Mostrando postagens com marcador emo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador emo. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Mixtape Pop Punk e 9 motivos para ouvir... pop punk!

Tem preconceito? Já ouviu falar mas não sabe por onde começar a ouvir? Não sabe do que estamos falando? Então leia este post!


Por Carla, Nandolfo e Mama



Por Taylor Ruth

Nós gostamos de pop punk. Cada um começou a ouvir em uma época, tem suas preferências e suas referências no assunto, e gostar dessas bandas foi algo que nos aproximou. Esse laço, de gostar muito de algumas bandas - que não é particular do pop punk, mas de quem gosta de música e de compartilha-la com quem se gosta - é forte. Quando um acha uma banda que gosta um tanto, vai e manda pro outro. Nessa hora, já se sabe que deve ser algo especial, e por aí vai. Por esses motivos, pela razão da tirinha acima, e porque as bandas são fodas, preparamos 9 motivos para quem ainda não ouve pop punk começar a ouvir. 

Mas antes da lista, é importantíssimo deixar algo bem claro: historicamente o pop punk é um subgênero musical misógino e machista. Assim como o punk, o death metal e tudo mais que nos rodeia. Machismo e misoginia aprende-se culturalmente e isso se infiltra mesmo. Existem muitas críticas - principalmente nos EUA, local onde o pop punk é bem forte -  as letras de bandas pop punk. Para ler mais sobre, confere a resenha do Marcelo sobre o primeiro show da volta do Polara, no intertítulotítulo "Emo e Sexismo" há uma discussão sobre o assunto.

Mas a nossa lista, os nossos motivos e mais importante - as referências musicais que pensamos e citamos - são de bandas que não são misóginas e machistas. Existem muitas bandas com discurso feminista, antisexista, queer, vegano que tocam pop punk. E existem outras tantas que não tem esse discurso e que também não tem letras preconceituosas. Nossa referência é essa. E falar delas é uma forma de mostrar que não existe só um pop punk.

E se os nossos motivos te convenceram.. ouça a Mixtape #8: Pop Punk, nós selecionamos várias bandas feras. Depois dessa, não há desculpa para não ouvir pop punk e não sorrir.


PS Eliot @ 10 anos de Salinas Recs - Foto Christopher Carreon

1
Aqui os singalongs pertencem a todxs e não apenas a meia dúzia de garotos que pisam na sua cabeça e te empurram pra fora do show. Cantar "and it goes on and on and on" com xs amigxs em espaços seguros (entenda como espaços que não toleram misoginia/sexismo/homofobia/etc, onde você pode ser quem é) parece ser algo muito bom! É claro que existem bandas de pop punk de todas as formas (mainstream ou não), mas se você acompanha este blog, sabe de que tipo de cena estamos falando. Cantar, dançar, se divertir, se emocionar, vivenciar e sim, cantar os melhores refrãos juntxs!! 

2
No pop punk os "tchururus" e os "uôuôôs" fazem sentido, se encaixam perfeitamente naquelas guitarras marotas, nas vozes mais doces e nas mais raivosas, nos ritmos cadenciados e nos agitados. As palavras aqui funcionam, grudam na cabeça e no coração, dão ritmo às suas vivências, acompanham suas idas e vindas. O pop punk tem o dom de criar bandas ótimas e músicas apaixonantes, além de possuir as pessoas mais simpáticas do punk! Deve ser a melodia que torna as pessoas mais amáveis e dispostas a criar bons laços.  

3
E acho que o terceiro motivo é simples. Deve estar batendo pro lado esquerdo do seu peito enquanto você le isso.

4
Dançar! Ok, dançar não é nenhuma coisa exclusiva desse estilo de musica, música é pra dançar seja lá qual for ela. Mas acho que eu queria chamar atenção pra de fato dançar ouvindo pop punk. A animação que toma conta do corpo, e que me faz até perceber melhor todo a minha extensão e quão desengonçado eu sou. Adoro isso. É um jeito muito bom de se soltar, seja pra começar o dia ou pra terminar ele em grande estilo, não necessariamente num show, mas ouvindo no fone no seu quarto e se remexendo muito, sem um ritmo ou passo definido mas uma coisa que acaba durando por muito muito tempo seguidamente! Dançar ouvindo pop punk é muito bom e as vezes é difícil fazer uma coisa sem a outra. É o movealong do corpo pra acompanhar o singalong da voz.


5
Punk rock é um ótimo motivo para se ouvir pop punk. Como assim? Acho que é essa ideia de tentar não se rotular ou não se contentar com um rótulo. Sabe aquela ideia de não se fechar a uma coisa só? Por mais que numa micro escala, ouvir pop punk pra fugir daquela ideia de que punk é isso ou aquilo. Numa mesma ideia sobre ir atrás de bandas riot-grrrl pra não ter que ficar ouvindo aquela ladainha male values uber alles, mas como aqui estamos falando de pop punk até generalizando isso um pouco mais... Se reinventar, se reapropriar, brincar, se descobrir e descobrir muita coisa nova e que seguem outras direções daquela que é fácil se acostumar. Acho que o pop punk pode ajudar a dar novas ideias e de um jeito ainda leve sem precisar de tons agressivos. 


Little Lungs @ 10 anos de Salinas Recs - Foto Christopher Carreon
6
Suas filhas e seus filhos vão adorar pop punk! Sem deixar de mencionar a origem de tudo (bandas, discos..), as bandas de pop punk são perfeitas para ser referência de punk para xs pequenxs. Há política, façavocêmesmx, há feminismo e diversão e você pode dançar muito com elxs colocando no aparelho o LP da Sourpatch ou a tape da All Dogs no volume máximo!!

7
Ouvir pop punk pode ajudar a diminuir níveis de tristeza, e até mesmo a eliminar - mesmo que temporariamente - o mau humor. Uma pesquisa realizadas entre abril, maio e junho deste ano pelo Instituto Cabeça Tédio (ICT) aponta que 80% das pessoas que estavam tendo um dia ruim e foram expostas a "uo, uo, uo", riffs animados e à músicas do RVIVR se sentiram menos miseráveis depois da audição. Não há restrição da receita, a menos que você empreste seu disco/player para algum amigue. Para uso sem moderação, os pesquisadores indicam que é importante que cada um descubra o tipo de banda que se encaixa melhor no seu perfil. O resultado da pesquisa só pode ser aplicado a bandas que não são sectaristas, preconceituosas e tudo aquilo de ruim que a gente já sabe.

8
As letras. Uma vez que você já tem algumas bandas preferidas, que tratam de temáticas caras à você, é muitíssimo provável que você se identifique com as letras. É provável também que elas se tornem recortes de alguma época que você viveu, e que te lembrem coisas ruins e boas. E que elas te ajudem a pensar e mudar aspectos do seu comportamento. Obviamente, isso não é particular do pop punk, mas acho que elas podem ter uma certa magia especial.

9
Se os outros oito motivos não foram suficientes, esse também não será. Vou ficar aqui ouvindo PS Eliot, até mais.

Mixtape #8: Pop Punk


O segredo dessa playlist do amor foi: cada cabeça tédio escolheu cinco tracks. Claro que perguntas como "me avisa se você for colocar High Dive para eu não colocar" foram feitas, afinal de contas, existem bandas que apenas não poderiam faltar. Tanto porque gostamos demais quanto pela qualidade delas. Então é isso, se você gostar da mixtape manda ela para alguém que você gosta, quem sabe assim vocês não começam uma banda e um dia a gente faz uma mixtape de pop punk com bandas brasileiras? 

Foto: Sourpatch

Tracklist Mixtape#8: Pop Punk

01 - PS Eliot - Incoherent Love Songs
02 - Travelling - Pt1. End of Summer
03 - Little Lungs - Pet Cemetery
04 - Aye Nako - The Rind
05 - Cheeky - Grow Fins, Turkey
06 - High Dive -Square One
07 - Omar - Candice Sells Out and Tries to Move to Brookly
08 - Latterman - An Ode To Jon Contra, Part 2
09 - Lemuria - Bristles and Ahiskers
10 - The Ergs - Every Romance Language
11 - Caves - Bows & Arrows
12 - Joyride! - Social Studies
13 - Parasol - Firecracker 
14 - Peeple Watchin' - Rainbow Water
15 - You, Me & Us - Steve Holt!


Ou.. ouça online

sábado, 10 de agosto de 2013

Football, etc disponibiliza stream de "Audible", seu novo álbum

Novo LP da banda será lançado na próxima semana, e contém 11 faixas



Football, etc (do Texas, EUA) liberou o stream de seu novo LP, Audible, que deve ser lançado dia 13 de agosto (terça-feira) pela Count Your Lucky Stars Recs. Em junho deste ano a banda lançou um split 7" com Plaids, e com apenas uma música - belíssima - já aumentou a expectativa pelo novo álbum. Inclusive, elas acabaram de voltar de sua turnê no Reino Unido com Plaids.


Quer saber mais sobre a bonita banda de Lindsay Minton, Mercy Harper e Edward Reisner? Então confere essa Coluna do Mama, em que ele fala bastante sobre a banda, e daquele jeito que só ele escreve. Nunca ouviu a banda? Te convido para assistir esse vídeo ao vivo, em que banda e público dão um show de fofura. Para as garotas que gostam de emo, mas não suportam ouvir o chororô sexistas dos caras, essa banda é uma boa pedida, e para quem quer ver um pouco de sexismo aplicado à música (e a Lindsay, vocal da banda) vem aqui. E, finalmente, para a alegria emo:

sábado, 2 de março de 2013

Polara, São Paulo, paulistas & paulistanxs

O Mama contou como foi o show do Polara para ele. Na medida que ia lendo, fui me lembrando de várias coisas que se relacionam (e me relacionam) com Polara, São Paulo, paulistas e paulistanxs, e como não fui ao show e a leitura do texto do Mama despertou tanta coisa resolvi escrever esse post. Indo muito mais pro pessoal do que pra discografia tr00.

Baixae
Não lembro quando foi a primeira vez que ouvi Polara, ou qual álbum ouvi primeiro. Mas acho que foi o split com College, porque me lembro muito bem de só ouvir o Polara no repeat, e só depois de um longo, longo tempo eu fui ouvir College. Não tinha a ver com a qualidade do College, que acho legal, mas sim em só querer ouvir a outra banda. E o Polara, quando você percebe já está meio querendo dançar, cantando junto e se lembrando de qualquer merda que tenha acontecido contigo ou que você tenha feito com alguém. É quase involuntário.

Eu curtia demais o polarinha porque era a banda que me dava uma folga do barulho. E ainda tinha aquele lance da auto censura, porque achava que por gostar de thrashcore e power violence não deveria poderia gostar também de algo mais melódico. Isso que da ser nova e boba e achar que um som excluí o outro, quando na verdade isso não importa. Mas no fim das contas fui ouvindo as duas coisas: Magrudergrind de um lado e Polara do outro, e belezinha.

E na medida que lia o texto do Mama, via um monte de coisa da época em que eu mais ouvia Polara. Tem épocas que a gente ouve tanto uma banda e isso deixa bem marcada as pessoas que estavam mais próximas de nós na época. E tem horas que o que você menos precisa é dessas lembranças, aí você acaba dando um tempo de certas bandas. E é bom também ver que o tempo passou e que essas lembranças já não incomodam mais e você volta a ouvir a banda, de boa.

E o texto do Marcelo acabou me levando para coisas boas que eu sentia ouvindo Polara, e os vídeos do show de agora também. Para mim, olhando bem de longe, o pessoal que colou no show vomitou as letras e dançou na cara de seus demônios. E se eu tivesse ido não seria diferente para mim, acho.

São Paulo

Para mim São Paulo sempre foi uma cidade-redenção, cidade-refúgio. Aquele lance bem adolescente e romanceado em que você constrói tão bem uma ideia que até parece que é verdade. Até você de fato ir, conhecer, e ver como as coisas funcionam de perto. E foi na medida que eu comecei a visitar São Paulo que eu fui entendendo melhor as letras do Polara, porque tem sempre algo da cidade, que antes eu não tinha dimensão.

Anos passaram até eu saber o que significa o "vão do masp de tarde". As coisas que eles viveram na cidade impregnaram as músicas de um jeito.. e o Marcelo me disse que "morada dos pássaros" tem uma pegada muito Perdizes. Ainda não sei exatamente o que isso significa, mas sei que lá tem um prédio com o mesmo nome da canção. Sei lá, eu acho super fera ir fazendo essas traduções de letras de bandas queridas e depois cantar a música pensando nas outras dimensões de significado que ela tem, para além daquele que nós mesmxs damos a elas.

São Paulo foi a cidade que me deu e tirou várias coisas e que eu tirei de algumas pessoas também, mas foi lá, que vivi coisas que antes eu diria que não teriam acontecido. De ficar com medo de andar com coletinho com patches (carecas) a ver bandas que eu passei anos ouvindo, a comer as melhores comidas veganas, os melhores shows e tocar na frente de outras pessoas. A lista é longa e chata, e para por aqui.

Além do cinza, de corintianos e cracudos o que existe em SP? Tá, dizem que não tem amor, mas sobram paulistas e paulistanxs com seus sotaques que cantam as musiquinhas do coração. E isso tudo sempre faz lembrar de ficar lá "mó cota" tocando um polarinha e quase atrasando todo mundo.

E é engraçado como algumas bandas te aproxima das pessoas. Você não as conhece há muito tempo, é bem diferente delas, seus signos não batem mas isso tudo não importa quando gosta-se de Polara ( ____________ pense na sua banda que se encaixa aqui).

Não tem amor em sp? Mas tem punk
O tempo passa, eles fazem um show, você não vai. Você ouve em casa, lembra de várias coisas, lembra das coisas boas e ruins e fica naquelas de não colocar nada em balanças e ver como a vida vai acontecendo. Não tenho fósforo, mas já li meu horóscopo, e se fosse pra te dar qualquer conselho é para que você leia o seu também.

Deixo dois vídeos, da mesma música, porque isso deles tocarem a mesma música duas vezes foi massa.

Empate - 1a vez



Empate - 2da vez



sexta-feira, 1 de março de 2013

Como foi o show do Polara pra mim

antes de tudo, se você nunca ouviu polara, pare por meia hora. ouça isso:
http://www.youtube.com/watch?v=RW_dJeJboj4

coluna do mama


Foto: Marcos Bacon

Hey Carla! tudo bem?


Senti sua falta no show...  Pra juntar essa sua ideia de te contar como foi e postar uma resenha aqui no blog, já vou fazer tudo de uma vez. Até porque prefiro te contar como foi, do que meramente resenhar esse momento (não que uma coisa seja necessariamente independente da outra, mas enfim).


Bem, você me conhece e sabe que eu gosto bastante da banda. Nunca tinha visto um show deles, então quando anunciaram o show fiquei bem feliz. Quer dizer, acho que muita gente que eu conheço ficou pra caramba! Apesar que a Priscila já tinha profetizado a volta no last.fm há um tempão e um monte de gente duvidou, há! O show aconteceu dia 23/02 (sábado passado) dentro da exposição Um paço ao seu alcance, que é uma exposição do Carlos Dias (ASA) no paço das artes, dentro da USP (Universidade de São Paulo). 

Ok, contextos a parte. Uma pausa. Voltando ao Polara...

Então comecei meu dia já sabendo que ia cedo pra usp e ia ser isso. Empacotei minha mochila com o que necessitava, deixei o frame and canvas no repeat e fui pegar o 177-p. No bom e velho ponto do lado de casa, mas sabendo que aquela fachada que sempre me encara ia me dar um animo extra nesse dia. Coincidencia, ironia, ou fotologuisse essa é a minha visão do ponto de onibus antes de ir pro show.


Bem, uma vez na USP já notei o que seria o dia, encontrar pessoas e ouvir um som! Talvez por Polara ser a banda mais cantada no rolê, ou talvez por eu conhecer pessoas demais que gostam da banda. Sei lá o que dizer sobre o Polara sem parecer choroso demais, ou muito babão, mas de um jeito é inegável que desde os primeiros sons que eu ouvi deles, me senti bem. Senti uma certa identificação, sem saber direito se era por causa de acordes, frases ou um clima que me trazia algo de seguro. Me fazia olhar a minha volta e saber que havia um sentido naquele espaço. Mas o dia vinte e três era muito mais do que só isso. Me lembro que por exemplo, só conheci um amigo meu nos primeiros dias de faculdade porque eu tava com aquela edição da +soma que tinha "Empate" na coleta e a gente ficou  falando sobre bandas de emo, cantando uns sons do Inacabado e essas coisas. Esse amigo inclusive, foi quem me apresentou Braid alguns dias depois.

Esse é o Braid. Frever got shorter agora né?
Acho que o show teve bastante a ver com isso. Pessoas da nossa vida. Tinha muita gente, gente conhecida, amigxs de tempos atrás, novas amizades, pessoas que eu tenho muito carinho, gente que eu amo do fundo do meu coração. E também pessoas que você só sabe quem é do facebook, gente que eu cumprimentei/conversei cara a cara pela primeira vez, e até pessoas que seria estranho (awkward) demais falar oi do que dar um like. É meio bizarro falar assim, mas acho que é um pouco isso também. E também as pessoas que não foram, e queria que tivessem lá também...

Sem tentar me alongar demais, lá pelas oito horas e pouco o paço já estava armado e empacotado. Nossa tinha muita gente lá, umas 300 pessoas (?). E o show começou (acho que foi com menos um dia) e pronto foi só o que todxs ali precisavam pra se derramar. E se derramar mesmo, caramba tava uma voz só ali que o vocal saindo dos PAs ficou pequeno. Não pelo volume em decibéis, mas pelo volume espacial da coisa, aquilo que preenche. De um jeito eu até esperava isso, todas as pessoas cantando os sons, cada uma a sua maneira. Mas quando isso aconteceu materializado, foi uma onda que arrebatou todxs ali pra cantar ainda mais. Ficou claro que quem tava ali, tava querendo aquele show e precisava daquilo naquele dia e daquele jeito. Pelo que dava pra ver da reação dos caras, acho que não estavam esperando tanto isso e parece até ter causado uma surpresa um coro tão grande em cima de som após som. Uma surpresa boa que foi só alimentando mais e mais o clima do show. Poxa, e que clima bom que alegria que tomava conta dxs amigxs. Olhava para os lados achando olhos amigos, feições de felicidade, emoção não contida.

Logo no começo do show quando eles tocaram "Meus Cumprimentos" do split com o College, aconteceu ali o que eu achei que foi um dos melhores momentos. Priscila pegando o mic pra cantar o som, uma pena que caiu o cabo. Poxa era o que ela precisava, vendo ela naquele momento, me encheu ainda mais pra terminar o som a plenos pulmões (é dificil, é dificil, eu queria ser seu. waaaaaaaah). Por conhecer ela, por saber o quanto ela gosta da banda, por já ter tocado e cantado vários sons do Polara com ela, e alguma coisa de muito bonito nesse momento que não sei descrever. Foi mais ou menos assim...


Críticas & (o eterno) espaço alheio 

Vou aproveitar que o vídeo ajuda a dar uma pausa, pra falar da parte não boa do show. Porque apesar do show ter sido muito muito muito bom! Não posso deixar de falar de certas coisas. Primeiro porque é algo que já te contaria de qualquer jeito, e por estar no blog acho que a gente tem uma certa questão com posicionamentos (políticos ou não) que não faria sentido esconder. Enfim, os problemas do show não tem nada a ver com ter faltado um som ou outro, sempre vão "faltar" sons em shows, ainda mais quando se quer ouvir todas as musicas da banda, mas pra mim não faltou nenhum porque tiverem presentes tantos outros.

Em questão de som, não chega a ser um problema, mais um desejo mesmo dos instrumentos poderem estar mais altos. Mas isso não é culpa de alguém ou de algo, imagina um show independente/diy/roquinho de graça ter um paredão de caixas de som? Era só uma vontade pós show mesmo, até porque eu falei com muita gente depois do show que ouviu muito pouco das guitarras/baixo e até bateria. Mas isso acho que também ninguém sabia o que ou como esperar o desenrolar desse show também. Reforço que essa ideia do som só faria ficar mais altos os instrumentos, mas não vejo como um problema ou se necessariamente faria do show melhor. Mas é essa ideia que eu como estava na frente conseguia ouvir os instrumentos, e só depois fui sacar com as pessoas que estavam pra trás que se ouvia muito pouco para além das vozes. E só porque eu não estava atrás, que eu não posso pensar e reconsiderar essa situação.

Enfim, se você ver os videos do show vai notar que teve uma treta (ou um principio dela). O que foi a treta mesmo, eu não entendi muito na hora. Mas foi um claro desentendimento entre dois caras ali na frente (que tavam mais pra esquerda, enquanto eu tava mais pra direita). O problema em si não foi essa treta, já que ela logo foi miada, mas o que desencadeou ela foi a situação. A euforia ali era tanta que gerou um certo empurra-empurra, pessoas indo pra frente, você se sentia esmagar de vez em quando, um clima intenso. Meio violento até, eu diria. Não era em qualquer lugar que dava pra ficar dançando, ou dançar de qualquer jeito.

Muita gente se achou em bons lugares na frente, ao lado, ali na região do 'palco'. Só que o miolo, a muvuquinha, tava se apertando cada vez mais. Tanto que desencadeou essa mini treta. A partir de um certo momento, aquilo tudo se assentou de uma maneira que estávamos ali vendo o show do Polara e cantando juntxs. Mas ainda um clima intenso (ok, intenso por diversos motivos muito mais bons do que ruins). E uma coisa que eu achei muito boa dessa mini treta, foi assim que começou a rolar esse lance, o Marinho já estava sem a guitarra falando pros caras algo como: se vocês querem brigar a gente para de tocar.

Além disso, alguns moshs tavam rolando periodicamente. O que pra muita gente é uma coisa normal ou é assim mesmo. Mas isso é meio perigoso porque é uma naturalização de uma parada que não é necessariamente como shows tem que ser. É perigosa essa afirmação de que "tem que moshar mesmo em show e é isso ai, aguenta.", porque as vezes você pode estar sendo inconveniente ou deixando alguém desconfortável sem saber. E lendo zines sobre consenso, me fica essa perspectiva de que certos ciclos estão fadados a se repetirem até que haja uma conscientização e/ou uma consideração, e não simplesmente uma conquista de espaço (não só físico) pela força.

Por exemplo, eu levei pisadas do além, enforcamentos, vi gente caindo em cima de amigas e amigos que só estavam ali curtindo o show a sua maneira. Mas essa é minha oipnião, prefiro rebolar o popozão a levar/dar chutes na cabeça. Será que quando eu danço eu estou incomodando as pessoas a minha volta? Talvez, eu tento me certificar que não to atrapalhando o show de ninguém mas também não posso afirmar com certeza, afinal sou grande e suo bastante enquanto me balanço de forma desgovernada. Vou aproveitar repensar também como me coloco nos shows que assisto.

Emo & sexismo

A última das coisas, e essa eu vou chamar de merda mesmo, depois é o meu gancho pra voltar ao Polara e as coisas boas (porque como diria um amigo meu, de difícil já basta a vida). Eu ouvi mais de uma vez falarem/gritarem coisas como "emo viadinho". Não sei necessariamente o contexto, mas não importa. Em qualquer lugar, de qualquer jeito, chamar alguém de "emo viadinho" é homofóbico pra dizer o minimo. Por gostar de emo e me identificar com muitas bandas, e também tocar em uma banda de emo com dois amigos que eu amo muito, a gente cresceu vendo, ouvindo e até reproduzindo muita besteira sobre emocore que depois fomos aprendendo, e nos posicionando.

Mas uma das maiores merdas em cima de tudo isso é esse sexismo anti-emocore que ficou bem forte em 2003/04 mais ou menos, que basicamente dividia as pessoas em "emos viadinhos" e "emos vadias". Isso só ajudou a reforçar uma despolitização de muita gente nova e da própria cena pop-emo que vinha dessa linha de emo/pop punk mainstream. Em vez de criticar uma mercantilização das musicas, ideais não diy que só nos fazem ficar dependentes de um sistema capitalista hegemonico, letras que vitimizam meninos e atacam meninas de maneiras pesadamente sexistas, atitudes e falas também homofóbicas... Não. Massificou-se essa ideia de reagir contra a moda emo de maneira homofóbica.

Que esse emo que virou moda pode não ter tanto a ver com o emo que eu escuto, mas também tem! Também é emo. Só que por muitas barreiras criadas isso se fragmentou, ao invés de trazer a discussão e as pessoas que gostavam da moda/estética visual e sonora para aumentar as trocas inter-pessoais. Não, fez-se questão de excluir.

Já li em zines antigas e na internet um termo como "emo-violence" que não faz sentido pra mim, parece uma proposição a ser violento (eu não entendi mesmo a proposta de emo-violence, não sei do que se trata). E também essa coisa de real emo, segregacionista pra caramba. Elitista a ponto de querer dizer que existe um emo certo. Mas existe mesmo? As letras sentimentais estão isentas de serem produtos de uma sociedade machista? Como? Se não houver a reflexão e a discussão? Muito se fala do hardcore/punk ser uma cena fechada para meninas, e essas ideias sobre emo então? Existe abertura num espaço onde o que mais se canta é sobre como meninas quebram corações, pisam em meninos e etc...?

Me poupe, muito hétero-bobo isso. Ai nessas, qualquer musica que um cara canta sobre uma garota vira emo, vira coisa de bicha. E qualquer musica emo a partir disso sempre vai ser sobre isso, só vão ler a sua musica como um menino falando sobre uma menina e não passará disso. Ninguém se abrirá a interpretações ou a de fato criar uma relação com a musica. A ideia do emo tem tanta abertura para se pensar em atitudes, sexualidades, comportamentos, identidades, pessoalidades, vestimentas, que poderiam se relacionar com queer, feminismo, vegetarianismo, questões de identidade de gênero não binárias, modelos econômicos... Aquela ideia do "pessoal é politico" podia estar muito mais forte (sem querer me apropriar disso, usando como referência). Nas palavras bikini killianas "Do you Believe in something beyond troll guy reality? I do, I do, I do!"



Muitas das bandas de Chicago, tomando o Cap'n Jazz como exemplo, tinham em seu som uma relação muito forte com a arte. Seja na busca de como afinar seus instrumentos e tocá-los de outros jeitos. A busca das influências plurilaterais, a questão das letras e poéticas que te fazem ir além, te faz pensar pra dentro, te faz repensar pra fora. Te faz ficar confusx pra caramba! Isso ai tem uma força indescritível. Não estou aqui afirmando que o som emo deva ser uma coisa ou outra, principalmente nunca um som politico no sentido partidário. Mas sim no sentido pessoal. Se isso não ficou muito claro, estou aberto a perguntas, criticas, etc... por favor! Estou colocando minhas impressões, foi assim que eu acordei hoje. Ouvir Polara me faz pensar em um monte de coisa.

E ouvir Polara também me remete a essa questão da ligação do som com uma ideia de arte. Não a toa que estávamos numa galeria no meio de uma exposição do próprio vocalista da banda. Não a toa que muita gente, eu incluso, acha esses sons lindos. Não a toa que o tempestade bipolar é uma viajem muito fácil de embarcar. Então tá!

Esse momento foi muito lindo mesmo, porque esse som ta no fim do cd Tempestade Bipolar e é uma parada meio catártica pra muita gente que eu já conversei. Acho que fica claro no vídeo, ou em alguns rolês por ai. Eu não esperava que eles fossem tocar. Um amigo meu eu não vi na hora, mas tenho certeza que chorou.

E o show prosseguiu com um set list de belas canções, e naquele clima de todxs ali pelo Polara. Quando o set list se mostrou finito, a galera ainda puxou "Duas e Meia" e "Confusa Demais" acapela. Com um leve acompanhamento instrumental. Isso ai não da pra escrever o como foi belo.


Foto: Marcos Bacon

Ok, pra gente que tava lá foi muito foda o show! E vendo os caras tocarem deu pra notar que pra eles ali também tava sendo muito bom. A mesma coisa que nos alimentava (enquanto pessoas), alimentava a banda, muita coisa sendo trocada ao mesmo tempo pra culminar no fim de tudo. E depois no facebook, né meo? Mas falando sério eu li eles escrevendo sobre o show, e parece ter sido tão emocionante pra eles também. Fernando na batera tocando com um sorrisão no rosto gigante o show inteiro. Sato no baixão um tanto misterioso mas nem um pouco menos empolgado e conduzindo-nos nota pós nota. Marinho tocando intensamente na sua guitarra esmerilhando riffs, acordes cortando corações e sempre muito enérgico. Rafael na outra guitarra toca muito! Também muito empolgado, pulava não se continha por que não tinha que se conter, ele estava feliz e isso estava estampado nele. Carlinhos tinha uma expressão as vezes de não estar acreditando muito, com certeza estava feliz demais, com a sua presença voadora, e a interação com quem estava ali que trazia ainda mais as pessoas pra dentro do som. Os sons foram tocados por eles, a ultima formação que nos presentou com esse show. Ainda tocaram empate duas vezes. Esse dia foi loco!

Uma hora o show teve que acabar, porque é assim que funciona. Mas não vi ninguém triste por isso. E pra todxs xs amigues que eu perguntei '-e ai ta feliz?' me responderam com sorrisos e/ou com certezas. Poxa, eles tocaram por mais de uma hora. Foi um showzasso, e dos grandes.

Exposição "Um paço ao seu alcance"

Se você tiver a chance ainda de vir a SP até o dia 24 de março, vale a pena dar um pulo lá pra ver a expo. Tem vários desenhos, quadros, colagens, fotos, murais espalhados pelo espaço. Eu achei que ficou bem boa, apesar de já gostar dos desenhos e trampos em geral. É bem legal ver muitos trampos dele juntos, não sei se é assim que é dentro da cabeça dele ou não, mas dá um impacto ficar pequeno ali dentro no meio de tanta coisa. Pra quem não conhece acho que é uma boa dar uma olhada no tumblr pra ter uma ideia.

Também tem uma instalação de vídeo, que ficam passando dois videos simultâneos, que da pra se perder legal. Uma das coisas que eu achei mais legal é um mural ali só de impressões da internet, não sei direito o porque, mas tem algo de hipnotizante ver a internet fora dela. Talvez tenha a ver com a proposta das coisas estarem ao seu alcance. Em resumo a exposição está bem boa, é uma coisa de ir la passar um tempo, conversar, ver mais algumas coisas e ver como isso te impacta. Ao invés de eu ficar aqui tentado desconstruir o que são esses desenhos ou porque eles estão lá.

Um dos trabalhos de Carlos Dias

Nesse mesmo dia do show tiveram 3 oficinas antes. Uma do Cabu falando da tour de arte que ele fez com mais uma galera agora no fim do ano, chama Viaje Musical. O projeto é bem legal, e acho que adiciona à perspectiva de que o punk não é só musica. Se você desenha você pode desenhar e fazer a sua tour, e conhecer gente, e trocar informações, etc... Ele mostrou uns videos bem bacanas da viagem, e contou um pouco da experiencia dele. Também rendeu um zine que vale a pena dar uma olhada aqui.

E ainda duas oficinas simultâneas, uma de gravação que o Fernando Sanches (Againe) tava dando umas dicas e mostrando pra galera como gravar um som, tentando desmistificar um pouco a gravação de uma banda ser algo ultra-complicado e ao mesmo tempo passando umas dicas que ele aprendeu com o tempo. E a outra de montar uma banda, com o Quique Brown e Velhote. Que basicamente era juntar quem tivesse afim ali pra fazer um som e tocar um mini show, uma pena que umas crianças que tavam lá não se animaram pra participar. Não perdi essa oportunidade de fazer uma jam ali com 4 pessoas que eu não conhecia, fizemos dois sons. Um punk meio alá Cólera e um outro meio pós punk que foi gravado como parte da oficina de gravação. Foi divertido, e algo pra fazer já no espaço onde mais tarde seria o show.


Arte nesse nosso diy

Esse show, tanta gente ali, me fez pensar uma coisa que acho que está cada vez mais e mais sendo falada por ai. Essa questão de arte dentro do meio punk/hardcore/indie, onde acho que não só o Carlinhos, mas ele também, ajudou a espalhar e impulsionar mais isso de quem também desenha, pinta, recorta-e-cola poder ser protagonista nesse meio musical. Afinal o meio independente não é só musical, e a musica e as artes visuais dialogam e muito, e não só o que é desenhado de maneira plana, o que esta na internet, o que é vídeo.

Qualquer forma de se expressar é uma forma de se expressar e isso é valido por que vêm de uma pessoa. Sobre isso eu me importo e gosto de ver, receber, dialogar. Se você parar pra ver, aqui em São Paulo, pelo menos, os shows tem mostras de artistas diy, e tem muito lugar que a musica não é o mais importante, ou a unica protagonista em eventos. Mais gente se joga e se propõe a fazer outras coisas que vem de dentro, não só aqueles velhos dois acordes. Um pouco disso porque gente como ele ou Carlos Issa (Objeto Amarelo) ou a Silvana Melo (Lava), pra dar exemplos, faziam isso com as suas bandas, com bandas de amigues, em shows e por ai vai. Um pouco do que foi falado na oficina do Cabu também. E acho que isso é/foi muito melhor abordado pelo Daniel no zine dele Tralha. Principalmente na Tralha #2. Se tiver a chance leia.

E outro lance, mais da parte musical, que acho que é pouco falado, que não só nos círculos específicos (mas pode ser que não). E já que ta rolando tantos revivals dos anos 90 e afins... A Spicy me parece ser algo que fazia muita coisa, não sei porque não vivi e posso estar falando besteira mas... Organizava show aonde desse, fazia coletaneas, lançava bandas. E isso fora de uma cena já esabelecida punk/hardcore, era a abertura de espaço pra essas outras referencias, e ainda sim diy. Era esse lado do emo/indie/experimental que foi fazendo seu próprio espaço. Se gravando, se lançando, tocando aonde desse, do jeito que desse. E isso eu acho muito foda! Acho que se hoje a gente que toca, se grava e afins, alguma coisa tem a ver como que o Rafael fazia com a Spicy. E ainda bem que  fazia isso! Sobre explorar possibilidades, abrir caminhos e ter sons que eu gosto, de um jeito que eu gosto. Não acho que seja exclusividade da Spicy isso, mas foi a que mais me impactou. Tipo aquela coleta Select, é embaçada. Muito boa!

De um jeito, ou de muitos foi isso que aconteceu. Desse jeito que eu lembro. Pra ver como da pra ir longe só com um show, uma banda. Ainda bem! acho que ficou legal, o que achou? que eu escrevi muito eu sei, mas não consegui me conter. Queria escrever mais, mas também tem que parar uma hora. Ei, se tiver alguma coisa que quiser escrever do show, da sua perspectiva, me manda ai também! marcelo.terreiro@gmail.com
Essas fotos do show são Marcos Bacon's. Se quiser tem o álbum inteiro aqui.

Agora vou deixar um play só com bandas/projetos dos integrantes do Polara, que foi meu combustível enquanto escrevia.


Musicaaaal!: 


albertinho dos reys  projeto de carlinhos acustico e lo-fis.
elroy - emão responsa que tinha crespo e sato.
cerezo - banda nova do crespo, lagwagon de são paulo.
walter e reys - dosreys + matheus walter.
hurtmold  - banda instrumental que o marinho toca guitarra. e ta de cd novo pela submarine.
mdm - projeto do mario de groove lo-fi.
elma - metal instrumental que o fernando toca batera.
mickey junkies - banda que o sato toca baixo também. tipo um fusion de rock.
cinedisco - emo carioca que o fernando tocou bateria uma época. 
caxabaxa - para os baphos 
diluentes - sempalavras.

E com certeza eles tocam/tocaram em outras bandas, vai atrás. Pra acabar um video ai do youtube! 

Já que o Fernando não chegou a gravar no cd do Cinedisco, taí eles no Hangar tocando "Copacabana", do Noção (com malni no baixo).
 

 muito amor,
-mama 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

(show cancelado) doppelgangers! comunicado:


Hey, é o Mama aqui.

Aproveitando o espaço aqui do blog, gostaria de compartilhar um texto que fiz com uma das bandas que eu toco, a Doppelgangers!
Recentemente passamos por uma situação que não nos sentimos nenhum um pouco bem, e estamos compartilhando isso o maximo que conseguimos. Por favor quem puder compartilhar também, está mais do que bem vindx a fazer isso. É só isso, acho que o texto fala por si.

Doppelgangers! no S/A - Campanha do Agasalho - Foto: Juliana Bastos


            Gostaríamos de chamar a atenção para um fato: tínhamos um show para fazer em um festival dia 15 agora, porém não iremos tocar mais.
Por mais de um motivo na verdade, mas a idéia aqui é atentar para uma coisa em especifico.

            Na página do facebook do evento, começaram (e se seguiram, mesmo após uma tentativa de intervenção) algumas piadas e comentários de idéias sexistas e agressivas. Piadas que relativizam o estupro, a violência contra a mulher, homofobia... tudo para a graça do piadista.
Ele acha engraçado, é ironico, e por isso deveriamos aceitar?  NÃO, nunca!

            Só porque algo é irônico não deixa de ser machista, e nunca devemos relativizar nada por uma piada. Principalmente quando é algo que lida com a cultura de estupro e violência que ainda vivemos.

            Sexismo não é engraçado.

            Relativizar e incentivar agressões não é uma prática que devemos aceitar ou deixar passar.
Isso só contribui para blindar e encrustar o machismo ainda mais na nossa sociedade, e nas cabeças mais jovens.

            Não precisamos de sexismo para rir.
Existem jeitos de se divertir que não são agressivos nem opressivos. É isso que queremos e apoiamos.

            O que nos machuca não é quando os nossos privilegios são abalados. O que nos machuca (entre sentimentos vários) são as constantes desilusões do pensamento de união que gostariamos de fortalecer, mas vemos serem meras reproduções de rotinas opressivas.



            Na idéia de “mexeu com uma, mexeu com todxs”:
Não somos uma banda disposta a tolerar idéias e comportamentos sexistas, homofóbicos, racistas e opressivos de qualquer maneira. Visto que essas ideias ja são intolerantes desde sua colocação.

            Assim como não queremos nos tornar meros reprodutores, estamos cientes de que a nossa convivência é baseada em construções coletivas e mudanças pessoais.
           
            Por isso não estamos simplesmente falando “somos contra as coisas ruins.”, queremos saber e participar de maneiras que nos embasem e fortalecam contra a violência e opressão com todxs. Inclusive quando pensarmos em nossos privilegios, e se estamos usando deles de maneira opressiva.

            Esse é o nosso emocore emocional. Não é não! (não = não)

            Não choramos porque ouvimos um não. É por saudades de momentos felizes. São as dores que chegam sem avisar...

            Não queremos forçar ninguém a nada, ou causar algum mal-estar por uma decisão pessoal. As pessoas tem direito a seus corpos e suas vidas, é preciso saber respeitar isso em si e nxs outrxs.

            Isso não é facil, mas isso também é reconhecer os seus privilégios.
Novamente: cultura de estupro, resolução pela violência, incentivo a agressividade não fazem parte do que chamamos de emo, de música independente, de contra-cultura, enfim, de doppelgangers!

Esse é um repúdio aberto ao machismo com que ainda nos deparamos diariamente e ainda é fortemente presente na cultura de shows e música independente.


                                             Amor,
DOPPELGANGERS!

12 de setembro de 2012



link da carta




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Football, etc.

Coluna do Mama
Hey Carlaa!!

Quase consegui fazer desse texto um texto de segunda.  Eu tinha feito outro mas não gostei, amassei e ja era. To me sentindo um tanto abatido, mas as vezes é o que ajuda a escrever.
Ah... esses dias um amigo me passou um zine da gringa que parece bom, e tentarei escrever sobre ele na próxima coluna. Chama “let’s talk about consent baby”.

Football, etc
Não sei se já te passei o som de uma banda de Houston, Texas que chama Football, etc. Quem me mostrou uma vez foi o Lucas, ele pegou de um sampler de um selo de Michigan que chama “Count your Lucky Stars”(era o #3 eu acho, é o que eu tenho aqui). Tem umas coisas legais, é pra uns lados emo indie. Nada muito barulhento. Sons suaves, de levadinhas, alguns vocais mais roucos ali e aqui. Mas de bandas que focam bastante numa parte instrumental. Algumas coisas que lembrariam o Sunny Day Real Estate. Aliás, o som do Football, etc nesse sampler “away game” lembra bastante um Sunny Day, com o som calminho as levadinhas de guitarra, e até o jeito da voz um pouco. Nossa, parando pra pensar também foi o Lucas que me mostrou Sunny Day, uma banda que ele também gosta muito. Emozão de Washington, sem medo. Só tristeza. O Diary, que é o primeiro cd deles, é daqueles do coração. Apesar do Rising Tide treme em momentos. Da pra passar a tarde bem na boa, só descansando um pouco. 
Diary, Sunny Day Real Estate, 1994
Assim como o diary, a football, etc. Também tem um Ep que gastei de ouvir aqui, chama First Down, Acho que foi relançado agora em fita. Mas enfim, quatro sons. Também emo sem medo. Tem umas partes pesadíssimas, mas não de distorção, só de como arrebata. Tirando esse Ep tem também dois splits (Empire! Empire!; Square Bussines), um single (Away Game 7’’) e um full (The Draft). Esqueci das pessoas da banda? Quase.
Quem toca na banda é a Lindsay Minton, que toca guitarra e canta. Mercy Harper, que toca guitarra barítona, e já tiveram outros dois bateras. Hoje em dia quem toca é Edward Reisner. Voltaram de uma tour no Reino Unido, parecem bem. O som eu acho sinistro.


A Lindsay e a Mercy antes de ter essa banda, tocavam juntas numa que chamava Tin Kitchen. Na mesma linha de emo, mas com algumas mais influencias pras guitarras, era uma banda que elas tocavam com mais duas amigas em Nova Jérsei. A banda durou pouco, mais ou menos um ano e acabou em 2008. Lançaram um Ep sensacional que chama Grace, de 2007, e quem gravou foi o Kyle Fischer que tocava no Rainer Maria. O que é foda, porque já li bastante gente comparando as bandas, e de fato as escolhas pro som mais suave com umas partes carregadonas na voz e num instrumental mais intenso, lembram bastante desse trio de Wisconsin. Sem contar que a voz da Lindsay e a da Caithlin de Marrais (baixista do RM) se parecem em alguns momentos. Mas não de um jeito estranho, de um jeito que te deixa entrar no som confortavelmente, achando o seu cantinho para ficar ouvindo sem parar.
Look Now Look Again, Rainer Maria, 1999

Lembro que o primeiro som que ouvi da banda foi Artificial Light, mas já que tava falando do Diary antes, o Look Now Look Again (polyvinyl) é outro disco pra vida. A lista é certeira, de como começa bem tranqüila, até uns sons que arrepiam e não param de subir em você.  Nisso tudo pra dizer que o Tin Kitchen, mesmo com quase dois anos de vida fez umas belas canções. Aposto que fazia bons shows, uma pena nunca poder ter ido em um. Pra ler em inglês aqui tem uma resenha do Grace Ep que diz tudo.

Lindsay, depois que o Tin Kitchen acabou mas antes de montar o Football, começou outra banda, também de emo só de garotas. Essa banda levou o mesmo nome dela. Lindsay Minton, acho que não durou muito, tem um ep de sete musicas que chama Past is Prelude.  É bem bom, mais suave que as outras bandas é cheia de musicas bonitas. Ok, lindas! Acho que é tudo que consigo dizer agora, da pra sentar e desenhar sobre o seu dia feliz, acho que umas crianças iam gostar.

se jogaaaaa!! e bora pro emo!
Taím um tanto dessa banda. football, etc. Me faz bem. 

links!links!links!

/xoxo\
-mama

PS: tava ouvindo:
the sinking feeling - emo de glasgow
lindsay minton - past is prelude
elroy - spicy emo
little lungs - pop punk do brooklin
rainer maria - artificial light

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

resenha: Tim Kinsella e Guilherme Granado tocam na Casa do Mancha

Coluna do Mama

Hey Carla, tudo bem com você? Ja era pra eu ter digitado isso ha um tempo. Mas como as coisas são, demorei e aqui estou. Espero que faça mais alguns depois.


Enfim, São Paulo, vim para um show na Casa do Mancha. A casa do mancha é um pico de shows aqui, mas não só isso. Um lugar não tão pequeno, mas que da pra caber bastante gente apertadinhas. Tem o espaço de dentro vazio onde acontecem os shows, sempre com uma ou duas bandas no maximo. É segunda feira. Vai ter show de Guilherme Granado (Hurtmold/Againe), e o ultimo show de Tim Kinsella aqui no Brasil, nessa segunda vinda dele.

Tim era o vocalista do Cap'n Jazz, que começou quando tinha uns 15 anos, e tocou/toca em varios projetos que eu acho bem bons. Naquela ideia do começo do emo/indie em Chicago que depois se condensaram na Jade Tree Records, ele é um dos primeiros caras a fazer isso, junto com seus companheiros de bandas e amigos proximos, como por exemplo o Friction do Bob Nanna (Braid, Hey Mercedes). Mas diferente do emo da linha mais hardcore que vem do Embrace, One Last Wish e outras bandas de Washington da Dischord.

O Cap'n Jazz, e as bandas seguintes vinham com o som mais pensando pro Indie, pra complexidade no som. Não que o som precise ser complexo enquanto cheio de notas, mas de brincar mais com ele, na ritmica, nas letras não serem diretas a um pensamento. Onde você pode divagar mais mesmo, e sentir as músicas te levarem ao mesmo tempo que te ajudam a perceber sua vida, aonde você está, como você esta, com quem você está...
mapa de palco do Joan of Arc
Na sexta, dia 10, teve o show do Joan of Arc (JoA) com abertura do Againe e foi bem insano. JoA ao vivo é de outro mundo. Hipnotiza. O jeito de tocar deles, os sons, a sintonia ali. Tinha muita história ali naquele palco, no sentido das bandas e shows que aqueles caras já tocaram. Tim, Victor, Sam, Bob, Theo.

Um dos maiores exemplos disso pra mim, e acho que você vai gostar de saber também, é no disco da antologia do Cap'n Jazz, logo no começo tem um flyer de um show deles com Heavens to Betsy + Excuse 17. Imagina que louco quem foi nisso ai. Mas é uma coisa que já aconteceu. Hoje é segunda 13, e espero dois shows bons por aqui.

O Tim provavelmente não tocará nenhum som do Cap'n Jazz como já tinha avisado no outro show de sábado. Mas acho que não precisa, estou aqui pra ver o som dele. Que não decepcionou nenhuma vez. Aliás, pelo contrário, renovou a cada vez. Acho melhor esperar o som para concluir o resto.

video do show do ano passado, no sesc belenzinho.

Da apresentação do Granado já esta tudo montado esperando, que nem o outro show que vi dele. Mas mesmo assim, não quero me prender a uma expectativa.

------------------------

Agora já de volta consigo pensar um pouco mais. Começando do primeiro, Granado. Dessa vez o show foi direto emendando os sons sem parar. O que eu achei bem catártico. Não deixando morrer o momento e suavizando nas transições. Eu podia ficar falando de varias coisas aqui, com varios adjetivos, mas acho que nem deveria. Pra mim, esse set dele cai como uma passagem num barquinho.

Eu até fiz um desenho de como foi o show, haha. Achei mais facil. Não me lembro de nenhum pensamento concreto que tive no show, mas acho que nem caberia. Talvez algo de como eu sou injusto comigo e com outrxs e não devia deixar o coração ter as rédeas dessa justiça, que não é nada de julgamento de valor. Mas aquilo que te ajuda a estar concentradx. E como os oques te desviam dessa ideia. De um foco.


Ok. Agora o Tim. Pensando mais nesse show. O de sábado foi bom também, mas nesse deu pra notar que ele estava mais solto, mais confortável na medida do possível, parecia menos preocupados com pensamentos. Enfim, o cara sentou em sua cadeirinha, pegou o intrumento e começou a esmerilhar a guitarra com tudo! Com tudo que tinha naquele momento.

Esse é Tim Kinsella hoje e naquele dia. Isso é quem ele é, como ele é. Indo de som em som mudando suas afinações constantemente e emendando como quem, mesmo incerto, sabe lidar com a situação a sua maneira. Afinal, estava posta. Ele em sua cadeira, nós sentadxs no chão ou de pé. Rodeando, respirando. Ali não importava uma noção musical, ou o quanto de conhecimento se tinha dos sons ou não. O que acontecia eram todxs aguardando ansiosamente o próximo, quando do silêncio. E provavelmente com um sorriso no rosto. Mas não que significa-se a felicidade como o unico sentimento a passar por ti. Mas nunca como algo ruim. Só como algo que acontece e passa mesmo.



Talvez ano que vem tenha mais. Lembrando que quem trouxe e organizou esses shows foi a Submarine Records. Talvez tenha o projeto do Victor Villareal solo também! Ele era guitarrista do Cap'n Jazz também e toca no Joan of Arc, Owls. Sem contar mais algumas bandas. Eu consegui falar com ele antes dele voltar pros Eua, ficou bem animado com o Brasil e com as pessoas que estavam bem entusiasmadas com o som. Vamos ver 2013, espero que passem pelo rio se voltarem mesmo. Esse é um video dele depois durante a tourne na Europa esse ano.
                           



-mama


Ps: enquanto escrevia tava ouvindo...
vítima, trio punk de meninas de são paulo
morra tentando, skate punk de maceió
bikini kill, pussy whipped' inteiro
the bangs, ao vivo em 99