Dançarina Mandanah, foto: Andrew Hecht |
Vamos começar com o clichê dos clichês: praticar alguma atividade física é bom para você. Há a melhora do condicionamento físico, sensação de bem estar e o combate a algumas doenças, isso quando você pratica regularmente. Um dos efeitos da prática de atividade física que não é muito comentado é o empoderamento. Empoderamento foi a palavra de ordem dos posts de março, mas nunca é muito falar sobre o assunto.
Saber que você consegue correr longas distâncias sem capotar ou correr o risco de perder o folego é algo que sim, te faz sentir poderosa. Saber que você faz aula de luta coloque a sua aqui e tem mais chance de se defender do que uma mulher que não faz te dá mais segurança. Acho que, de uma maneira geral, manter o corpo em movimento dá a sensação de controle sobre o corpão e os limites do que você é apta ou não para fazer. Isso é foda.
Para a professora de história e mestranda em História, Francismara de Oliveira Lelis, foi a dança do ventre que a empoderou mais. Além de manter o corpo ativo, a dança do ventre ainda trás elementos que não são fáceis de se desenvolver em um mundo misógino como este: autoestima. A dança é também algo divertido e que trabalha corpo e sensualidade, temas que não são tão simples assim.
E o mais legal que eu aprendi com a Fran foi que a dança do ventre acolhe muitas mulheres, cada uma com a sua particularidade. Ela indicou esses vídeos para nós conhecermos mais deste universo. Mas agora, chega de blablabla, e bora ver como a dança do ventre modificou a Fran:
Fran: A dança do ventre mudou meu olhar sobre o meu corpo e sobre os corpos das outras pessoas. Me permitiu perceber a beleza dos movimentos e da especificidade dos corpos, da interação do movimento com o os ritmos. Também me fez ter mais respeito pelos limites do meu corpo.
CT) Porque foi importante você ter se empoderado?
Fran: A dança do ventre me permitiu momentos de liberdade, onde não importa se estou gorda ou magra, se sou alta ou baixa, sou apenas a dona de um corpo capaz de dançar.
Nas aulas somos diferentes mulheres nos divertindo, nos empenhando em aprender, nos apoiando mutuamente, nos descobrindo. Nessas aulas eu abandonei pudores, me reconstruí mais segura e confiante, conheci mulheres incríveis, construí laços de amizade e sororidade.
CT) O que é empoderamento para você? Já viveu uma situação onde antes era insegura e em outro momento percebe que se empoderou? Se for possível, conta um pouco sobre?
Fran: Empoderamento, dentro dessa minha vivencia, foi perceber diversas inseguranças e limites e romper com os mesmos. Me expor, num palco, dançando para diversas pessoas desconhecidas, foi a culminância desse processo de desapegar dos meus medos e paranoias e me permitir errar e acertar, tentar de novo, recomeçar... e tudo isso com plateia, inicialmente das minhas colegas de dança e posteriormente do público das apresentações.
E hoje, depois de mais de um ano frequentando as aulas de dança do ventre, consigo me perceber mais segura em outras situações em que tenho que me expor, quando preciso falar em público para pessoas desconhecidas por exemplo, o olhar do outro sobre mim não é mais ameaçador.
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