fronteiras entre as pessoas, seja pelo seu país de origem, pela sua cor de
pele ou orientação sexual. O texto nos dá uma a sensação de que nem tudo está tão bruto quanto imaginamos. Parabéns mesmo. Acho que o Mandioca e o Leandro
fazem parte do Autônomos Futebol Clube, que é um time de futebol com as mesmas idéias do Easton Cowboys and cowgirls.
O zine conta também com uma entrevista muito boa com a banda Red Dons, na época da turnê deles pelo Brasil. Fotos jornalísticas do Daigo (fodido e xerocado), além de uma matéria sobre a banda The Fall, que eu não conhecia. O zine é realmente bom, vale a pena pegar uma cópia.
Contato: isadora@riseup.net



Vou falar um pouquinho sobre o zine da Isadora também. Ele tem 54 páginas, é meio ofício e tem uma ótima impressão. Ele é do último trimestre de 2009, recebi o meu em dezembro. Isadora é envolvida no punk há muitos anos, quando vi que o zine era feito por ela – com contribuição de vários amigos– fiquei surpresa. Porque não é muito comum pessoas com anos e anos de punk lançarem zines de papel, eu pelo menos, não conheço muitos.
Não queria ficar repetindo o que o Fernando já disse, mas o que também chamou a minha atenção foi o texto sobre os Easton Cowboys and Cowgirls – liberdade através do futebol. Porque eu nunca tinha ouvido falar sobre essa iniciativa ou sobre a banda Fora de Jogo. Saber que existem iniciativas anti-racistas e solidárias envolvendo pequenos times de futebol é legal, um contraponto em a indústria do futebol. E seria legal quando o Ataque ou Fuga viesse tocar aqui se a gente jogasse uma partida também, pelo prazer de não saber jogar direito e jogar do mesmo jeito.

Fernando Job “Katz” fez contato comigo uns tempos atrás, trocamos zines e assim conheci o Karta Bomba Zino. O zine existe desde setembro de 2008 e suas edições mantém a linha editorial: textos sobre bandas punks,entrevistas e resenhas.
O conteúdo fala sobre uma parte do punk que eu não conheço a fundo, que é o início do punk brasileiro, depois de ler o zine me contextualizei melhor sobre o assunto.
A #0, de setembro de 2008 traz um texto falando sobre a história e lançamentos do Olho Seco, da banda Nabat e resenhas.
#1 traz um texto sobre a banda DZK e entrevista com a banda Japurá Noise Project.
#2 texto sobre Sham 69, comentário sobre uma gig, receita vegetariana, texto sobre a banda Armagedom e entrevista com eles, resenha de zines.
A #3 é a última edição que eu tenho, tem entrevista com Pecúlio Discos, texto sobre a Casa da Lagartixa Preta e resenhas de zines.
A periodicidade (quatro edições em quase três anos) é algo invejável. Mas invejável mesmo é a qualidade da arte, Katz tem talento e faz o zine totalmente DIY. O zine vem sempre dentro de um envelope, o da #1 é silcado e acompanha um adesivo, algumas fotos de bandas são coladas uma a uma. É legal ver um zine que tem todo esse cuidado e com periodicidade, espero que ele consiga manter o zine. Confira a entrevista que ele deu pro blog zinismo.





Recebi no primeiro trimestre de 2010 o zine No Make up Tips, feito por Gabi e Jayde, de Santa Maria/RS. Fala principalmente sobre questões relacionadas ao feminismo, a longo de suas 16 páginas. Dois textos falam sobre a temática feminista, um escrito por Gabi a respeito da descriminalização do aborto e o outro escrito por Bruna Homrich que critica a visão do senso comum e conservadora sobre o que é ser mulher: ser criada para casamento e maternidade, a visão triste e limitada que ainda é possível ver e ouvir suas reproduções.
Tem entrevista com a banda TSF (Tijolo Seis Furos) que é de Santa Maria. Na época que trocava zines eu sempre recebia flyers deles, mas acho que nunca pedi demo ou algo do tipo. A capa é impressa em cores coloridas, é simples e bonita: trás o nome do zine e o fundo listrado. Sempre legal ver iniciativas e zines sendo feito, sendo conciliados com faculdade e todas essas responsabilidades que todas nós temos. A Gabi também mandou o zine Conversas Paralelas, com colagens e fotos e algumas frases. É bonito, todo impresso em páginas amarelas. Ele é feito por Guilherme, da Cu Sujo. É o primeiro zine dele que leio, quando trocávamos carta eu pegava as fitas da Cu Sujo, tenho elas aqui até hoje. Como eu ouvi o split com Abravanel. As duas também postam no blog Lá na Casa da Árvore, é possível acompanhar por lá novidades ou pelo email: nomakuptips@hotmail.com





Dando uma olhada em blogs achei um do alagoano Daniel Hogrefe, ele falava sobre a nova edição do zine que ele faz, o Quase, no caso sobre a terceira edição.
No blog li que era um pacote com o zine e adesivos, quando vi, foi bem mais legal.
O Daniel enviou a #3, a #2 e uma edição do zine que ele editava antes, Rising, que eu já tinha. O Quase é foda. Porque é sobre algo que eu queria saber fazer, mas não sei, e nem tento na verdade. Sobre desenhar, desenhistas, streetart.
A #2 tem entrevista com Roteen, ele faz stencil. Também com Herbie, desenhista alagoano na época com 19 anos que tem o traço fino e preciso, com desenhos muito legais. O zine é finalizado com entrevista com Deluxe Trio.
A #3 é impressa em papel reclicado. A capa é uma página de um livro de história, com o nome do zine impresso, bem bacana. Tem duas ótimas entrevistas, boas perguntas e boas respostas. Com Farofa (vocalista do Garage Fuzz) falando sobre o trabalho dele, sobre a banda, sobre o documentário. A outra é com Flávio Samelo. Até então eu não conhecia o trabalho dele com fotografia. É igualmente boa, longa e falando sobre skate e streetart. O zine termina com um texto legal e com ilustração idem.
Recebi o zine em fevereiro, e fazia tempo que eu não lia um zine com empolgação. Entre em contato.



2 comentários:

Nandolfo disse...

Postagem sensacional!
E topo fácil o jogo de futebol. Nada se compara ao prazer de não saber jogar.

Pedro Mendigo disse...

Putz, não sabia que o Daniel de Maceió ainda escrevia zines, eu trocava uns com ele no tempo do Rising, vou correr atrás desse Quase. O zine da Isadora é animal, gostei muito. Abraços