segunda-feira, 27 de agosto de 2012

resenha: Tim Kinsella e Guilherme Granado tocam na Casa do Mancha

Coluna do Mama

Hey Carla, tudo bem com você? Ja era pra eu ter digitado isso ha um tempo. Mas como as coisas são, demorei e aqui estou. Espero que faça mais alguns depois.


Enfim, São Paulo, vim para um show na Casa do Mancha. A casa do mancha é um pico de shows aqui, mas não só isso. Um lugar não tão pequeno, mas que da pra caber bastante gente apertadinhas. Tem o espaço de dentro vazio onde acontecem os shows, sempre com uma ou duas bandas no maximo. É segunda feira. Vai ter show de Guilherme Granado (Hurtmold/Againe), e o ultimo show de Tim Kinsella aqui no Brasil, nessa segunda vinda dele.

Tim era o vocalista do Cap'n Jazz, que começou quando tinha uns 15 anos, e tocou/toca em varios projetos que eu acho bem bons. Naquela ideia do começo do emo/indie em Chicago que depois se condensaram na Jade Tree Records, ele é um dos primeiros caras a fazer isso, junto com seus companheiros de bandas e amigos proximos, como por exemplo o Friction do Bob Nanna (Braid, Hey Mercedes). Mas diferente do emo da linha mais hardcore que vem do Embrace, One Last Wish e outras bandas de Washington da Dischord.

O Cap'n Jazz, e as bandas seguintes vinham com o som mais pensando pro Indie, pra complexidade no som. Não que o som precise ser complexo enquanto cheio de notas, mas de brincar mais com ele, na ritmica, nas letras não serem diretas a um pensamento. Onde você pode divagar mais mesmo, e sentir as músicas te levarem ao mesmo tempo que te ajudam a perceber sua vida, aonde você está, como você esta, com quem você está...
mapa de palco do Joan of Arc
Na sexta, dia 10, teve o show do Joan of Arc (JoA) com abertura do Againe e foi bem insano. JoA ao vivo é de outro mundo. Hipnotiza. O jeito de tocar deles, os sons, a sintonia ali. Tinha muita história ali naquele palco, no sentido das bandas e shows que aqueles caras já tocaram. Tim, Victor, Sam, Bob, Theo.

Um dos maiores exemplos disso pra mim, e acho que você vai gostar de saber também, é no disco da antologia do Cap'n Jazz, logo no começo tem um flyer de um show deles com Heavens to Betsy + Excuse 17. Imagina que louco quem foi nisso ai. Mas é uma coisa que já aconteceu. Hoje é segunda 13, e espero dois shows bons por aqui.

O Tim provavelmente não tocará nenhum som do Cap'n Jazz como já tinha avisado no outro show de sábado. Mas acho que não precisa, estou aqui pra ver o som dele. Que não decepcionou nenhuma vez. Aliás, pelo contrário, renovou a cada vez. Acho melhor esperar o som para concluir o resto.

video do show do ano passado, no sesc belenzinho.

Da apresentação do Granado já esta tudo montado esperando, que nem o outro show que vi dele. Mas mesmo assim, não quero me prender a uma expectativa.

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Agora já de volta consigo pensar um pouco mais. Começando do primeiro, Granado. Dessa vez o show foi direto emendando os sons sem parar. O que eu achei bem catártico. Não deixando morrer o momento e suavizando nas transições. Eu podia ficar falando de varias coisas aqui, com varios adjetivos, mas acho que nem deveria. Pra mim, esse set dele cai como uma passagem num barquinho.

Eu até fiz um desenho de como foi o show, haha. Achei mais facil. Não me lembro de nenhum pensamento concreto que tive no show, mas acho que nem caberia. Talvez algo de como eu sou injusto comigo e com outrxs e não devia deixar o coração ter as rédeas dessa justiça, que não é nada de julgamento de valor. Mas aquilo que te ajuda a estar concentradx. E como os oques te desviam dessa ideia. De um foco.


Ok. Agora o Tim. Pensando mais nesse show. O de sábado foi bom também, mas nesse deu pra notar que ele estava mais solto, mais confortável na medida do possível, parecia menos preocupados com pensamentos. Enfim, o cara sentou em sua cadeirinha, pegou o intrumento e começou a esmerilhar a guitarra com tudo! Com tudo que tinha naquele momento.

Esse é Tim Kinsella hoje e naquele dia. Isso é quem ele é, como ele é. Indo de som em som mudando suas afinações constantemente e emendando como quem, mesmo incerto, sabe lidar com a situação a sua maneira. Afinal, estava posta. Ele em sua cadeira, nós sentadxs no chão ou de pé. Rodeando, respirando. Ali não importava uma noção musical, ou o quanto de conhecimento se tinha dos sons ou não. O que acontecia eram todxs aguardando ansiosamente o próximo, quando do silêncio. E provavelmente com um sorriso no rosto. Mas não que significa-se a felicidade como o unico sentimento a passar por ti. Mas nunca como algo ruim. Só como algo que acontece e passa mesmo.



Talvez ano que vem tenha mais. Lembrando que quem trouxe e organizou esses shows foi a Submarine Records. Talvez tenha o projeto do Victor Villareal solo também! Ele era guitarrista do Cap'n Jazz também e toca no Joan of Arc, Owls. Sem contar mais algumas bandas. Eu consegui falar com ele antes dele voltar pros Eua, ficou bem animado com o Brasil e com as pessoas que estavam bem entusiasmadas com o som. Vamos ver 2013, espero que passem pelo rio se voltarem mesmo. Esse é um video dele depois durante a tourne na Europa esse ano.
                           



-mama


Ps: enquanto escrevia tava ouvindo...
vítima, trio punk de meninas de são paulo
morra tentando, skate punk de maceió
bikini kill, pussy whipped' inteiro
the bangs, ao vivo em 99 

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