Vulva La Diva
Resenha/testamento sobre o festival Vulva La Vida
O festival de contra cultura feminista que mobilizou algumas brasileiras começou dia 19/01. Cheguei dia 20/01, sobre o dia 19/01 o que escrevo é baseado no que era comentado. O festival trouxe garotas de vários lugares: Barra Mansa, Curitiba, Distrito Federal, Sergipe, Ceará, Salvador, Natal e João Pessoa.
Dia 19 rolou a Oficina sobre mulheres e a bicicleta como meio de transporte, realizada por Marília e Iara, que vieram pedalando de Goiânia até Salvador. Essa foi a única oficina aberta a garotos. Como eu cheguei no dia seguinte não tenho como falar muito, mas as outras garotas disseram que foi bem legal. As facilitadoras distribuíram um zine sobre o role de bike que elas estavam (estão?) fazendo. As oficinas aconteceram no Espaço Raul Seixas, no Centro.
Oficina de Bike |
Depois, na sala Alexandre Robatto, perto de onde rolou a oficina, foi exibido o documentário Don’t Need You: The Herstory of Riot Grrrl. É bem legal, vários depoimentos sobre quem fez o Riot Grrrl acontecer, como Allison Wolf e Corin Tucker, e alguns trechos de shows.
Dia 20: a primeira oficina Oficina de Dança de Rua– B.Girling e Rap uma pergunta para cada resposta em altura por Simone Gonçalves. Ela é uma das vocalistas da Munegrale. Pequenos grupos de garotas foram formados, e elas comporam letras e depois cantaram/rimaram. Eu nunca teria conseguido, pela timidez, mas foi muito legal ver a criatividade delas e a coragem para cantar/rimar perto de outras pessoas. Depois rolou uma roda, e as meninas lançaram uns passinhos mucho marotos. Carla, outra vocalista da Munegrale disse uma coisa que ficou na minha cabeça. Foi sobre o ritmo, o estilo de música, nos separar ao invés de nos aproximar. Era uma oficina de hip hop, e algumas meninas não tinham/tem contato com hip hop, como eu. Depois dos papos que rolaram na oficina fiquei na pilha de aprender mais sobre.
Oficina de Break |
Depois, foi a vez da Oficina de Moda e Feminismo e Estética na Contra Cultura, facilitada por Taline Pimenta. O debate foi legal, dando espaço para quem vê a moda como uma imposição de valores e regras, e para quem vê a moda como uma construção social, feita por pessoas comuns e estilistas. Falou-se também sobre a história da moda e indústria da moda.
Oficina de Moda |
Depois da oficina, fomos para a sala Alexandre Robatto, assistir o filme Girls Rock. O filme fala sobre o Rock 'n' Roll Camp, acampamento conta com voluntárias, que ensinam garotas de 7 a 18 anos a tocarem instrumentos. O filme foca na história de algumas meninas, meninas mesmo, de 7 anos, e de adolescentes. Através da música elas tentam superar problemas familiares e entender as mudanças pelas quais elas estão passando. Em dado momento Beth Ditto (Gossip) facilita uma oficina de canto, e aproveita para falar sobre auto estima. Além de Ditto, vemos no filme Carrie Brownstein (Sleater Kinney) . Me peguei em vários momentos pensando “ah, ela ta lá, ela! Ela que fez as músicas mais fodas, que me deram vontade de tocar guitarra. O tempo passou e ela faz o que acredita”. Filme que tod@s devem ver.
A primeira oficina que rolou na sexta, dia 21, foi a Oficina de Fanzine, facilitada por mim e Camila Puni. Primeiro conversamos com as meninas sobre o que era um fanzine, qual contexto ele apareceu, como faze-lo. Nós levamos vários zines e deixamos a disposição para quem quisesse ver. Enquanto algumas liam zines, outras conversaram sobre os zines que tínhamos levado, sobre as possibilidades de usa-los como ferramenta educacional. Logo depois começamos a produzir alguns. Algumas meninas deixaram o zine conosco, nós os levamos e eles já estão disponíveis para download. Foi muito bom ver garotas que não conheciam zines e garotas que são zineiras juntas, participando da oficina. Não tinha aquela postura de “já conheço isso, isso não me interessa mais”.
Oficina de Fanzine |
Zines produzidos na oficina |
Depois, foi a vez de começar a mais polêmica das oficinas, a de Feminismo e Pornografia, facilitada por Natália Soares, graduanda em Antropologia pela UFBA. A questão central do debate: é possível criar uma pornografia feminista? O debate deu espaço a todas presentes: hétero, bi e lesbianas/dykes/queers. Além disso discutiram algumas autoras que reprovam a pornografia. Mas acima de tudo falou-se que é necessário que exista uma pornografia onde possa-se, de alguma forma, se indentificar.
Oficina sobre Pornografia e Feminismo |
Mais uma vez, na sala de arte foi exibido um documentário. Foi a vez de Ladyfilmine, curta que fala sobre o Ladyfest Roma, que em 2010 completou dez anos.
Após o festival houveram conversas sobre o porque das oficinas terem sido fechadas, exceto a de bike. Todas foram exclusivas para mulheres, ou seja, nenhum cara pode participar. Essa opção foi dada pela organização do evento, e cada facilitadora escolheu se sua oficina seria fechada ou aberta. O debate foi saudável. Algumas diziam que as oficinas poderiam ser abertas, dependendo do assunto. Outras diziam que concordavam que fossem todas fechadas. Por exemplo a minha e da Camila poderia ter sido aberta. Nós escolhemos que não fosse. Não é um tema exclusivamente feminino, porém, nos demos o direito de ter esse espaço exclusivo, de fortalecimento. Nunca tinha estado em uma oficina exclusiva para mulheres, me dei o direito de estar. Se alguém me convidar para facilitar uma oficina de fanzines somente para homens, para mulheres e homens, para mulheres, gatos, crianças e homens, vou com a mesma disposição.
Sexta feira a noite rolou a festa TOP TOP, realizada para ajudar a custear o festival. Quem conseguiu, acordou no sábado para a oficina de inicialização de WenDo, facilitada pelo Grupo WenDo Salvador. Não pude participar, mas tenho certeza que foi muito boa.
De tarde, antes do show, rolou uma conversa sobre ativismo radical e Riot Grrrl no Brasil. Contando suas experiências no rock, estavam: Daniela Rodrigues (vocal e guitarra, das bandas Triste fim de Rosilene, xReverx, The Renegades of Punk e Jezebels), Ludmilla Gaudad (vocalista da Estamira, tocou também na Poena), Elisa Gargiulo (Dominatrix) e a moderadora/faz tudo do Vulva La Vida/menina dos olhos de Íris, Marina Paiva (tocou na Sundae, e ta com zine novo: Avessa). Cada uma das garotas falou um pouco sobre sua história, as bandas que já tocaram.
Dani, Elisa, Mah e Ludmilla |
Bilheteria |
A noite, era a hora do show. O espaço era a Casa de Arte,no Pelourinho. Desce ladeira, vira ladeira e chega. Um espaço grande, com venda de comida vegana (feita pelo pessoal da Rango Vegan), espaço para as várias banquinhas, varal cheio de zines antigos e pro show. Tinha muito matéria foda lá. Na Entorte tinham vários CDs do Le Tigre, Bratmobile, discos do Spitboy e Good Luck. Queria todos.
Fotos de Fiama Delmondes |
A primeira banda foi Endometriose, de Feira de Santava (BA). A banda é: Ilani Silva (Baixo), Gabriela Fernandes (Voz e Guitarra) e Norma Juliete (Bateria). Não conhecia, o show não foi o meu preferido, mas elas executaram bem o punk/hardcore que se propuseram tocar. Além das músicas próprias, rolaram covers de Bikini Kill e Bulimia.A única banda que não tocou foi Macumba Love.
Endometriose |
Na sequência, vieram as The Jezebels (Dani – vocal e guitarra, Paloma – bateria e backing, Fábio – baixo). Jezebels é a outra banda de Daniela Rodrigues (vocal e guitarra da The Renegades of Punk). Ouço as bandas de Dani desde a época da fodona, Triste fim de Rosilene. Quem nunca ouviu o 3 way Ofensa, Mais Treta e Triste fim de Rosilene até cansar? Mas, voltando a Jezebels. Já tinha ouvido a demo, e estava ansiosa para vê-las ao vivo, principalmente para ouvir a música Amigas. O som estava ótimo, a cada música era mais difícil se manter parada, por causa das guitarras marotas. Além do vocal de Dani ser afinado e bem cantado (alguém comentou que em alguns momentos lembrou o de Jello Biafra), a baterista, Paloma, chamou a atenção. Ela não poupou a bateria, e enquanto tocava demais fazia backings e ainda balançava o cabelo. Coordenação motora é tuda. Tour no sudeste com a Renegades já!
The Jezebels |
Em seguida, veio a Baby Lizz, banda de Maracanaú, CE. A banda é: Jaque (vocal), Thais (baixo/vocal), Dejane (guitarra) e Nita (bateria). Elas passaram muitas horas das vidas delas ouvindo Kólica e Kaos Klitoriano, ainda bem. O som rápido com vocal forte foi o que mais chamou minha atenção. Se não me engano, elas tiraram um cover de Cólera.
Baby Lizz - Foto de Fiama Delmondes |
Munegrale existe desde 2005, e mistura Rap, blues, samba, cordel e outros ritmos afrobrasileiros. A banda é: Simone Gonçalves (Negramone), Carla Santos (Kaianapaz), Deyse Ramos e elas contam com a parceria com DJ Bandido. Não conheço muito sobre rap, então faltam as referências. Mas o show foi animado demais, bom demais, gostei bastante. Elas cantaram muito, e as letras políticas e divertidas. Acho que não tinha ninguém parado nesse show, tanto que quando elas disseram que o show tinha acabado, tod@s pediram bis, e elas tocaram mais uma.
Munegrale - Foto de Fiama Delmondes |
A quinta e última banda da noite foi a Dominatrix. Tava bem, bem cheio de gente. A frente do palco, dominada pelas garotas/loucas de Aracaju. O meio pelas garotas que quase derrubaram o pedestal. Elas começaram o show com as músicas novas, em português. Logo no a corda do baixo de Adriessa arrebentou, por isso ela pegou emprestado o baixo de Thaís (Baby Lizz). A qualidade do som continuava boa, e elas foram alternando músicas novas, Quem defende pra calar, Vai lá, as fodonas do Beauville, Knowlege, Flat Earth, Broken Glass Candy. O calor tava insuportável, a quantidade de gente também. O único jeito era dançar/pogar/cair. Pedimos muito Patriarchal Laws, mas não rolou porque nem todas da banda sabiam tocar. Gentchi, ta na hora de aprender, a música é um hino! Enchemos o saco por Redial, e elas tocaram, foi foda demais. A noite não poderia ter terminado melhor.
Dominatrix |
No domingo rolou a Oficina de Comensalidade, Veganismo e Mulheres, facilitada pelas garotas do Rango Vegan. Confesso que esqueci o real significado de Comensalismo que elas explicaram porque fiquei viajando nos Comensais da Morte, do Harry Potter. Mas.. elas fizeram um Bobó vegano, arroz, Salada com pepino, brócolis, tomate gratinada. Muito gostoso, comi até ficar triste. E depois ainda rolou um Musse de Limão vegan que a Mah fez.
Rango (: |
Mais tarde rolou a Oficina de Arte de Rua e Grafite, facilitada pela Kátia Sista K. Foi bem bacana, rolou um papo sobre street art, sua história, o envolvimento de garotas. Kátia levou e explicou as diferenças e indicações para usar determinado spray e canetão. Depois cortamos alguns stencils. De noite algumas meninas saíram pra vandalizar.
Oficina de Grafite |
No domingo ainda rolou assembléia de auto avaliação, sobre o festival. Muitas réplicas e tréplicas sobre o que aconteceu, como poderia ter sido, o que podemos mudar e etc.
Vulva la Diva |
As meninas que participaram do festival, enviaram relatos, leia aqui. Mais fotos do festival aqui. Foi assim, uma mistura de conversa, debate, música, colas, papéis, zines, correria e açaí que rolou o festival. Se você gosta desse babado, ouça meu conselho: junte dinheiro, vá para Salvamor, porque 2012 não está muito longe.
4 comentários:
viu, essa menina faz oficina, discoteca, fica bebada, faz a moderadora, muda de corte de cabelo, bja na boca, cata latinha, paga peitinho!!!!!!!!!
huahuahuahuahuahuahuahuhuaahu
estou aki rindo horrores do "faz tudo"!!!!!!!!!!! hahahaha
não pára não pára não pára nããão, até o chão!!!!!
bi, sua resenha fico linda e bem a sua carinha <3
foi um prazer indescritível!!!!!!
amuah
go grrrrrls!!!!!!
posso linkar seu blog no meu moça, muito interessante ^^
http://poeticamenteincorretos.blogspot.com/
Mas que deu vontade, deu!
Parece que foi bem legal... nesse ano não pudemos ir, tomara que no ano que vem possamos!
beijos
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