Ilustração: Bruna Morgan |
A palavra de ordem de março no Cabeça Tédio é empoderamento. Mas, o que isso significa? Segundo a Escola Aberta de Feminismo, o conceito está ligado à auto-estima no sentido que confere um orgulho de si, uma sensação de “poder fazer” (como indica seu próprio nome, do inglês power) e está, por tanto, indissoluvelmente unido ao nível de auto-estima pessoal. A professora da UFBA, Cecíla Sardenberg acrescenta que "o empoderamento de mulheres, é o processo da conquista da autonomia, da auto-determinanação". Por isso, implica libertação das mulheres das amarras da opressão de gênero, da opressão patriarcal.
Como outros conceitos, esse é difícil de se colocar em prática, pois nos confrontamos com anos de construção social, inseguranças e representações diversas sobre o que é ser mulher. Por isso, muito provavelmente, cada uma de nós teremos diferentes formas de nos empoderarmos, diferentes motivações e limitações. Mas o empoderamento é uma estratégia de sobrevivência, por isso no mês de luta da mulher, estamos falando sobre ele a partir de diversos ângulos. Isso porque é compartilhando e conversando a respeito que nós podemos acumular mais experiências a crescermos juntas.
Representatividade
Imagem compartilhada em março no Facebook, infelizmente não sei o nome da menina |
Empoderamento tem tudo a ver com representatividade, pois quanto mais sua autoestima está elevada, se desenvolvendo, mais você é confiante para ser quem você é. Você acaba inspirando outras mulheres a fazer o mesmo, e assim, mostra para todxs outras formas de ser e resistir.
O empoderamento é crucial, de vital importância, para as mulheres negras. Quantas mulheres negras são amplamente celebradas por conquistas no âmbito social, intelectual, cultural e em tantos outros? E quantas mulheres negras latinoamericanas? Quantas são protagonistas de filmes, ganham o Oscar, são reitoras de universidades, são cientistas, engenheiras, escritoras, pintoras?
Quantas mulheres negras ocupam espaços de poder? Quantas se sentem representadas pelos meios de comunicação de massa?A representatividade de mulheres negras empoderadas nos meios de comunicação é o caminho para que as meninas e mulheres negras se sintam integradas e celebradas na cultura pop e na sociedade. A imagem acima diz isso tudo por si só, né?
Double Dare Ya
Foi a primeira vez que uma música me convocou com tanta força e intensidade a olhar para dentro de mim mesma e me disse para me transformar no que eu sabia que eu era ou no que eu poderia ser. Isso é algo forte para quem aprendeu que ser comportada, bonita e submissa eram os valores que faziam uma garota, que caracterizavam "uma boa garota" - seja lá o que isso for. E ouvir isso de uma garota que estava aos berros numa banda punk, é empoderador demais!
A partir daí, sigo tentando sempre fazer uma "revolução no estilo das garotas". Isso me faz sentir capaz de ocupar espaços hostis, de rachar machos, de desconstruir a ideia de competição entre mulheres, de ser melhor e etc. Não é fácil praticar o empoderamento, e em alguns dias parece que meu empoderamento foi tirar férias, mas insistimos, né?
Por: Anna CrimeWave |
Uma das melhores coisas que entendi, foi que posso me esforçar e tentar empoderar outras mulheres. Falar as qualidades dela, lembrá-la o quanto ela é forte, inteligente e destruidora me faz bem, assim como conhecer mais garotas que praticam a empatia entre si. Apoiar outras mulheres é o ensinamento básico do feminismo, e quando fazemos isso fortalecemos uma rede de empoderamento entre mulheres.
Foi com o Riot Grrrl que tive meu primeiro contato com o empoderamento, e certamente foi lá que me empoderei. Não só "Double Dare Ya" me ensinou, mas muitas outras músicas também. O que consigo tirar de "Grrrl Power" das músicas é uma das motivações para seguir e me fazer forte. Isso é um pedaço da minha história e cada uma vai ter a sua maneira de se empoderar. Por isso, se você ainda está se encontrando nesse assunto, é importante você buscar o que funciona para você, e seguir firme no caminho do auto cuidado e do autoconhecimento. E nunca esqueçamos o que Beth Ditto já nos ensinou "não saia com pessoas que te façam sentir menos do que maravilhosx".
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