terça-feira, 21 de julho de 2009

Faca Cega entrevista Jesus Mongolóide

Essa entrevista foi publicado em 2004, no Faca Cega, editado pelo Ruivo.

Eu não tenho qualquer participação nisso, ESTOU APENAS REPRODUZINDO O CONTEÚDO porque gosto do zine, da banda, e sei que o Fernando ouve o split com o Garrancho em Lápide semanalmente.
Estou apenas reproduzindo.
A entrevista está disponível na página do Faca Cega e no myspace do Jesus Mongolóide. (Eu não me canso de escrever Jesus Mongolóide, Jesus Mongolóide, Jesus Mongolóide!)

Curitiba, proveniente do meio punk que deu origem
a bandas como White Chirstian Disaster, Pluto, Morte Asceta e Garrancho em Lápide, entre muitos outros clássicos da cena punk nascida em meados dos anos 90, dois milênios depois da primeira aparição, com vocês: Jesus Mongolóide, o retorno do Messias.


Jesus, como você se virou no tempo de sua encarnação, já que não havia ainda uma "Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais"? Ou havia?

Chico- Ruivo, cara, a idéia de Jesus Mongolóide é puramente ilustrativa, não é uma pessoa de verdade, sacou? Ela quer dizer tipo, que essa coisa da religião institucionalizada, e do cristianismo de uma forma geral, não necessariamente enquanto uma espiritualidade, mas mais tipo como uma coisa que empurra um padrão moral goela abaixo das pessoas não tá com nada. É tipo coisa de retardado, ta ligado? Além é claro, de ser um nome punk bacana tipo Dead Kennedys ou Millions Of Dead Cops.

No fim de 2003, eu vi um ensaio de vocês, achei ótima a idéia de uma banda de hardcore com pouca distorção; era uma certa volta ao Teen Idles. Já na fita (split com Garrancho em Lápide) aparece uma distorção maior, mais próximo a um Black Flag do começo. Porque a mudança?

Chico: A distorção na fita tem mais a ver com o jeito que a gente gravou, usando um amplificador pequeno e o jeito que ele foi microfonado, no fim das contas, como ficou parecendo Reagan Youth, ninguém reclamou, mas ao vivo continua o mesmo cavaco de sempre.

No hardcore/punk inovar tem quase se tornado um sinônimo de tocar mais rápido e/ou mais pesado. É possível tocar não tão rápido ou com uma afinação em "mi" sem se tornar repetitivo? Qual seria um caminho para fugir da mesmice?

Chico- Eu não acho que tocar música implica necessariamente em evoluir, ou inovar. A gente tirou a distorção e fez esse tipo de som, porque a coisa que mais teve a ver pra todo mundo na banda é hardcore dos anos 80 e punk rock, então tinha a ver fazer isso com o som. Mas não era pra ser nenhum comentário sobre o estado da arte dentro do hardcore, foi só alguma coisa que nós queríamos fazer: tocar punk rock direto e
simples parecido com aquelas bandas que a gente ouve (SOA, Necros, Dicks...)
e pronto.

Como vocês entraram em contato com o punk rock?

Shu- O primeiro punk que eu vi na vida era um cara que morava perto da minha casa, o Vexame, todo mundo tinha medo dele por que o cara não se vestia igual a nenhum outro moleque da época, sempre de cara fechada, era encrenqueiro, usava um monte de facas na roupa, o skate dele tinha uns Grabber de ferro e por aí vai. Daí depois de vários
anos eu comecei a escutar Ramones e aí comecei a fazer aula de bateria pra fazer uma banda, fiz uns seis meses de aula e não aprendi nada, mais alguns se passaram e acabou que minha primeira banda de verdade eu tocava guitarra, essa banda era o White Christian Disaster.

Chico- Ouvindo sex pistols e ramones, e depois fazendo minha própria banda punk. Mas a coisa que mais me inspirou foi ver o White Christian Disaster ao vivo e ler o Apocalipse Wow, então de certa forma to passando pano pro Shu aqui, ui!

Quais mudanças perceberam em seu modo de agir e encarar as coisas dentro do punk?

Chico- O hardcore-punk me colocou em contato com várias coisas que eu não sei se pensaria vivendo uma vida "normal". Coisas tipo liberação animal, sexual, e a conexão entre todo tipo de exploração dentro do capitalismo. E mesmo tocar em uma banda punk é uma experiência diferente por envolver fazer sua própria música sem precisar tocar por dez anos um instrumento, falar o que se tem vontade sem agradar ninguém, organizar seus próprios shows, etc. Isso pode parecer uma coisa garantida,
mas é bastante diferente de ser um cidadão exemplar, ou pelo menos deveria
ser.

Julia, como é ser menina em uma comunidade onde predominam homens? Porque há tão poucas meninas neste meio?

Julia: Quando eu pego um ônibus carregando meu baixo tem uns idiotas que reparam, que acham grande coisa uma menina que toca rock, e dependendo do show, do ambiente, isso acontece do mesmo jeito, mas nos shows que nós mesmos organizamos eu não sinto essa mesma pressão e eu nem preciso me importar tanto com essa questão de gênero.

Jesus, você se viu no cinema? Mel Gibson fez um bom trabalho? Quem matou você de fato?

Chico: Então, a gente nem viu esse filme ai, mas ia ser legal chamarem o Mel Gibson pra dirigir algum filme sobre a Primeira Guerra Mundial, porque ia ser muito gore.

Depois que nós te socarmos, você oferecerá a outra face e nós o socaremos outra vez. O que você vai fazer então?

Chico e Shu: Disposição pra bater qualquer um tem,eu quero ver é disposição pra apanhar.

Você tem inimigos? Quem são? Você consegue amá-los?


Chico- Hmmm, parafraseando o Mário: mate o Jesus Mongolóide dentro de você!

Existe alguma novidade e/ou lançamento previsto?

Chico- Chuck pretende gastar tempo e dinheiro em uma parada chamada de Buraco de Cu Pretensioso, uma barca furada que pretende lançar música punk de qualidade de forma independente. Também estamos falando com nosso amigos do BUSH sobre fazer um split compacto limitado, e vai saber se isso aí vai dar certo... mas quem quiser nos escrever mande cartas.

Um comentário:

Fernando disse...

Uma guerra em cada quintal!!